A CPI do Esgoto tende a extrapolar os limites de Blumenau com a convocação, confirmada nesta semana, de João Paulo Kleinübing para prestar esclarecimentos sobre o contrato de concessão do serviço. Nenhum outro nome já chamado pela comissão até agora tem tanto peso e alcance político. Kleinübing foi duas vezes prefeito da cidade, deputado estadual, deputado federal, secretário de Estado e candidato a vice-governador, chegando ao segundo turno em 2018. Além disso, é aliado de Jorginho Mello (PL), que o indicou ao BRDE – onde atualmente é diretor.

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Dado o currículo, a presença de Kleinübing estadualiza a investigação parlamentar pela relação política do ex-prefeito, inclusive com grupos ligados ao governador. Também joga luz a um assunto que, embora sem tanto apelo popular e com baixo fervor nas redes sociais, está no centro do debate de muitas cidades catarinenses: a necessidade de universalização do esgotamento sanitário até 2033, conforme estabelecido pelo Marco do Saneamento. Em muitos municípios a concessão do serviço, tida como alternativa para o cumprimento das metas, está iniciando somente agora.

A presença de Kleinübing na CPI é especialmente aguardada porque foi ele quem, em 2010, assinou o contrato de concessão com a então Foz do Brasil – que depois virou Odebrecht, e mais tarde BRK Ambiental. Depoimentos já colhidos pela comissão de inquérito revelaram que o vínculo nasceu deficitário, com uma cobertura real de esgoto em Blumenau menor do que a prevista em edital. As razões para isso ainda não são muito claras.

Quem já foi ouvido pela CPI do Esgoto

Kleinübing é um político experiente e, como tal, se habituou ao longo da carreira a enfrentar críticas e interrogatórios. A esta altura, o ex-prefeito já está preparando a defesa e colocando a esquiva em dia. Como a assinatura ocorreu 15 anos atrás, não há memória que preserve a minuciosidade de detalhes. A CPI vai precisar recorrer também a documentos e ofícios, internos e públicos, para entender por que o município não entregou o prometido à concessionária. Se é que eles ainda existem.

Ainda não há data para que Kleinübing seja ouvido, mas ele deve estar na Câmara a partir do dia 9 de setembro.

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Aliás

Uma testemunha importante do processo também não poderá colaborar nesse resgate da origem da concessão. Presidente do Samae na época em que o contrato foi assinado, em 2010, Luiz Ayr Ferreira da Silva faleceu em 2021, vítima de um câncer.

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