Algo que me frustra, às vezes, é como há títulos que não tratam o jogador como adulto, mesmo que na caixa esteja escrito que o game é recomendado para maiores. Muitas vezes são jogos cheios de violência, mas continuam tratando quem joga como alguém sem maturidade para lidar com alguns assuntos.
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Eu pensei muito nisso quando joguei The Elder Scrolls: Skyrim. Achei que fui tratada como adulta. O jogo possui vários temas maduros, como política, racismo, intolerância religiosa e drogas. Vou dar um desconto para o tratamento tosquíssimo dado à parte de romance no game, mas os outros assuntos são cuidados com maturidade.
Para mim, é óbvio que há jogos para crianças e adolescentes, muitos para todas as idades e aqueles só destinados aos adultos. Descobri há um tempo que há mais restrições de censura nos videogames do que na Steam, por exemplo, e fiquei me perguntando por quê. Será que ainda persiste a ideia de que consoles são para crianças?
Eu acho que o videogame não deixa de ser um brinquedo, contudo não tem restrição de idade. Mas talvez os jogos pudessem ter.
Uma coisa que passa pela minha cabeça é aquela histeria bocó de pais e políticos do tipo “pensem nas crianças!!1!!1!!”. E que tal pensarmos todos nelas, em vez de terceirizar a responsabilidade para as empresas que fazem jogos?
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Acho um pouco bizarro como tem relatos de crianças jogando online sem qualquer supervisão. Eu me lembro de, na pandemia, estar com alguns amigos no Among Us. Estávamos jogando em um servidor estrangeiro, porque o brasileiro ou latino-americano estava com poucas pessoas. Depois de uma partida, ficamos conversando pelo chat com quem estava lá. E o jogador disse para nós que tinha 15 anos.
Fiquei surpresa. Ele ou ela estava conversando com gente com mais de 30. A sorte é que somos de boas, mas e se fosse alguém com más intenções?
A inspiração para este texto na verdade foi uma matéria jornalística que li sobre um grupo criminoso que recruta adolescentes através dos chats dos jogos online. No começo, eles tentam ser amigos, até depois virar uma panela de jogadores extremamente intolerantes, que saem por aí xingando as pessoas com palavras racistas, misóginas e homofóbicas. E depois escala para o fundo do poço mesmo.
Eu não jogo muito online e o que eu jogo geralmente não tem chat. Nunca tive muita paciência para Among Us mesmo. Entretanto, já vi muitos relatos de crianças em jogos online, em games para adultos mesmo, como Call of Duty e GTA. Será que isso é mesmo uma boa ideia?
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Você pode dizer que já leu aqui que a MiniJoana jogava Mortal Kombat. A defesa que eu tenho é que os gráficos do Mega Drive em nada se comparam com o fotorrealismo que você pode ver nos videogames atuais. E o fatality do Sub-Zero me assustava!
Esse lance de as crianças jogarem Call of Duty e GTA online me faz pensar que talvez fosse interessante uma medida mais rígida. Será que é legal elas comprarem esses jogos, por exemplo? Eu acho que a MiniJoana já saiu de uma loja com o Primal Rage para Mega Drive, depois de séculos de mesadas economizadas.
Caso você acha isso absurdo, pense que isso poderia ter boas consequências para os jogadores maiores. Quem sabe os jogos poderiam deixar de ser vistos como “para crianças” e começarem, ainda mais, a tratar o jogador como adulto.
De qualquer forma, o importante é que você que é responsável por uma criança gamer fique atento às interações dela online. Para que ela possa brincar sempre com gente que também quer brincar, sem nenhuma má intenção.
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