O ex-presidente do Samae de Blumenau, André Espezim, foi repetitivo na estratégia de defesa ao depor para a CPI do Esgoto, em reunião na manhã desta terça-feira (29). Interrogado por pouco mais de uma hora e meia pelos vereadores, o antigo titular da autarquia reiterou diversas vezes que o quinto aditivo ao contrato de concessão firmado com a BRK para a prestação do serviço não foi assinado durante a sua gestão – embora a revisão que culminou no adendo contratual tenha iniciado no governo passado:

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— Não assinamos qualquer aditivo e nem deixamos obrigações para as administrações posteriores.

Espezim disse que, durante a sua gestão, foi contratada uma perícia para avaliar se o déficit alegado pela concessionária tinha fundamento, com base no que já havia sido entregue de cobertura. Esse levantamento inicial foi feito por amostragem reduzida, o que levantou questionamentos da empresa. Uma nova auditoria, desta vez ponto a ponto, acabou sendo solicitada, mas ela não tinha ficado pronta até a transição de governo – Espezim deixou o cargo no fim de 2024.

O argumento central do ex-dirigente da autarquia ao longo de toda a sabatina foi de que, sem a conclusão dessa perícia, o Samae não teria como apurar o que seria de fato devido à BRK – em que pese as discussões paralelas, iniciadas na gestão passada, para a implantação de 40% da cobertura de esgoto pelo sistema de fossa e filtro, alternativa aberta pelo Marco do Saneamento em 2020 e que exige menor investimento.

— Não teria como avançar (no aditivo) porque não tinha diagnóstico do valor a ser pago — avaliou.

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Espezim revelou ainda que, ao final de 2024, o Samae teria deixado R$ 105 milhões em caixa, valor que poderia ser usado para abater o valor do déficit apurado na perícia – o que teria impacto no fluxo de caixa, possivelmente reduzindo o percentual de reajuste no serviço.

Ficou claro, no depoimento, que Espezim tentou transferir a responsabilidade do aditivo para os sucessores – o documento foi assinado em março já pelo novo presidente do Samae, Alexandre de Vargas. Fossem ambos de grupos políticos muito distintos, isso seria normal. Mas todos estão, de uma certa forma, abrigados sob o guarda-chuva do PL, que tem o antigo (Mário Hildebrandt) e o atual prefeito (Egidio Ferrari) de Blumenau. O tema tem provocado rusgas internas.

A CPI continuará na próxima semana, com a convocação de algum representante da BRK.

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