Uma reportagem publicada pela Forbes, mais importante revista de negócios e economia do mundo, destaca como a escassez de alguns recursos e oportunidades “limitadas” fizeram Santa Catarina desenvolver um bem-sucedido polo de tecnologia, referência no Brasil. Hoje o Estado tem pouco mais de 22 mil empresas na área, com faturamento combinado de cerca US$ 4,5 bilhões – o que representa 6% do Produto Interno Bruto (PIB).

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Os números colocam Santa Catarina como o sexto maior centro tecnológico do Brasil, enaltece a Forbes. Mas a intenção é elevar essa posição no cenário de inovação do país, acrescenta a reportagem, a partir de fatores que diferenciam o Estado dos demais. Uma das estratégias para acelerar essa indústria foi a criação de uma secretaria de Ciência e Tecnologia, liderada por Marcelo Fett, um veterano do setor.

Medidas como concessão de crédito a empresários, incentivos financeiros e expansão de empréstimos estudantis estão no radar do governo do Estado para ampliar a contribuição do setor de tecnologia na economia catarinense até 2026. Novos detalhes serão revelados ainda neste ano. À Forbes, o governador Jorginho Mello disse que Santa Catarina tem muitas vantagens e que “precisa de modernização para ir ainda mais longe”.

Contexto histórico

A vocação catarinense para a tecnologia surgiu de contextos naturais e históricos, segundo lideranças do setor ouvidas pela Forbes.

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“Dados os seus desafios, como a falta de reservas significativas de petróleo ou minerais e a ausência de vastas terras agrícolas, juntamente com as adversidades naturais como secas, inundações e furacões, Santa Catarina teve de se orientar para uma base econômica alternativa para garantir o crescimento”, disse Fett à revista.

O presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), Iomani Engelmann, também atribui o apelo tecnológico local à trajetória cultural de Santa Catarina, cuja população em boa parte carrega heranças de europeus. Segundo ele, imigrantes, ao assumirem riscos nas suas vidas pessoais, contribuíram para o espírito empreendedor local.

“Somos um Estado formado por imigrantes, que dependiam da assistência mútua para sobreviver. Isto promove naturalmente o empreendedorismo e o associativismo, produzindo resultados tangíveis”, observou.

Sócio da empresa de fusões e aquisições Questum, de Florianópolis, Rafael Assunção considera que Santa Catarina tem um número limitado de empregos corporativos quando comparado, principalmente, com São Paulo e Rio de Janeiro. Além disso, os talentos formados em universidades não necessariamente são absorvidos pelas grandes corporações.

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Diante deste cenário, empreender muitas vezes é o caminho mais viável, avalia Assunção, que comparou o Estado a Israel:

“Ambos os locais, embora de natureza distinta, são marcados pela escassez de recursos, obrigando os indivíduos a pensar fora da caixa”, destacou o investidor à Forbes.

Startups

A Forbes destaca ainda como startups que atuam no modelo B2B – empresas desenvolvendo soluções para outras empresas, e não para o consumidor final – tendem a ser mais eficientes em termos de capital e centradas no cliente. Há uma proliferação de negócios no Estado que atuam nesta linha e que acabam atraindo investidores e parceiros estratégicos, observou Assunção.

Neste contexto, a Forbes destaca Florianópolis, que com meio milhão de habitantes se tornou a cidade com maior densidade de startups per capita do Brasil. A capital catarinense, incrementa a revista, virou berço de empreendimentos de sucesso que acabaram se tornando cases de alguns dos maiores negócios de fusões e aquisições no país na área. Entre os exemplos estão a RD Station, comprada pela Totvs, e a Neoway, adquirida pela B3.

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No geral, o desafio do Estado agora é estimular talentos para atender as demandas do ecossistema, resume a Forbes. Segundo a Acate, Santa Catarina tinha 76,7 mil profissionais de tecnologia em 2022 e criou mais de 16,7 mil empregos nos últimos dois anos. Com a procura aumentando, mais de 10 mil vagas ainda estão abertas. Outra meta é avançar na globalização, segundo Engelmann.

“Estamos bem posicionados e é hora de agitar a nossa bandeira internacionalmente, mostrando que a expansão global é parte integrante da jornada dos empreendedores locais”, destacou.

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