A humanidade não está apenas olhando para as estrelas: está planejando uma mudança. A nova era da exploração espacial, liderada por agências governamentais e impulsionada por gigantes privados, levanta uma questão crítica: quem tem o direito de explorar e usufruir dos vastos recursos da Lua, asteroides e, eventualmente, de planetas como Marte?

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O cenário atual é de intensa atividade, com missões governamentais ambiciosas e empresas privadas revolucionárias. A mineração espacial não é mais apenas roteiro de filmes de ficção científica. É um plano de negócios que envolve a extração de gelo de água para combustível de foguetes e metais e minerais preciosos.

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Alguns tratados e acordos internacionais de décadas passadas tentam regulamentar a exploração espacial, mas deixam brechas sobre quem, de fato, pode se aproveitar dos recursos encontrados fora do nosso planeta.

Tratados e acordos internacionais

A regulamentação da exploração espacial se baseia principalmente em documentos forjados na Guerra Fria:

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  • Tratado do Espaço Sideral de 1967 (OST – Outer Space Treaty): É a espinha dorsal do direito espacial internacional. Ele estabelece que o espaço sideral, incluindo a Lua e outros corpos celestes, não está sujeito à apropriação nacional por reivindicação de soberania, por meio de uso ou ocupação, ou por qualquer outro meio. É o que impede um país de simplesmente cravar uma bandeira e declarar a Lua como sua. No entanto, o tratado é vago quanto à exploração e uso comercial por entidades privadas.
  • Acordo da Lua de 1979 (Moon Agreement): Este tratado é mais explícito, afirmando que a Lua e seus recursos são “patrimônio comum da humanidade” e prevê a criação de um regime internacional para governar a exploração. No entanto, ele foi ratificado por poucas nações espaciais relevantes (como EUA, Rússia e China), o que diminui drasticamente sua força na prática.

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Artemis e SpaceX e a mineração da Lua e de Marte

Este vácuo na legislação está sendo preenchido pela iniciativa de potências espaciais e empresas privadas. O programa Artemis (NASA) visa levar humanos de volta à Lua para estabelecer uma presença sustentável. Para isso, a agência desenvolveu os Acordos Artemis, uma série de pactos bilaterais que estabelecem princípios de cooperação para uma exploração civil e pacífica.

Um ponto crucial desses acordos é a intenção de usar os recursos espaciais de forma sustentável, o que é visto por muitos como um passo para regulamentar a mineração.

Paralelamente, companhias como a SpaceX, do bilionário americano Elon Musk, com seu foco na colonização de Marte, dependem da capacidade de usar recursos naturais do planeta, como o gelo de água, para produzir propelente e sustentar colônias. A forte atuação do setor privado está pressionando por marcos regulatórios que protejam seus investimentos e o direito de lucrar com os bens extraídos do cosmos.

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Os benefícios dos recursos espaciais para a vida na Terra

A exploração e o uso dos recursos espaciais prometem ir além de simplesmente sustentar colônias, oferecendo benefícios significativos para a humanidade no nosso próprio planeta. Asteroides e o regolito lunar são fontes ricas em elementos de terras raras e metais do grupo da platina, minerais essenciais para a eletrônica moderna, como smartphones, baterias e tecnologias limpas.

A mineração espacial pode aliviar a pressão ambiental e a escassez da extração desses minerais na Terra. Além disso, a longo prazo, o desenvolvimento de técnicas de extração e o processamento no espaço impulsionará inovações em áreas críticas como robótica, ciência de materiais e energia sustentável, as quais terão aplicações diretas e benéficas no nosso planeta e vão ter um impacto positivo na sociedade.

A possibilidade de extrair minérios como o Hélio-3 na Lua, um isótopo raro na Terra, é vista por cientistas como um potencial combustível para futuras reações de fusão nuclear, o que representaria uma fonte de energia limpa e virtualmente ilimitada.

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