O dia 27 de setembro é marcado por ser o Dia Nacional da Doação de Órgãos. Para celebrar a data, conheça as histórias de quem perdeu alguém que ama e decidiu salvar quem nunca viu com a doação de órgãos, a generosidade dos que doam e com a gratidão dos que recebem um órgão. Uma delas é a fisioterapeuta Isabeli Lourenço, que há cinco anos convive com um novo coração.

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Ela tatuou no braço o dia em que recebeu a ligação para fazer a cirurgia: 14 de março de 2018. No dia seguinte, um novo coração batia no peito dela.

– Lembro de ficar na UTI puxando o ar infinitamente e eu respirava. Eu falei nossa , como é bom respirar! Como é bom estar viva! – diz a jovem.

Isso faz cinco anos. Hoje, aos 33, ela leva uma vida intensa. Gosta de surfar, andar de skate e faz crossfit. Também dá aulas de treinamento funcional no estúdio dela em Jaraguá do Sul.

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– Este coração me permitiu renascer dentro de uma mesma vida – diz a mulher de sorriso largo, que faz questão de agradecer:

– Eu busco honrar o órgão que recebi, que trouxe uma segunda chance de vida. A vida, hoje, é maravilhosa! – celebra.

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O empresário Thiago Régis, 43 anos, estava num supermercado em Florianópolis quando o celular tocou.
– Só quem está na fila esperando por um órgão sabe o sofrimento que é. Eu já estava no meu limite – conta Thiago.

A ligação era para informar que havia um rim compatível, mas que ele precisava estar em poucas horas em Blumenau para fazer o transplante. Thiago pegou o carro e encontrou a BR-101 engarrafada. Ligou para a SC Transplantes, que passou o telefone do motorista da ambulância que levava o rim para o hospital. Quis o destino que ambulância e o carro dele estivessem próximos um do outro na rodovia. Aí, a sirene foi acionada e a correria começou.

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– Estava muito rápido e tinha muito trânsito e eu só pensava assim: “Não, eu não posso bater o carro nesse momento. Chegamos, eu e o meu rim, prontos pra fazer a cirurgia – relembra.

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Thiago concedeu entrevista à reportagem 15 dias depois de sair do hospital. Ele era triatleta até o rim começar a falhar. Renovado pela generosidade alheia, ele tem planos de voltar.

– Primeiro quero honrar a família desse doador que me deu a oportunidade de uma nova vida e não vejo a hora de voltar a treinar. Pretendo fazer o Ironman em 2025 – projeta.

Número de transplantes

Em 2023, até agosto, 1.137 fizeram algum transplante do órgão ou tecido em Santa Catarina. Confira a seguir os dados por órgão:

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  • Córnea: 552
  • Rim: 159
  • Esclera: 140
  • Fígado: 93
  • Fígado/Rim: 1
  • Medula óssea autólogo: 66
  • Medula óssea alogênico aparentado: 23
  • Medula óssea alogênico não aparentado: 3
  • Válvula cardíaca: 17
  • Osso: 65
  • Rim/pâncreas: 6
  • Coração: 5
  • Rim (doador vivo): 6
  • Pele: 1

Fonte: SC Transplantes – Dados até agosto de 2023

Veja dados sobre a lista de espera por transplantes:

  • Brasil: 65.911
  • Santa Catarina: 1.403

Fonte: Ministério da Saúde

Confira a lista de espera por um transplante em SC:

  • Rim: 766
  • Fígado: 72
  • Rim/Pâncreas: 41
  • Coração: 1

Fonte: SC Transplantes – Dados até agosto de 2023

Dor e generosidade

A agricultora Patrícia Madel recebeu esse abraço acolhedor quando chegou ao Hospital Regional de Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí. O filho de 21 anos, Carlos Eduardo William Madel, que ela chamava carinhosamente de Wi, teve o diagnóstico de morte encefálica dias após sofrer um acidente de moto em Ituporanga, também no Alto Vale do Itajaí, em julho deste ano.

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Patrícia nos contou que não pensava em doar os órgãos do filho e que foi solidariedade dos profissionais de saúde que a fez mudar de ideia. Todos os oito órgãos do jovem foram aproveitados.

– O luto é meu, vai ficar no meu coração, mas me sinto feliz em saber que ajudei na felicidade de tantas famílias – diz a mãe do Wi.

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Em Florianópolis, a esteticista Andresa dos Santos também viveu o turbilhão de perder um filho em um acidente de moto. Wesley tinha 18 anos. Quando foi informada da morte encefálica, não teve dúvida:

– Recebi a pior notícia do mundo, a perda de um filho. E aí, você, de imediato já pensa: “Alguém não precisa passar por isso” – conta Andressa, destacando que até hoje se lembra da voz da enfermeira, que definiu como “doce e suave”.

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É deste entendimento de que é preciso ser generoso quando a vida se mostra tão dura que dependem as 1.403 pessoas que hoje esperam por um órgão em Santa Catarina. O pastor Valdemir Lira da Silva, 64 anos, aguarda por um rim, enquanto enfrenta a dolorosa rotina de três sessões semanais de hemodiálise. Foi a filha Dayane quem trouxe o pai do Acre para Florianópolis, por acreditar na eficiência do sistema de transplantes em SC.

– Trouxe ele na marra, depois que o cardiologista disse que o pai precisava de um novo rim, com urgência – afirma a bancária.

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Mesmo assim, a espera é angustiante:

– Meu Deus, será que ele vai aguentar? Será que ele vai resistir até chegar esse dia da ligação, dia de receber o rim? – questiona-se a filha.

Confira a página especial “A vida com vida”

Estas são perguntas que também não saem da cabeça da servente de creche Juliana Gomes e da família dela, em Joinville. Juliana tem 44 anos e depende de um transplante de fígado. Ela é uma das primeiras na lista de espera. Diz que viver assim é um misto de frustração, esperança e ansiedade. De um ano pra cá , foram sete internações. O carinho da família tem sido a fortaleza da Juliana.

– Eu quero envelhecer junto com ela, é o melhor projeto de vida – diz Nielsem, o marido que reza pela ligação que pode salvar a vida da mulher que ama.

Veja galeria de fotos com os personagens entrevistados:

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Na TV

As histórias dos personagens que você leu nesta reportagem fazem parte da série de reportagens da NSC TV, que será exibida no Jornal do Almoço entre segunda e quarta-feira, dias 25 e 27 de setembro. O material também será exibido como um programa especial, chamado “A vida com vida”, no próximo sábado, dia 30, após o Jornal Hoje. Você pode conferir ao vivo no GloboPlay.

Veja equipe envolvida na produção do material:

  • Reportagem: Ricardo Von Dorff
  • Imagens: Mateus Castro, Luan Santiago e Felipe Sayão
  • Arte: Evandro Zucatti e Fernando Carmo
  • Auxiliares: Lucca Fucci, Maurício Veloso e Thiago Rosa
  • Edição de imagens: Júlio Quadrado
  • Direção, roteiro e produção: Mário César Gomes
  • Coordenação de núcleo: Elaine Simiano

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