A Labellamafia, empresa catarinense que ganhou projeção mundial ao apostar em moda fitness e chegou a faturar mais de R$ 100 milhões entre 2021 e 2022, entrou em recuperação judicial. O pedido foi deferido no dia 2 de junho pelo juiz Luiz Henrique Bonatelli, da Vara Regional de Recuperações Judiciais, Falências e Concordatas de Florianópolis. O magistrado deu prazo de 60 dias para que a companhia apresente um plano mostrando como pretende pagar as dívidas.
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O processo será conduzido pela Innovare, empresa especializada em administração de recuperações judiciais e falências e que foi nomeada para a função pelo juiz. Segundo informações dos autos do processo, a Labellamafia acumula pendências de R$ 49,4 milhões, a maior parte delas com credores quirografários – normalmente instituições financeiras e fornecedores. O primeiro quadro de credores, publicado na semana passada, não revela dívidas trabalhistas.
A Labellamafia nasceu em 2007 em Florianópolis. De início, tinha foco no streetwear, mas pouco tempo depois enxergou na moda fitness, com peças de roupa para a prática de esportes, um filão. O negócio ganhou corpo com a captação de clientes via redes sociais, com vendas inclusive para mais de 40 países. Além de vestuário, a marca também aposta em calçados e acessórios.
A coluna teve acesso à petição em que a empresa justifica o pedido de recuperação judicial. No documento, advogados da Labellamafia citam aumento de custos com a profissionalização de um negócio pequeno e familiar, além de mencionarem valores contraídos para a construção de uma fábrica própria, em 2016. O crescimento das despesas culminou com a busca de capital de terceiros, principalmente bancos.
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O endividamento foi agravado em 2020 por causa da pandemia de Covid-19, quando a produção precisou ser suspensa e o varejo sofreu com queda nas vendas. A Labellamafia alega que muitos de seus clientes não superaram a crise sanitária e que acumulou uma inadimplência de cerca de R$ 20 milhões, cujos valores estão em fase de cobrança.
“Ou seja, mesmo o faturamento crescendo de forma significativa, o referido inadimplemento, sem precedentes, solapou sua geração de caixa”, menciona o documento.
A Labellamafia tem 180 funcionários diretos e outros 140 indiretos, entre prestadores de serviços de acabamento dos produtos fabricados e consultores comerciais, de marketing, planejamento logístico e gestão de TI. Até o momento desta publicação, a coluna não conseguiu contato com a empresa para comentar o assunto.
Aliás
Em 2019, a blumenauense Pacífico Sul, hoje Texpa, anunciou que estava assumindo a gestão da marca Labellamafia. O acordo firmado à época tinha uma opção de compra de 100% do negócio, que mais tarde acabou não sendo exercida.
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Após um processo de duo diligence, quando são analisadas as informações financeiras de uma determinada empresa, a Texpa recuou e desistiu da aquisição, num sinal de que as coisas já não andavam bem dentro da Labellamafia.
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