Uma das coisas que mais gostei de ouvir foi a fala rápida do médico dizendo que eu já poderia andar sem a bota, 15 dias depois de quebrar o meu pé. Tem hora que tudo que a gente deseja é uma fala milagrosa para um problema chato. Lá estava eu, surda para minha própria pulguinha atrás da orelha.

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Venho refletindo sobre a imensa utilidade do medo. Sente medo aquele que amadureceu e aprendeu com a experiência. É o medo, o impulso do que planeja. 

Outro dia decidia a criar meu próprio chocolate “permitido” para o dia – 80% cacau ou sem açúcar – entrei em contato com a fábrica. Falei que gostaria de fazer o chocolate em formato de onça e descobri que para fazer o chocolate como quero devo, antes, escolher em que forminha vou fabricá-lo. Uma forma custa 450 reais e o chocolate não apresenta os acabamentos com tanta precisão, e a outra custa R$8 mil – e fica perfeito. A sugestão da fábrica, diante da experiência é que eu comece com a forma mais simples e evolua para a mais detalhada a partir do sucesso do chocolate.

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Antigamente eu acharia que começar com a forma de R$450 significaria minha desconfiança sobre o sucesso do produto, e hoje eu entendo que não se pode ostentar a forma de R$8 mil sem ter vivido a “ponta do lápis” desse negócio. 

É que a salvaguarda divina acaba quando se rompe a nossa ignorância. E alguns dos meus impulsos mais destemidos não vieram acompanhados dos pormenores, e pé que tira a bota antes, não acelera. 

Quantas vezes saltei o processo de aprender sobre as etapas de conquistar as coisas só porque encontrei um médico legalzão ou aceitei uma fala empolgante, mas irresponsável?!

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Nossa sorte nos acompanha até que o livre arbítrio nos seja consciente. 

Dito isso marquei outro ortopedista e de lá sai com uma ressonância e a demanda de retomar a muleta até ter certeza. Depois de testar pé pra lá e pé pra cá, apertar e mover todos os possíveis ossos do meu pé, disse que só com pé biônico é que em 15 dias eu poderia estar andando como se nada fosse. Preocupada em acelerar, não vejo a hora de andar devagar denovo.

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