Entidades empresariais de Blumenau classificam como duras, mas necessárias as novas medidas restritivas anunciadas pela prefeitura para tentar conter o avanço do novo coronavírus na cidade. A avaliação quase consensual é de que o agravamento da situação, refletida nos altos índices de ocupação de leitos de UTI, exige respostas do poder público. Como não há lockdown, a sensação geral é de certo alívio, mas sem se descuidar.

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Um dos poucos focos de divergência está no segmento gastronômico. Pelo novo decreto, bares, lanchonetes, food parks, padarias, confeitarias e similares devem encerrar as atividades duas horas mais cedo – das 22h, passou para as 20h. Restaurantes e pizzarias, que podiam funcionar até às 23h, agora precisam fechar às 22h.

O empresário Jonathan Benkendorff, que se prepara para assumir a Associação Blumenau Gastronômico, que reúne cerca de 200 estabelecimentos da cidade, diz que as restrições de horários dividem opiniões no grupo, principalmente entre aqueles que operam no período noturno.

— O pessoal da noite é quem mais reclamou, porque (a restrição) dá a entender que é só à noite que existe o problema – conta.

Benkendorff defende que restaurantes são locais mais seguros para promover encontros e confraternizações porque há distanciamento entre as mesas, disponibilização de álcool gel, exigência do uso de máscaras e limite de público. Dentro das casas, acrescenta, esse controle muitas vezes não existe. Ainda assim, o empresário diz compreender as medidas pela dificuldade de fiscalização do poder público.

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Entidades ligadas ao comércio varejista também manifestam estar de acordo com as restrições, inclusive com a suspensão do transporte coletivo por duas semanas. Para o presidente do Sindilojas, Emílio Schramm, a decisão foi correta do ponto de vista da saúde pública. O presidente da CDL Blumenau, Hélio Roncaglio, diz que não tem dúvidas sobre as medidas e que o esforço precisa ser concentrado para que os funcionários se preservem quando não estão trabalhando:

— É uma batalha diária. Nós precisamos de todos vivos, colaboradores e consumidores.

O presidente da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), Avelino Lombardi, reforça o discurso de conscientização da população e considera que, diante da piora do cenário, a prefeitura precisou tomar atitudes para tentar conter a circulação de pessoas. Mesma linha segue o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e do Material Elétrico (Simmmeb), Dieter Claus Pfuetzenreiter:

— Todo o rigor deve ser aplicado neste momento. Infelizmente a tolerância não é uma medida oportuna agora.

Transporte coletivo

Embora concordem com a suspensão do transporte coletivo, por entenderem que o serviço pode ser um vetor de contaminação, empresários já manifestam certa preocupação com possíveis consequências financeiras da medida. 

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Além de reduzir a circulação de pessoas, com potencial impacto principalmente nas vendas do comércio, a ausência dos ônibus aumenta custos com deslocamentos de funcionários. Muitos trabalhadores que dependem dos coletivos para chegar ao trabalho terão de recorrer a táxis e aplicativos de viagens.

Até a última semana, o percentual médio de ocupação dos ônibus estava em torno de 20% do habitual, segundo a prefeitura. Nova suspensão do serviço ampliará o rombo da Blumob, que já pediu que o município compense os prejuízos provocados pela paralisação. Esta análise está sendo feita por um grupo de trabalho instaurado pela Agência Intermunicipal de Regulação do Médio Vale do Itajaí (Agir).

A coluna procurou a Blumob, mas a empresa disse que ainda não se manifestaria sobre as novas medidas.

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