A partir desta terça-feira (2), começa o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) do núcleo 1 da trama golpista, também chamado de núcleo crucial. Além do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o grupo inclui outros sete réus. Eles são considerados os principais integrantes da suposta organização criminosa denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

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De acordo com a denúncia da PGR, Bolsonaro seria o “principal articulador, maior beneficiário e autor” das ações que teriam como intuito romper com o Estado Democrático de Direito, para continuar no poder mesmo depois da derrota para Lula (PT) em 2022.

Conheça os réus do núcleo 1 da trama golpista

Alexandre Ramagem

Ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem foi delegado da Polícia Federal (PF) e chegou a ser nomeado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) para chefiá-la. Contudo, uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, impediu que ele assumisse o cargo.

Ramagem comandou a equipe de segurança de Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018, depois da facada. Desde então, se tornou amigo próximo da família Bolsonaro, tendo sido fotografado em momentos de lazer ao lado de filhos do ex-presidente. Ele foi eleito deputado federal pelo RJ em 2022.

Almir Garnier

O almirante Almir Garnier comandou a Marinha na segunda metade do governo de Bolsonaro, sendo nomeado em abril de 2021 e servindo até o fim do mandato do ex-presidente. Ele foi assessor especial militar de quatro ministros da Defesa do governo de Dilma (PT) entre 2014 e 2016. Ao ser substituído no início do terceiro mandato de Lula (PT), faltou à posse do sucessor.

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Garnier foi citado por Mauro Cid durante na sua delação premiada, na qual afirmou que o almirante seria simpático a um golpe de Estado e teria dito a Bolsonaro “que sua tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente”. 

Anderson Torres

Anderson Torres é ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Delegado da Polícia Federal, ele administrou a parte técnica e logística da Diretoria de Combate ao Crime Organizado da PF, de 2008 a 2011. Foi secretário de Segurança Pública do DF de 2019 a 2021 e ministro da Justiça e Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro (PL), de 2021 a 2022.

No ano seguinte, voltou ao governo do DF para o cargo de secretário de Segurança, porém foi exonerado já em janeiro depois dos ataques de 8 de janeiro. A prisão dele foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes e ocorreu no dia 14 de janeiro de 2023 após ele desembarcar dos Estados Unidos. Torres foi solto quatro meses depois e é monitorado por tornozeleira eletrônica desde então.

Augusto Heleno

Augusto Heleno foi o primeiro comandante da Força de Paz das Nações Unidas no Haiti, entre 2004 e 2005, e foi comandante militar da Amazônia entre 2007 e 2009. Ele conheceu Bolsonaro no final da década de 1970, quando era instrutor da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), no Rio de Janeiro.

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Inicialmente, Heleno foi convidado para ser vice na chapa de Bolsonaro. O convite foi aceito, mas o PRP, partido ao qual estava filiado à época, vetou a coligação. Depois, ele se desfiliou do partido. Durante o mandato de Bolsonaro, foi ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e conselheiro do ex-presidente.

Paulo Sérgio Nogueira

O general Paulo Sérgio Nogueira era o quarto oficial mais antigo no Exército quando foi nomeado para o comando do Exército em abril de 2021. Ele ocupou o cargo até a saída de Walter Braga Netto do ministério da Defesa, momento em que foi chamado para assumir o ministério. Paulo Sérgio permaneceu no cargo até o final do governo Bolsonaro.

Ele já foi o comandante militar do Norte, braço do Exército no Amapá, Maranhão, Pará e parte do Tocantins. Ainda, antes de estar à frente do Exército, liderou o Departamento-Geral de Pessoal, responsável pelos recursos humanos e também pela saúde do contingente. No comando do ministério, deu declarações contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e em relação a condução da Comissão de Transparência no período eleitoral.

Walter Braga Netto

Walter Braga Netto ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras em 1975. Ele comandou a intervenção federal na segurança pública no Rio de Janeiro durante o governo Michel Temer (MDB). Depois disso, chegou à chefia do Estado-Maior do Exército, segundo posto na hierarquia interna da Força.

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Braga Netto é considerado um general quatro estrelas, no topo da carreira militar. Durante o governo Bolsonaro, foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil do Brasil, de 2020 a 2021, e ministro da Defesa, de 2021 a 2022. Ele se candidatou como vice na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022.

Mauro Cid

Doutor em Ciências Militares pelo Instituto Meira Mattos da Escola de Comando e Estado-Maior e mestre em Operações Militares, pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército Brasileiro, o tenente-coronel Mauro Cid foi de ajudante de ordens de Bolsonaro a delator da ação penal da trama golpista.

Ainda na transição de governo, ele foi designado como ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Depois, em 2019, assumiu a chefia da Ajudância de Ordem da Presidência por indicação do Comando do Exército. No dia 3 de maio de 2023, Cid foi preso em uma operação da Polícia Federal que investigava a fraude de cartões de vacinação da Covid-19.

Em setembro do mesmo ano, ele deixou a cela especial no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília depois de fechar o acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF), que foi homologado pela Justiça.

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*Com informações de g1, CNN Brasil, O Globo e Folha de S. Paulo

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