Comum entre europeus e americanos, o hábito de usar lenços para limpeza do corpo ainda engatinha no Brasil, mas tem potencial para se espalhar, acredita a Viveo, uma das maiores empresas de produtos para saúde no país. Foi com essa expectativa que a companhia decidiu apostar alto: em junho, começou a rodar uma nova fábrica em Blumenau dedicada exclusivamente à produção de toalhinhas cheirosas e umedecidas que abastecem hospitais e o varejo de supermercados e farmácias.
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Da planta, fruto de um investimento de R$ 60 milhões, saem por mês cerca de 600 milhões de tiras de lenços, acomodados em embalagens com até 120 unidades. Isso representa 60% de toda a produção brasileira e a maior fábrica deste item na América Latina, diz Leandro Xavier, diretor industrial da Viveo. O parque fabril fica no mesmo terreno de uma outra unidade produtiva, de esparadrapos e curativos da marca Cremer, comprada pela companhia em 2017.
De olho neste nicho, a Viveo adicionou lenços umedecidos ao portfólio em 2021, quando adquiriu as fabricantes Daviso, de São Paulo, e a também blumenauense FW. As operações somaram, na época, R$ 300 milhões. Da FW, o grupo herdou as marcas FeelClean e Piquitucho, que em cinco anos saltou da oitava para a vice-liderança nacional na categoria, conta Xavier. A planta recém-inaugurada, onde trabalham 250 funcionários em três turnos, centralizou a produção dos lenços antes espalhada nas unidades das empresas compradas. Blumenau foi a escolhida porque, na cidade, a Viveo já concentra a maior parte de suas operações industriais no Estado.
Veja a fábrica por dentro
A linha é ampla, com produtos para uso íntimo, hospitalar, com ação de repelente e até voltados a animais de estimação. Mas o principal mercado é, disparado, o infantil. Segundo Xavier, 90% da produção da fábrica contempla lenços para bebês. Com capacidade instalada suficiente para atender a demanda das marcas próprias, a Viveo também atua com private label, ou seja, como uma terceirizada, fabricando lenços com marcas de redes de farmácias, por exemplo. Cerca de 40% da produção vem desse modelo, segundo o diretor industrial.
Xavier cita ao menos duas barreiras para aumentar a popularidade dos lenços umedecidos. A primeira é que ele ainda é visto pelo consumidor em geral como um produto “classe A”, de alto poder aquisitivo. Esse obstáculo, considera o diretor, já vem sendo vencido, com algumas linhas com preços mais acessíveis. O segundo, mais desafiador, é o próprio hábito do brasileiro, acostumado a “limpar tudo com pano e água”.
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— O brasileiro está acostumado a ter uma certa abundância de água. Para diversas atividades, você poderia ser, talvez, mais econômico no uso de água e usar um lenço umedecido. Mas é um mercado que ainda tem pelo menos uns 10 anos de crescimento acima da média em relação a outros produtos do nosso portfólio — aposta.
Se a demanda se confirmar, a Viveo estará preparada. Na fábrica de Blumenau, há uma sala já reservada para expansão, com potencial para aumentar a produção entre 20% e 25%.
Aliás
No mesmo parque fabril onde está a fábrica de lenços, a Viveo produz, em outro prédio, 50% dos esparadrapos médicos feitos no Brasil. A capacidade mensal chega a 2,5 milhões de metros quadrados de fitas adesivas. Uma parte do que é feito ali também tem uso industrial, abastecendo grandes companhias dos setores automobilístico, calçados e de eletrodomésticos, entre outros.
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