O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante e ordens de Jair Bolsonaro, e o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, da Casa Civil e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022, ficarão frente a frente nesta terça-feira (23). A acareação faz parte de dois processos em que os dois são investigados por tentativa de golpe e ruptura democrática. As informações são do portal g1.
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As acareações estão previstas para esta terça-feira (24), às 10h, na sede do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Acareação é um procedimento que põe frente a frente pessoas que deram depoimentos contraditórios ao longo de um processo judicial. A intenção é que o encontro possa esclarecer as diferenças de versões apresentadas sobre os fatos. Na ocasião, são feitas perguntas aos envolvidos. As audiências não são transmitidas. Participam apenas o ministro do STF, Alexandre de Moraes, advogados e os réus.
Veja os réus de ação sobre golpe no STF
A terça-feira também terá uma segunda acareação entre personagens do processo sobre a tentativa de golpe por parte do grupo bolsonarista após as eleições de 2022. Trata-se da audiência que colocará frente a frente o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, réu no processo do golpe, e o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército e testemunha no processo.
Por que o processo terá acareações?
As acareações foram marcadas atendendo a pedidos de advogados de Anderson Torres e Braga Netto.
Os procedimentos ocorrem na fase de diligências adicionais, que sucede a etapa de interrogatório dos réus, concluída em 10 de junho, após depoimentos de Jair Bolsonaro e outros investigados do “núcleo crucial” da tentativa de golpe, segundo o STF.
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Quais as divergências entre os réus?
Uma das divergências entre os depoimentos de Mauro Cid e de Braga Netto e que devem ser exploradas na acareação é a reunião que teria ocorrido em novembro de 2022, na casa de Braga Netto, para discutir o plano “Punhal Verde e Amarelo”. Segundo os investigadores, esse plano envolveria o assassinato do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes.
Em depoimento, Cid afirmou que os participantes da reunião teriam manifestado insatisfação com o resultado das eleições e que teriam pedido a saída do tenente-coronel do local para que ele e outros militares definissem “medidas operacionais”. Braga Netto, por sua vez, negou essa versão e afirmou em depoimento que os militares teriam ido até o local apenas para conhecê-lo.
Outro ponto de divergência entre os dois ex-aliados e Bolsonaro é uma suposta entrega de dinheiro que teria sido feita por Braga Netto a Mauro Cid em uma caixa de vinho. Cid afirma que esse montante teria sido repassado a um major para custear atos antidemocráticos feitos após a eleição, mas Braga Netto também nega essa entrega de dinheiro.
O que diz a investigação?
As acareações fazem parte do processo que analisa a atuação do suposto “núcleo crucial” da tentativa de golpe após as eleições de 2022. Segundo a investigação, os oito réus teriam atuado para tramar um golpe e manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder, mesmo tendo perdido as eleições presidenciais daquele ano. A denúncia foi apresentada em fevereiro e aceita em março pelo STF. A ação agora caminha para a fase de procedimentos finais, após os interrogatórios e acareações entre réus.
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Quais os próximos passos da ação?
Após as acareações, o processo segue para a fase de alegações finais, quando a acusação e defesa dos réus apresentam as últimas manifestações, defendendo a condenação ou absolvição. Depois disso, deve ser marcada a data de julgamento.
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