Com lágrimas nos olhos e orações sendo pronunciadas, milhares de pessoas de todas as partes do mundo se aproximam do caixão do papa Francisco. Velado na Basílica de São Pedro desde a última quarta-feira (23), o lugar se encheu de fiéis que querem fazer uma última homenagem ao pontífice argentino e se reúnem em fila para poder ver Francisco pela última vez. 

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Uma dessas pessoas é Susana Rigo. Jornalista e moradora de Florianópolis, chegou em Roma no domingo (20) à noite. A esperança era encontrar o papa vivo, em algum momento que ele pudesse passar pelo Vaticano ou pela Basílica. Entretanto, Susana participa do funeral de Francisco, que faleceu na manhã de segunda-feira (21). Agora, se emociona junto de outras pessoas que, assim como ela, se despedem do pontífice. 

— O clima aqui é de muita emoção. Há uma movimentação muito grande de pessoas. Eu cheguei aqui no Vaticano no meio da manhã e já entrei na fila para poder participar do funeral. Então, a todo momento chega muita gente. Há pessoas do mundo todo, há imprensa do mundo todo. Durante a fila, as pessoas ficam em silêncio, muitas fazem orações, muitas fazem cânticos católicos — relata.

Quem é o padre de SC que ajudou no translado do corpo do papa Francisco

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Apesar do desejo de Susana de encontrar o papa vivo, ela decidiu comparecer no funeral, não só para prestar a última homenagem como fiel, mas também pelo momento histórico.

— Eu decidi participar do funeral porque é um momento histórico. Gostaria de vê-lo vivo, claro, mas é um momento histórico. Por isso, eu decidi cancelar algumas visitações para poder participar do funeral do papa dentro da Basílica São Pedro. Um momento muito emocionante porque as pessoas estão em um silêncio absoluto, apenas as orações feitas pelos cardeais e nós seguimos uma fila até chegar para ver o papa, ver o caixão. Na hora em que eu vi, é uma emoção muito grande, é difícil descrever o que eu senti nesse momento — comenta a jornalista.

A emoção do momento histórico se mistura com a admiração pelo “tipo” de papa que Francisco foi. Para Susana, a herança que Francisco deixa é a união, o amor aos pobres, a humildade e a aceitação. Por isso, espera que após o conclave seja eleito um novo pontífice que possa seguir o legado do papa argentino.

— Ele foi o papa de todos, que uniu a igreja, todos os povos, independente de raça, cor, orientação sexual, foi um papa de todas as pessoas, dos pobres, dos humildes. Uma pessoa de um coração único, muito humano. O que ele fez para a igreja católica eu espero que não regrida, eu espero que a gente tenha um papa tão bondoso quanto, e claro, não vai ser mais um papa da América Latina, mas que seja muito bondoso, amoroso e consiga manter a união das pessoas, a união de todos os povos — clama.

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Diferente de Susana, o padre Maxssuél da Rosa Mendonça, de Criciúma, está a cerca de dois anos em Roma estudando e teve a oportunidade de ver o papa ainda vivo, quando o mesmo apareceu da sacada para fazer a benção de Páscoa.

— Esta era a imagem que nós tínhamos naquele domingo: de coração alegre, jubiloso, celebrando a ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Todavia, ao olharmos para o Santo Padre, era visível a sua debilidade física. Tanto é que ele não pôde fazer a locução e só deu a benção. Mas, esta é uma imagem que vai reverberando no nosso coração, na nossa mente, o esforço que o Santo Padre fez para estar junto do povo no domingo de Páscoa, como sempre ele saudou a todos como irmãos — destaca o sacerdote.

Assim como a jornalista catarinense, Maxssuél pôde reencontrar o papa pela última vez em seu velório. O padre lembra como foi a chegada do corpo na Basílica de São Pedro.

— Iniciou-se com o soar dos sinos e assim fomos acompanhando as orações em latim e levando as nossas preces a Deus em sufrágio pelo papa Francisco. Muita gente, muitas pessoas vindas de todos os lugares do mundo. Podemos dizer assim, sem exageros, que o Papa Francisco foi um homem muito querido não só por católicos, não só por cristãos, pelas pessoas de boa vontade. Ele era muito admirado, seja no mundo da cultura, seja no mundo político e com todas as suas intervenções — comenta o padre.

