
Parabéns, Itajaí!
No aniversário de 162 anos da cidade, conheça Heder Moritz, dono de uma carreira de sucesso no setor portuário
Do apartamento no 13º andar, Heder Cassiano Moritz observa atentamente a manobra de um navio no porto de Itajaí. Desde que se aposentou, em janeiro, as idas à janela estão mais frequentes. A distração que dura longos minutos não é aleatória, já que Heder dedicou quase 43 anos da vida dele ao porto. Uma ligação que nem o merecido descanso é capaz de romper.
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Mesmo brusquense, a conexão do ex-funcionário público com Itajaí começa já no nascimento. Heder completou 63 anos no mesmo dia do aniversário da cidade, em 15 de junho.
Foi o tio dele quem o aconselhou a fazer o concurso da Portobras, antiga administradora do porto, pertencente ao governo federal. Aos 20 anos, ele estava em lua de mel com a esposa em Balneário Camboriú quando fez uma visita rápida ao parente, que morava em Itajaí. Fez a inscrição e a prova sem muita pretensão e ficou entre os primeiros colocados. Começou em agosto de 1979 como controlador de cargas.
Foi amor à primeira vista.
Dono de uma memória invejável, lembra com riqueza de detalhes aquele primeiro dia. Conheceu cada canto do porto e foi recepcionado, junto com os novos colegas, em um auditório que hoje já nem existe. Nos tempos livres, fazia questão de explorar outros locais do ambiente de trabalho. Queria aprender o máximo que pudesse.
Dedicado, fez boas trocas com os colegas mais velhos, cursos e especializações. Não à toa, construiu uma carreira de sucesso e de rápida ascensão. Ainda nos anos de 1980 assumiu cargos de chefia. Passou por diretorias, foi administrador do porto e desde 2020 atou como Diretor Geral de Operações Logísticas.
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Viu de perto e contribuiu para mudanças importantes do porto. Acompanhou o processo de municipalização, a diversificação das operações quando o mercado pediu e a migração para os contêineres. Tendo como essência a movimentação de carga geral, o porto foi crescendo ano a ano. Heder lembra do tamanho dos navios na época em que começou a trabalhar: 177 metros. Atualmente há estruturas de 350 metros.
Outros terminais foram surgindo, originando o complexo portuário, que engloba também Navegantes. Um dos episódios mais tristes que passou no porto, recorda, foram as enchentes de 1983 e 2008. A força das águas do Itajaí-Açu destruiu parte do cais.
O trauma foi tanto que desde o primeiro estrago Heder acompanha a previsão do tempo rotineiramente, mais de uma vez por dia. Virou o “meteorologista” da família e da equipe, com quem tem contato por grupos no WhatsApp até hoje. O medo era tanto das chuvas que só pegava férias em meses mais secos, para estar disponível em outros momentos se o pior acontecesse.
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— Não existe Itajaí sem o porto e o porto sem Itajaí. Não dá para saber qual o mais importante, são vinculados — diz Heder.
O historiador Edison d’Ávila tem a mesma opinião e acrescenta: “Foi o porto que originou a cidade”. Uma relação tão íntima e rara ao analisar outros municípios. Em Itajaí, se o porto para a cidade também para.
— Itajaí tem o segundo maior PIB do Estado, o município entendeu a importância do porto — explica o pesquisador.
A movimentação de contêineres coloca o Complexo Portuário de Itajaí na segunda posição do ranking nacional, atrás apenas do porto de Santos.
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A atividade portuária trouxe pessoas de outras regiões do país e até do mundo a Itajaí. Foi assim com Heder, que deixou Brusque para começar uma nova fase um pouco mais longe de casa. No começo sentiu saudades da terra natal, mas não durou muito. A paixão pela profissão e pela nova cidade falou mais alto.
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Dentro do lar, recebeu todo o apoio da companheira Lilian Moritz, que segurou as pontas com os dois filhos sempre que o marido precisou se ausentar por conta do ofício. O casal se formou junto na faculdade; ela em Pedagogia e ele em Administração e Letras. Agora, olhando para trás, o clichê do “passa um filme pela cabeça” é real para o já vovô Heder.
— Tenho muita gratidão a Deus e às pessoas que me ajudaram. Fico feliz com a sensação de ter contribuído com a cidade, participado um pouco dessa história que é tão bonita.
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Apesar do tom nostálgico, Heder não quer se desligar do porto tão cedo. Entre uma viagem e outra de lazer com os amigos, os encontros com a família e as atividades na igreja luterana, há o tempo dos estudos. Acompanha as notícias relacionadas ao setor e permanece atento às novidades. Tem a intenção de ser consultor para continuar na missão de contribuir com o desenvolvimento do porto.
Enquanto observa as manobras dos navios da janela do apartamento, não é o mar que ele vê. São as lembranças do passado e as expectativas para o futuro.
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