A despedida a Dom Angélico Sândalo Bernardino, primeiro bispo de Blumenau, levou dezenas de fiéis à Catedral São Paulo Apóstolo nesta quinta-feira (17). Conhecido pela relação próxima à comunidade, o religioso teve uma trajetória marcada pela luta aos direitos humanos e um olhar sensível, sobretudo, aos mais necessitados. É o que pontua o padre Marcelo Martendal.

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— Essas são as marcas de um bispo próximo. Aquilo que o Papa Francisco sempre fala: “Com cheiro das ovelhas”. Dom Angélico viveu isso — pontua o sacerdote.

Miguel Agenor Leite, ordenado diácono por Dom Angélico, recorda com carinho o olhar generoso aos pobres do primeiro bispo da Diocese de Blumenau, criada em 2000. Ele recorda uma frase sempre dita pelo religioso e lembrada por mais fiéis durante o velório: “Quem não reza, vira bicho”. Era uma espécie de lema, para frisar a importância da oração, mesmo nos tempos difíceis.

Líder da Igreja

Dom Angélico liderou a igreja na maior tragédia climática enfrentada em Blumenau, a catástrofe de 2008, quando centenas de pessoas morreram e milhares ficaram sem casa por causa dos deslizamentos de terra. Na época, lembra o padre Marcelo Martendal, o religioso foi um grande motivador das paróquias para que se mantivessem atentas às necessidades das famílias atingidas, para ajudá-las.

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Um ano depois, em 2009, Dom Angélico renunciou ao cargo por causa da idade e voltou a São Paulo, estado onde nasceu, em 1933, e onde morreu nesta terça-feira (15), aos 92 anos. Um velório ocorreu na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Zat, na Região da Brasilândia (SP). O corpo chegou nesta manhã a Blumenau. Por regra da igreja, ele será sepultado dentro da Catedral São Paulo Apóstolo. 

A diocese onde o bispo “se aposenta”, tornando-se emérito, é o local que recebe o corpo dele. A missa de exéquias seguida do sepultamento na cripta ocorreu às 14h. 

Entre as várias coroas de flores que se enfileiravam ao fundo da igreja durante o velório, uma do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). Dom Angélico, por causa da atuação pelo direitos humanos, criou uma relação muito próxima com Lula e o Partido dos Trabalhadores. O presidente tinha visitado recentemente o sacerdote e lamentou a morte do amigo.