Uma verdadeira força-tarefa foi criada durante o resgate dos cinco tripulantes de uma embarcação pesqueira que naufragou no Litoral de Santa Catarina. Ao menos oito pessoas estavam no barco quando ele desapareceu na noite de sexta-feira (16). Na tarde de domingo (18), a Marinha resgatou o sexto tripulante desaparecido e seguia as buscas pelas duas vítimas que seguem desaparecidas.
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Segundo o vice-almirante Silvio Luís dos Santos, comandante do 5º Distrito Naval, durante a noite, o Serviço de Busca e Salvamento da Marinha (Salvamar) recebeu informações de que uma embarcação teria naufragado na costa catarinense, mas sem uma localização fixa, conhecida como “sinal fraco”. Por conta disso, a equipe teve como base a última informação disponível no sistema de rastreamento de embarcações pesqueiras, que dizia que o barco estava a 40 km da Ilha do Coral, na região de Garopaba.
— Essa informação, no entanto, estava efetivamente atrasada. Ela tinha cerca de 18 horas de atraso, então foi a partir daí que iniciou as primeiras ações de busca e salvamento — explica.
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Os dados guiaram as primeiras buscas pela embarcação. Para auxiliar no trabalho, foi acionado o navio patrulha bivalente, do Rio Grande do Sul, que se deslocou durante a madrugada de sábado (17) até o possível local onde estaria a embarcação. O comandante explica que entrou em contato com o proprietário da embarcação, que informou qual era a área de pesca da tripulação.
— Ela estava 85 milhas náuticas da costa catarinense. Uma milha significa mais ou menos 2 km, então era algo em torno de 160 a 170 km do litoral — diz.
Com isso, equipes da Força Aérea Brasileira (FAB) de Curitiba, no Paraná, foram acionadas para sobrevoar a área onde possivelmente estaria a embarcação durante a tarde de sábado (17). O voo, segundo o comandante, durou cerca de duas horas e não encontrou vestígios do barco.
Boia auxiliou na localização
Porém, de acordo com o vice-almirante Silvio Luís dos Santos, o resgate seguia a procura dos náufragos quando avistou uma boia de pesca que poderia pertencer a embarcação. A boia estava próxima a zona onde a pesca estava programada, segundo o proprietário.
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— Então a nossa área de incerteza começou a ser transladada para essa posição. Existia na área uma barcaça de pesquisa e o seu navio de apoio, onde começamos a orientá-los a fazer buscas, além de um barco pesqueiro que também estava na região — pontua.
A balsa com cinco dos oito tripulantes só foi encontrada por volta das 22h pela embarcação Thor Frigg. De acordo com o comandante, ela estava próxima da área onde eles estrariam pescando.
— Os tripulantes estavam em boa condição de saúde, foram alimentados e autorizamos o navio a regressar para terra para deixá-los — finaliza.
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Os cinco chegaram em terra firme no fim da manhã deste domingo (18) em Itajaí, no Litoral Norte, por volta das 10h. São eles: Domingos Pereira do Rosário, Zoel Teixeira Barros, Djalma dos Santos Silva, Mário Gomes Soares e Luiz Carlos Messias da Silva.
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Um dos cinco, Domingos Pereira do Rosário, abraçou a irmã logo após desembarcar no cais da Capitania dos Portos. Em seguida, conversou por chamada de vídeo com familiares e não escondeu a emoção.
— Deus está com a gente. Não podemos abandonar nossa lida de fé e perseverança na igreja — afirmou.
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Buscas seguem neste domingo
Agora, as buscas se concentram nos tripulantes que ainda não foram localizados. Para isso, uma aeronave, vinda do Rio de Janeiro, ajuda na procura por meio de sobrevoo na área onde, supostamente, estariam as demais vítimas. Ela chegou a sobrevoar por quatro horas durante a madrugada, mas não foram encontrados vestígios.
— Então existem [tripulantes] que efetivamente estão desaparecidos e nós não vamos cessar as buscas quando enquanto não tivermos informações fidedignas. Nós temos esperanças de encontrar eles vivos — diz o o vice-almirante Silvio Luís dos Santos.
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Ele pontua que, além da balsa, a embarcação também contava com bote e colete salva-vidas, por isso a possibilidade de encontrar os demais tripulantes com vida.
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Além das buscas, a Marinha irá instaurar um inquérito para investigar as causas do naufrágio. A previsão é de que ele seja finalizado em até 90 dias.
Entenda o caso
O barco “BP Safadi Seif” naufragou na noite de sexta-feira (16). A Capitania dos Portos em Santa Catarina iniciou buscas aéreas no primeiro local indicado do desaparecimento, a cerca de 40 quilômetros da costa de Garopaba, no Litoral Sul. Inicialmente a informação era de que 12 pessoas estavam a bordo. Em nota divulgada neste sábado (17) foi confirmado que se tratavam de oito tripulantes.
De acordo com o Corpo de Bombeiros (CBMSC), antes do naufrágio a embarcação havia passado duas informações: uma automática — do Programa Nacional de Rastreamento de Embarcações Pesqueiras por Satélite (PREPS), e outra dizendo para onde eles pretendiam se deslocar para pescar. Como a distância entre esses dois pontos era grande — de cerca de 129 quilômetros — as equipes ampliaram a área de buscas.
Depois disso, uma atualização das equipes de resgate informou que a última localização confirmada da embarcação havia sido a uma distância de aproximadamente 160 quilômetros da costa. Em seguida, a Força Aérea Brasileira e o serviço de busca e salvamento da Marinha (Salvamar) também foram acionados para fazer buscas na região.
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