As primeiras horas de COP30 em Belém foram de descobertas. No Parque da Cidade, onde estão concentradas as áreas verde e azul — esta última restrita a autoridades e pessoas credenciadas — o que mais se ouve são pedidos por informação. A frase “onde fica” seguida do nome do local certamente está no ranking das mais ditas na manhã desta segunda-feira (10) dentro do espaço.

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A área criada para ser sede da 30ª Conferência das Partes é enorme. Sobre os 500 mil metros quadrados foram construídos estruturas e pavilhões. No interior deles, o vento gerado pelos climatizadores se assemelha ao que descabela os desprevenidos nas proximidades do Rio Guamá, que banha Belém. Do lado de fora da COP, porém, mesmo com a brisa vez ou outra, o calor de mais de 30°C castiga quem não está acostumado.

Na abafada, úmida e quente Belém, a população se mostra empolgada com o evento global. Fernando Oliveira, motorista de aplicativo, conta que até a sensação de segurança é outra. Com soldados do Exército e Polícia Militar em áreas estratégicas do município, o objetivo é mostrar para o mundo que o Brasil tem capacidade de sediar um evento desse porte.

— A gente não entende muito bem, sabe que é um evento que tem relação com o clima, mas está sendo muito bom, deu uma movimentada a mais na cidade. Até a decoração de Natal está caprichada — diz o simpático condutor.

A maior dificuldade, revela Fernando, está sendo a comunicação. Nem todo paraense sabe falar um segundo idioma, mas com o jeitinho brasileiro tudo se resolve. São mais de 160 delegações participando da COP, o que significa diferentes línguas, culturas e etnias compondo as discussões climáticas. Por ser um evento organizado pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, o debate dos diplomatas ocorre em inglês, assim como diversas palestras e apresentações.

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Confira fotos dos primeiros momentos da COP30

Algumas das atividades terão a participação de catarinenses. Cientistas, empresários, representantes de entidades e políticos fazem parte de uma comitiva que terá uma extensa agenda no Pará. Durante a abertura oficial da COP, na manhã desta segunda, a deputada federal Ana Paula Lima (PT) falou da importância do evento para as cidades catarinenses:

— Os acordos que serão firmados vão ter reflexos no nosso Estado. Passamos por estiagem, enchentes… Por isso é importante trazer para cá esses episódios que ocorrem em Santa Catarina — avalia a parlamentar.

A COP30 segue até o dia 21. Neste primeiro dia, os temas em destaque são a adaptação e tecnologia. Bancos multilaterais de desenvolvimento e parceiros lançam novas ferramentas e modelos de financiamento para transformar planos de adaptação em projetos escaláveis e viáveis.

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Um pacote bilionário de inovação agrícola é anunciado para apoiar agricultores de regiões vulneráveis em seus processos de adaptação à mudança do clima. Líderes do governo, do setor privado e digital lançam o Green Digital Action Hub, uma plataforma global para acelerar a transformação digital de forma inclusiva e sustentável. Outras iniciativas incluem o AI Climate Institute, tecnologias de descarbonização digital e avanços na transparência de dados sobre emissões do setor de TIC, ajudando os países a usarem a tecnologia para alcançar as metas climáticas.

Bianca Bertoli é a repórter enviada especial da NSC a Belém (PA) para cobertura da COP30