Os acidentes com cobras venenosas são considerados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma doença tropical que não recebe a atenção merecida. Afinal, cerca de 28 mil pessoas no Brasil acabam procurando atendimento médico após sofrer com um episódio como este, todo ano.
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Contudo, um grande número de pessoas que também acaba sofrendo com picadas de cobras não busca atendimento, seja pela distância do local ou por não conhecer os riscos da situação.
Com a chegada do verão, as diversas espécies de serpentes têm filhotes, implicando no aumento destes animais na natureza. As cobras peçonhentas carregam veneno desde o primeiro dia, piorando os riscos para acidentes.
Para que você saiba o que fazer caso encontre cobras venenosas, no artigo a seguir, vamos explicar um pouco mais sobre como identificar as espécies peçonhentas, o que fazer ao ser picado e quais os tipos mais comuns em Santa Catarina. Fique ligado!
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O que são cobras venenosas
As cobras venenosas são aquelas que representam um grande risco de acidentes pela sua picada, com venenos que podem causar os mais diversos sintomas, ou até mesmo levar o indivíduo à morte, caso não exista tratamento específico adequado.
Para que isso seja evitado, é importante que o tratamento para picadas de cobras venenosas seja rápido, e realizado por profissionais qualificados.
Como identificar cobras venenosas
Para conseguir diferenciar cobras venenosas daquelas que não apresentam riscos, uma característica utilizada antigamente ainda é muito útil na identificação destes animais. As espécies peçonhentas costumam apresentar cabeça triangular, formato da pupila e escamas no alto da cabeça.
No entanto, essas características não são totalmente decisivas, sendo necessário observar a presença de um orifício entre o olho e a narina do animal, existente em todas as cobras venenosas das Américas, com exceção das corais verdadeiras.
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O que fazer ao ser picado por uma cobra
Em caso de acidentes com cobras, é fundamental que a pessoa mantenha a calma. Ao ser picado, o indivíduo deve lavar bem o local da ferida com água e sabão, deixar o ferimento elevado, manter repouso e ingerir bastante líquido para se manter hidratado.
Além disso, deverá buscar o quanto antes o atendimento médico em um hospital de referência para atendimento por acidentes ofídicos. Devemos sempre lembrar que, o tempo é crucial para garantir o êxito do tratamento.
Não é preciso se arriscar tentando capturar o animal que causou a ferida, afinal, o médico treinado poderá prescrever o soro antiofídico (responsável por anular os efeitos do veneno) pelos sintomas apresentados.
Não corte nem perfure o local da picada da cobra. Além disso, não amarre o local nem realize garrotes ou torniquetes. Muitas vezes estas medidas podem agravar a situação.
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Quais são as cobras mais comuns em SC
Conheça a seguir, as espécies de cobras venenosas mais comuns em SC. Com estas informações, você poderá se certificar de não ter contado com nenhuma delas, sempre que possível.
Jararaca (Bothrops jararaca)
A jararaca é a cobra pertencente ao grupo que mais causa acidentes no Brasil. Vivendo em matas próximas a áreas urbanas, é responsável por 74% dos acidentes com cobras venenosas em Santa Catarina.
Apesar de se alimentar de ratos, a Jararaca dorme sob folhas e secas, tornando a ocorrência de acidentes maior, pelo descuido ao caminhar na mata.
Os principais sintomas de envenenamento após a picada de uma jararaca aparecem por volta de 3 horas. Entre eles, a vítima costuma ter dor persistente, inchaço no local, calor na pele, bolhas, gangrena e até mesmo insuficiência renal.
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Jararacuçu (Bothrops jararacussu)
A jararacuçu é a maior espécie presente no estado, e pode atingir até 2 metros de comprimento. Na língua tupi-guarani, seu nome remete a “jarara” como bote de cobra, e “uçu” como largo, para lembrar que a espécie pode atacar sua presa mesmo de longe.
Considerada uma das cobras venenosas mais perigosas, a jararacuçu pode injetar grande quantidade de veneno em uma única picada. Geralmente são encontradas em regiões litorâneas e no extremo oeste catarinense.
Jararaca de barriga preta (Bothrops cotiara)
A jararaca de barriga preta também é conhecida como cotiara. Essa espécie é encontrada nas florestas com araucárias de Santa Catarina. Seu nome se dá por sua coloração que, apesar de castanha esverdeada, apresenta um trapézio preto na região da barriga.
Urutu / Cruzeira (Bothrops Alternatus)
A urutu é encontrada em áreas abertas do estado. O apelido de cruzeira se dá pela presença de desenhos com linhas que se cruzam no topo de sua cabeça, semelhante a uma cruz. A composição de seu veneno é uma complexa mistura que pode afetar órgãos, causando necrose, edemas e outros sintomas.
