Mãe, irmã, tia e madrinha. É assim que se define Fabiana de Freitas Silveira. A manezinha da Ilha, de 46 anos, faz questão de valorizar seus vínculos e tem o amor, a fé e a saúde como pilares da vida. É com essa força que ela transforma sua própria história — marcada por perdas, superações e pela conquista do conhecimento.
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Fabiana é uma das quatro painelistas do evento Antonietas: Potências Negras, que ocorre nesta sexta-feira (25), para celebrar o Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. O encontro será às 9h, no Auditório Antonieta de Barros, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), em Florianópolis, e terá uma programação de trocas e bate-papo com mediação da jornalista da NSC TV Carol Fernandes. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo link.
Conheça a trajetória de Fabiana
Natural de Florianópolis, Fabiana tem uma história intensa. Ela passou parte da infância em Lages, na Serra catarinense. No entanto, a saúde frágil da mãe fez com que a família retornasse à Capital, onde ela, os irmãos e a mãe foram acolhidos por tias. Desde pequena, viveu com a presença constante da doença em casa.
— Eu não lembro da minha mãe saudável. Ela era diarista e, por muito tempo, viveu mais no hospital do que em casa. Problemas no coração, no pulmão… Sempre acamada — recorda.
Foi quando, aos 14 anos, Fabiana perdeu a mãe. A dor profunda e o luto fizeram a vida mudar de rota. Ela conta, na época, que parou de estudar e não pensava em mais nada. Sentia-se uma criança sem perspectiva alguma.
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O contato com o pai era muito distante, já que ele seguia morando em Lages. Foi a irmã mais velha, Luciana de Freitas, que assumiu a liderança da família. Mãe jovem, universitária e avó precocemente, ela se tornou a grande referência na vida de Fabiana:
— Ela me formou na mulher que sou hoje.
Aos 17 anos, Fabiana se tornou mãe. Criou a filha sozinha e, por anos, se dedicou ao trabalho. Mas, aos 39 anos, um desejo antigo reacendeu: por que não voltar a estudar? Depois de quase duas décadas afastada da escola, decidiu prestar vestibular para Ciências Contábeis por meio do sistema de cotas. E passou.
— Quando vi meu nome na lista, eu não acreditei. Foi uma festa. Eu estava entrando na universidade com 39 anos! — relembra, emocionada.
A entrada no ambiente universitário trouxe alegrias, mas também muitas barreiras. Fabiana se sentia excluída dos grupos e não conseguia se inserir nos círculos. Pouco tempo depois, ainda durante a adaptação à vida universitária, um novo baque: o diagnóstico de câncer de mama. Aos 39 anos, precisou interromper os estudos e encarar o tratamento.
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— Pensei em desistir da universidade. Era muita coisa ao mesmo tempo. Fiz uma mastectomia total, foi uma cirurgia longa, difícil. Mas eu amo a vida. Amo minha família, quero viver. E pedi a Deus, a Oxalá… Quero ficar mais um pouco — relembra.
Fabiana enfrentou o tratamento, se recuperou e, depois, decidiu mudar de curso. Ingressou no Serviço Social, onde finalmente se sentiu acolhida, mas muito desafiada:
— Quando entrei, vi muitas pessoas pretas. Foi diferente. Mas também foi difícil, porque exige muita leitura. E a escola pública de antes não nos preparava para debater questões étnico-raciais ou direitos humanos.
A experiência universitária a transformou profundamente.
— Hoje eu sei que posso estar em qualquer lugar. Posso ser diarista, posso ser doutora. Posso ser tudo. Eu não preciso aceitar o lugar que a sociedade impõe — diz.
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Uma mulher em movimento
Agora, Fabiana pensa em novos passos. Quer voltar à universidade, cuidar da saúde e seguir estudando temas que a tocam profundamente, como o papel das mulheres negras na sociedade brasileira.
— O estudo me levou para outro lugar. Um lugar que eu já conhecia, mas que agora vejo com mais profundidade. Um lugar de mulheres. Um lugar de consciência — comenta.
E quando perguntam a Fabiana se ela se considera uma potência, a resposta é firme:
— Fabiana é uma potência!
Antonietas: Potências Negras
O movimento Antonietas, da NSC, celebra o Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha com um evento especial no dia 25 de julho. “Antonietas: Potências Negras” reunirá quatro mulheres inspiradoras, que dividirão experiências em uma manhã de trocas e bate-papo com mediação da jornalista da NSC Carol Fernandes. O evento será às 9h, no Auditório Antonieta de Barros, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc).
Além das conversas, será possível conferir apresentações artísticas do Coletivo Pegada Nagô. O evento é mais uma das ações que marcam um ano do movimento, que já reverberou mais de 400 conteúdos sobre a força da mulher catarinense nas plataformas da empresa.
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Estarão no local trazendo suas histórias de vida, Fabiana de Freitas Silveira (formada em Serviço Social pela UFSC), Sônia Carvalho (gerente da Educação de Jovens e Adultos de Florianópolis e vice-presidente da Associação de Mulheres Negras Antonieta de Barros), Luciane Pereira (escritora, líder quilombola e educadora) e Ana Paula Lemos (comunicadora Social e Sommelière de Vinhos).
Serviço
- O que: Antonietas – Potências Negras
- Quando: 25/07 (sexta-feira), das 9h às 11h
- Onde: Auditório Antonieta de Barros, Assembleia Legislativa de Santa Catarina, Florianópolis
- Inscrições: por meio do Sympla
Antonietas
Antonietas é um movimento da NSC que tem como objetivo dar visibilidade a força da mulher catarinense, independente da área de atuação, por meio de conteúdos multiplataforma, em todos os veículos do grupo. Saiba mais acessando o link.

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