O Figueirense foi o primeiro time profissional de futebol que vi jogar, em 1948, contra o Paula Ramos. Era o Campeonato Citadino de Florianópolis. Claro que ainda criança não entendi muito o que aconteceu, mas o suficiente para gostar, e muito, do que faziam em campo os 22 jogadores. De lá para cá, acompanhei o futebol bem de perto, chegando até a ensaiar alguns tapas na bola.
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O Figueirense se agigantou e o Paula Ramos, depois de campeão estadual em 1959, parou com as atividades no futebol em 1963, virando um grande clube social e com atividade em outras modalidade esportivas. Virou um dos grandes clubes do Estado, rival do coirmão, o Avaí.
Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, estaduais depois dos citadinos, títulos… Enfim, uma nação apaixonada de torcedores. De repente, 100 anos. Chegamos a 2021, o ano da graça. Nova dúvida: E agora? Pra onde vai o Figueirense? Ninguém sabe. O futebol não acompanhou o crescimento do gigante alvinegro.
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Um século. O futebol assusta. Não há projeto futuro. Preocupações, humilhações, o futebol de 2021 foi um vexame. No estadual, o time quase caiu para a Segundona. Na Copa do Brasil, foi eliminado na primeira fase. Caiu da Série B para a Série C do Brasileiro. Conseguiu evitar a queda para A Será D, mas foi eliminado na primeira fase. Resto a Copa SC, quem diria.
Não estou procurando culpados, mas me pergunto o que fazem neste momento os notáveis alvinegros que ajudaram a construir a história do clube? Ou onde estarão aqueles que colocaram o clube nesta situação?
O momento requer diálogo, entre os que afundaram e os que pretendem tirar o futebol alvinegro do fundo do poço. Um olhar de otimismo com ações verdadeiras, inteligente, criteriosa e sobretudo respeitosa à história do clube. Começar a pensar em 2022. Um Figueirense forte é o que precisamos. Resgatar a credibilidade não só administrativa, mas o respeito ao futebol do clube.
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Mais uma tentativa
Criciúma já foi a capital catarinense do futebol. O campeonato da cidade, a Liga Atlética da Região Mineira (Larm), tinha os quatro times locais e mais equipes das cidades próximas. De todos, restou o Criciúma. A história do Tigre é conhecida e dela acompanhei boa parte, a partir dos anos 1960. Aqui, também houve uma queda brutal, fruto de gestões administrativas desastrosas. Há baluartes no meio do caminho que cansaram.
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O futebol caiu e testemunhamos o Tigre cair para a Segundona de SC e para a terceira divisão nacional. Aqui, o dinheiro nunca foi problema. Pouca visão do futebol de alguns levou o time a esta situação. O time segue vivo na busca pelo acesso à Série B do Brasileiro.
No Norte
O maior tombo dos nossos times talvez esteja em Joinville. Quem viveu a era Caxias e América sabe que a cidade sempre esteve na frente quando se tratava de futebol. Com a fusão técnica da dupla, em 1976, nasceu o JEC. Foram anos de títulos, projeção nacional, equipes que eram verdadeiras seleções, até a queda.
Waldomiro Schutzler foi o maior dirigente do clube. Cansou de levantar taças e deixou o futebol, quando começou a queda do clube. Chegou à Série D nacional depois de 12 títulos no Estado, quase um atrás do outro, e a conquista da Série B do Brasileiro.
Hoje vive uma luta incansável para voltar a crescer. Parece que os bons tempos estão voltando, mas ainda falta muito.
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No Oeste
Ascensão e queda da Chapecoense, o acidente aviatório, a morte de dirigentes notáveis, um time que jogava por música, dirigentes competentes, e uma campanha atual que não condiz com a história do Verdão do Oeste. O ano de 2021 deve ser analisado criteriosamente. Mais erros do que acertos: a perda do Estadual, a volta à Série A do Brasileiro que não se sustenta, um time de qualidade duvidosa e problemas financeiros.
O somatório de equívocos levou a Chape a uma campanha pífia na elite nacional. Alguém tem dúvida da queda para a Série B? Só milagre e isso no futebol é produto em falta.
Leão na briga
Dos chamados grandes, resta-nos o Avaí. Altos e baixos no Campeonato Brasileiro depois do título estadual. Tem time para voltar a Série A nacional. Está no prejuízo por conta de problemas financeiros, em especial salários atrasados. E ainda assim está na briga pelo acesso.
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Tem potencial para chegar. Acho até a eleição para a presidência em no fim do ano pode prejudicar a gestão do clube, com interferência no futebol. No momento, na Série B do Brasileiro juntamente com o Brusque, vejo o Avaí em condições de salvar o ano de Santa Catarina.
Para quem já teve quatro representantes na elite nacional, mesmo fora da nossa realidade, não pode ficar sem ninguém em 2022. Se assim for, está estabelecida uma queda brutal no futebol catarinense.
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Giro Total
Quem fica (1): A semana foi do Figueirense. Todas as análises giraram em torno do futuro do alvinegro. Penso que a primeira providência é montar a comissão técnica. A pergunta é clara e simples: O Técnico Jorginho deve continuar? Com todo respeito ao trabalho do profissional, não foi bom, acho que o Figueirense devia buscar uma alternativa.
Quem fica (2): E os jogadores? Quem do atual elenco serve para ajudar a recuperar o time? Vários nomes podem ser elencados, como João Paulo, Oberdan, Bassani, Guilherme Teixeira, por exemplo. Esta avaliação tem de ser feita com muito cuidado.
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Pandemia: Pensei que o público, tão saudoso do futebol presencial, invadiria as arquibancadas. Percebe-se que o medo da pandemia é maior que a vontade de voltar aos estádios.