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Jararaca pintada (Bothrops neuwiedi, B. pubescens e B. diporus)
Essas 3 espécies são chamadas popularmente de jararacas pintadas no estado de Santa Catarina. Com coloração que varia entre marrom claro e escuro, com manchas e pontos brancos próximo ao ventre, essa espécie também se alimenta de roedores.
Cascavel (Crotalus durissus)
Presente com certa frequência na região serrana e oeste de SC, a cascavel é uma das cobras venenosas que habita áreas abertas, como cerrados e campos. Sua característica marcante é o chocalho na ponta da cauda que tem a forma de guizos.
Quando adultas, podem atingir cerca de 1,6 metros, e, por produzir um som característico pelos guizos, o número de acidentes com essa espécie é menor, visto que sua presença é alertada pelo som.
Após a picada de uma cascavel, a pessoa pode apresentar sinais e sintomas como dificuldades para abrir os olhos, visão turva ou dupla, dores musculares, urina de coloração avermelhada que pode evoluir para marrom e insuficiência renal.
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Corais verdadeiras
Com coloração notável, as corais verdadeiras são formadas por tons de vermelho, branco, amarelo e preto. Sua alimentação é diferenciada, visto que se alimentam de outras serpentes e lagartos. O veneno dessa espécie tem ação neurotóxica, que afeta o sistema nervoso da vítima e causa paralisia respiratória. Além disso, outros sintomas que podem ser observados, são:
Dificuldades para abrir os olhos e mantê-los abertos;
Dificuldades para engolir;
Falta de ar;
Visão dupla ou turva;
Insuficiência renal.
As cobras corais verdadeiras pertencem à família Elapidae e, no Brasil, são conhecidas 33 de suas espécies. Contudo, em Santa Catarina os tipos mais comuns são 3: Micrurus altirostris, M. corallinus e M. decoratus.
Coral (Micrurus altirostris)
A coral altirostris é encontrada em todo o estado catarinense, frequentemente vista em mesorregiões Oeste, Norte e Serrana. Com cores vermelha, preta e branca, possui 3 anéis pretos e 2 brancos entre outros 2 anéis vermelhos.
Coral (Micrurus corallinus)
Já a Micrurus corallinus é comumente encontrada em mesorregiões do Vale do Itajaí e Florianópolis. Além de insuficiência respiratória, seu veneno pode causar dificuldades ao abrir os olhos, visão turva e problemas para engolir.
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Coral (Micrurus decoratus)
Mais comum na Mata Atlântica, essa espécie de corais verdadeiras está envolvida em apenas 0,85% dos acidentes com humanos e Santa Catarina, sendo registrado somente um na cidade de Joinville.
Cobra cipó (Philodryas olfersii)
A cobra cipó é outra das espécies de cobras venenosas encontrada em mesorregiões Serrana e Oeste de Santa Catarina. Alimentando-se de roedores e pequenos lagartos, a cobra cipó pode causar acidentes ao ser manuseada, com efeitos semelhantes aos causados pela picada de uma jararaca.
Como se prevenir de cobras venenosas
Ainda que seja muito importante conhecer as cobras venenosas, para evitar acidentes com estes animais é preciso adotar também certos cuidados básicos no dia a dia. Entre eles, podemos citar exemplos como:
Usar sapatos ou botas de cano alto, assim como perneiras, quando estiver realizando trilhas ou caminhando em campos;
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Evitar o uso de chinelos ou caminhar descalço em áreas de mato ou grama;
Observar o terreno ao seu redor antes de se abaixar ou sentar;
Nunca colocar a mão em buracos, embaixo de pedras ou dentro de troncos;
Não se agachar ou sentar em troncos caídos, arbustos, pilhas de madeiras, materiais de construção, ou outros sem antes conferir o local;
Observe o local antes de entrar em rios, lagos ou cachoeiras;
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Verifique sapatos, botas, camas ou outros utensílios que possam ser possíveis esconderijos para as cobras venenosas;
Mantenha limpas as áreas próximas de sua casa, retirando troncos, entulhos e outros materiais que possam atrair cobras e ratos, seu principal alimentos;
Nunca pegue uma cobra nas mãos, mesmo que ela esteja morta. Afinal, as glândulas responsáveis por expelir o veneno permanecem ativas por algum tempo.
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Agora que você conheceu melhor as espécies de cobras venenosas mais comuns em Santa Catarina, siga os cuidados acima e evite acidentes que possam resultar em graves problemas para sua saúde. Além disso, proteja a fauna de sua região, dessa forma, é possível equilibrar a existência destes animais, assim como de suas presas e predadores.
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