Certa vez alguém me perguntou: “Como é que você identifica o bom jogador?”. Pelo andar, pela forma como entra em campo para treinar e pelo toque de bola. Componentes nem sempre percebidos pelo torcedor que, às vezes, exige apenas que o jogador faça apenas o gol, o resto não interessa. Engano. Por trás disso há uma série de detalhes até a bola entrar.
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Roberto Firmino, cuja história no Figueirense é lembrada até hoje, é esse tipo de jogador que chamamos de operário com qualidade. Decisivo no acabamento do produto final, determinante nas grandes conquistas e fatal quando a bola pinta na frente dele, perto da área. Chama-se a isso: craque.
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Depois de ajudar o Liverpool a sair da fila na Inglaterra, há algumas semanas, desejei conversar um pouco com ele. Mandei-lhe uma mensagem e prontamente ele respondeu. Bobby Firmino, como a apaixonada torcida do Liverpool carinhosamente chama-o, não é de falar muito.
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O camisa 9 do novo campeão inglês continua com aquela simplicidade, priorizando a carreira, agradecendo ao Figueirense – que o projetou para o mundo – e a Márcio Goiano – que o lançou no Alvinegro do Estreito –e está de olho no futebol brasileiro, pois planeja jogar a Copa do Mundo do Catar, em 2022.
Confira mais detalhes na entrevista a seguir:
Bobby, como é a vida em Liverpool?
Olha, eu e minha família estamos 100% adaptados à cidade. Afinal, já são cinco anos aqui e estamos muito felizes. Liverpool é um lugar fantástico. Fomos acolhidos muito bem. Temos prazer de morar aqui.
Vida social?
Sim. Sempre que posso saio com a família, esposa e filhas para um passeio e ir a restaurantes.
Já foi a The Cavern Club, a chamada Casa dos Beatles?
Por incrível que pareça ainda não. Aliás, não vi nada que se refere aos Beatles. Na verdade, não sou muito de ficar turistando. Minha esposa já foi. Amigos e parentes, quando vêm aqui, também vão. Eu ainda não conheci.
Vamos falar de futebol. Ainda se fala muito da final do Mundial. Que o Flamengo jogou de igual e que no segundo tempo jogou muito mais que o Liverpool. De repente, Bobby vai lá e decide. Fale um pouco dessa decisão.
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Foi um dos momentos mais marcantes da minha vida e da minha carreira. O jogador, principalmente o brasileiro, sempre tem como sonho a Seleção Brasileira e também poder jogar o Mundial de Clubes. Chegar com o Liverpool e ainda fazer o gol do título, foi muito especial. E era uma taça que o clube não tinha.
E sobre o jogo?
O Flamengo teve uma boa atuação. Realmente, a equipe é muito boa e nos deu trabalho. Tivemos mais chances para resolver ainda no tempo normal, mas, graças a Deus, deu tudo certo pra nós na prorrogação.
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Você já está na quinta temporada no Liverpool. Mesmo identificado com o clube e cidade não passa pela sua cabeça um Barcelona ou Real Madrid?
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Não paro para pensar nisso. Eu e minha família estamos muito felizes aqui em Liverpool. Deixo as coisas acontecem naturalmente. Eu não imaginava, por exemplo, que viria tão cedo para a Europa. Aconteceu. E pelo trabalho que fiz na Alemanha cheguei à Inglaterra.
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E se pintar a possibilidade?
Temos que estar prontos e preparados para as mudanças na nossa vida. O que posso te dizer é que sou uma pessoa realizada. O futuro a Deus pertence e deixo nas mãos dele.
Bobby, qual o peso e a influência que tem o Jürgen Klopp (técnico do Liverpool) no seu crescimento técnico?
Nós nos conhecemos ainda no futebol alemão, mas como adversários. Chegamos ao Liverpool no mesmo ano, em 2015, com alguns meses de diferença. Posso dizer que devo muito do meu futebol a ele. Além de um profissional acima da média, um dos melhores treinadores da atualidade, é uma pessoa sensacional. É um prazer trabalhar e aprender diariamente com ele. Eu me sinto um jogador mais completo, consigo cumprir diferentes funções em campo.
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Como é jogar ao lado do Salah?
Jogar ao lado de quem sabe fica mais fácil, né? O Salah é um jogador muito acima da média, inteligente demais e habilidoso. Sabe encontrar os espaços em campo. O Mané tem essas facilidades, além de ser muito rápido. Na verdade, o elenco do Liverpool é que merece todos os elogios. Somos uma família, o que faz a diferença.
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E o craque do futebol inglês no momento, quem é? Não vale escolher o Bobby Firmino hein…
Não faz isso comigo. Deixo para os especialistas. É muita gente boa!
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E a sua relação com Santa Catarina? Você acompanha o Figueirense, onde jogou, mantém contato com os amigos, como é?
Posso dizer que depois de Maceió, Florianópolis é o meu lugar preferido no Brasil. Santa Catarina me acolheu para o futebol, ainda aos 16 anos. Saí muito novo de Alagoas, onde comecei a jogar para continuar a lutar pelo meu sonho. Florianópolis é ainda mais especial por ser a cidade da minha esposa, onde nos conhecemos.
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E o Figueirense?
No Figueirense aprendi demais, me profissionalizei e tive a oportunidade de aparecer para o futebol europeu. Só tenho boas recordações. Sempre que posso, dou aquela olhada na internet para ver como está o Figueira. O carinho é eterno, sou muito grato. Ainda tenho amigos por lá.
E a Seleção Brasileira?
É uma realização, né. Sempre que visto aquela camisa é como se fosse a primeira vez. Não há sensação melhor no futebol do que representar o seu país e o seu estado, no meu caso Alagoas. Tenho orgulho de onde em vim e procuro retribuir da melhor maneira. Está na próxima Copa é um dos meus objetivos. Mas preciso ser merecedor. Não temos vaga cativa. É fruto de um trabalho diário que fazemos no nosso clube.
Continuamos te acompanhando e torcendo muito por ti.
Muito obrigado. Abraços a todos.