Continuando um pouco a nossa conversa da semana passada, que também envolve o enredo dos games, fiquei pensando sobre as formas como os jogos contam a história ao jogador. Tem aqueles que mostram cinemáticas de vários minutos. Tem também aqueles games em que o quanto você sabe da história depende de o jogador caçar informações ou missões secundárias. E até aqueles em que a narrativa é pouca e você precisa buscar em outro jogo ou mídia se quiser sabe mais.
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Refleti sobre isso enquanto terminava mais um título da saga Mass Effect, o 2. Já falei muito sobre o quanto estou adorando esta série, então não vou me estender mais ainda nesse assunto. Mas a forma como esses jogos, e outros no mesmo estilo, contam as próprias histórias eu acho legal demais, e supereficiente.

Em Mass Effect, o grosso da história, à primeira vista, nem é surpreendente. Como já disse, o mais interessante para mim é aprender sobre os alienígenas, esses personagens que atuam na galáxia do universo do game. Mesmo o jogo tendo cinemáticas mostrando o principal do enredo, se você quiser saber mais, vai ter que explorar.
Vamos a um exemplo. Se você quiser saber mais sobre as asari, aquelas mulheres azuis, não tem uma cinemática no jogo para explicar o que elas são. Você precisa fuçar. No primeiro game, você pode perguntar mais para a personagem Liara, que é uma delas, ou ler o códex que tem no menu. No Mass Effect 2, porém, aprendi muito sobre elas em uma cidade em que elas são a maioria dos habitantes.
Lá, além de ouvir os comentários preconceituosos que inspiraram o texto da semana passada, também dá para compreender mais o estilo de vida delas conversando com uma bartender asari ou simplesmente ouvindo três caras de espécies diferentes que observam uma delas dançar em uma despedida de solteiro. Se você ficar cinco minutos ali, só ouvindo (ou lendo nas legendas), aprende mais sobre o estilo de vida delas e o que elas representam na galáxia.
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As missões secundárias, que são muitas, também fazem você ficar sabendo mais sobre um alienígena ou outro. E isso acho legal demais: fuça quem quer. Quem quiser só jogar e se divertir sem compromisso, quem só quer chegar ao final e derrotar o chefão, também pode. Não precisa virar aficionado do Mass Effect.
Esse estilo também é adotado por outro RPG ocidental de peso, o Skyrim. No jogo, você descobre muito sobre a história lendo livros que você encontra pelo game. Aliás, você se ligou que Skyrim é o nome de um país dentro do continente de Tamriel?
Acho muito legal que exista dentro do game uma série com oito livros chamada The Wolf Queen, que contam histórias locais. E que se você, como jogador, quiser ler todos, precisa encontrar todos os volumes.
Assim como em Mass Effect, uma ótima forma de aprender sobre as diferentes raças é também conversando com integrantes desses grupos e fazendo missões secundárias. Na cidade de Windhelm, eu vi que alguns personagens do jogo são racistas em relação aos elfos de pele cinza e olhos vermelhos. E uma das missões secundárias era justamente dar uma surra num cara que ficava na praça xingando os tais elfos. E levou uns sopapos, viu.
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Confesso que Skyrim não me empolgou tanto quando Mass Effect. Acabei não lendo muito os livros, não participando de todas as missões secundárias, como a de virar um lobisomem, e não visitando todas as cidades (parece que em Dawnstar tem um museu imperdível). Acho que tem muitos motivos para preferir um ao outro, mas uma coisa é certa: adoro demais essa forma de contar a história, instigando o jogador interessado a participar ele mesmo cada vez mais do enredo. E você, qual sua forma preferida de curtir a narrativa de um game?
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