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Maxssuél chegou cedo no Vaticano e pôde observar com maior facilidade as pessoas que acompanhavam o corpo do pontífice. Inclusive, destaca que uma fila gigante de pessoas, de cerca de três quilômetros, chegou a se formar. Todos queriam se despedir de Francisco. 

— Eu pude observar assim, rezando, acompanhando um pouco, como isso mexe com todos nós. Muitas pessoas emocionadas, eu observava os olhares acumulados de lágrimas, outros vivendo esse momento com maior serenidade, com seus terços nas mãos, fazendo suas orações — lembra.

Enquanto estava na fila aguardando a chegada do corpo, Maxssuél diz que começou a rezar e, então, veio em sua mente tudo aquilo que o papa Francisco construiu em vida: o seu legado, de bondade, de diálogo com seus pares, do respeito aos pobres e da busca pela paz, cita.

Para o sacerdote, Jorge Bergoglio, o papa Francisco, foi um homem que, em seus discursos, insistiu pela paz. Maxssuél o chama de “profeta da paz”, pois o pontífice mediou e insistiu para que as pessoas rezassem pela paz no mundo. Tanto que no seu testamento espiritual, cita o padre, ele oferece suas dores, seu sofrimento final, pela paz no mundo e pela fraternidade entre os homens, entre os povos

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— Outra característica do papa Francisco foi ser um grande amigo dos pobres, que são os refugiados, os imigrantes, os prisioneiros, das diversas periferias da vida humana — cita.

O padre lembra que em uma de suas primeiras viagens apostólicas, ele foi até uma ilha onde pessoas morreram naufragadas buscando melhores condições de vida. Também lembrou que em seu ministério lavou os pés dos presidiários, grandes momentos da liturgia da igreja e da sociedade civil que fez refeições com os pobres.

— Recordando essa dimensão da fraternidade humana que deve ser recuperada em um ambiente onde tantas vezes as pessoas são indiferentes. Ele, que usou esta expressão, este chavão,  “a globalização da indiferença”. Então é assim que eu vejo o papa Francisco, como um homem que foi uma grande testemunha do evangelho, um apóstolo da misericórdia, profeta da paz, amigo dos pobres e um grande continuador da tradição da igreja conciliar do Concílio Vaticano — descreve o padre catarinense.

Por fim, o sacerdote fala que, passados estes 12 anos de Francisco como pontífice, para ele, além de seu legado, o que fica é o sentimento de gratidão por “Deus por ter presenteado a igreja com o pontificado do Papa Francisco. Foi um grande presente para o mundo nesses tempos em que a humanidade passa por tantas coisas difíceis”.

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Papa Francisco pediu caixão simples para ser velado

Com a Basílica de São Pedro cheia, o corpo do papa Francisco chegou ao local na manhã da última quarta-feira (23). Com cânticos ao fundo, filas foram organizadas para que todos pudessem ter uma oportunidade de se despedir do pontífice argentino Jorge Bergoglio. 

A causa da morte do papa Francisco, aos 88 anos, foi um AVC e insuficiência cardíaca. Entre fevereiro e março, o papa passou 38 dias internado devido a uma pneumonia. Ele morreu em casa, na última segunda-feira (21) na Cidade do Vaticano, às 2h35min pelo horário de Brasília, 7h35min pelo horário local. 

Conhecido por ser um papa de vida humilde, Francisco decidiu “morrer” como viveu: de forma simples. Ele próprio determinou que fosse velado e enterrado em um caixão mais simples. Antes, a tradição era que o papa fosse colocado em três caixões, feitos de cipreste, chumbo e carvalho. Agora, a urna terá apenas uma estrutura de madeira revestida por zinco.

O funeral de Francisco está marcado para este sábado (26), às 5h, no horário de Brasília (10h no horário local), na Basílica de São Pedro. Em seguida, o caixão será transferido para a Basílica de Santa Maria Maior, onde o papa será sepultado.

Segundo o Vaticano, no horário será celebrada a Santa Missa Exequial do papa Francisco, na Basílica de São Pedro, presidida pelo cardeal Giovanni Battista. Em seguida, o caixão será transferido para a Basílica de Santa Maria Maior, onde o papa será sepultado.

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Chefes de Estado como Lula, Javier Milei e Donald Trump já anunciaram oficialmente a presença para prestar homenagem ao papa. O presidente brasileiro estará presente acompanhado da primeira-dama, Janja.

Entre as pautas, temas controversos e causas sociais

Com um modo simples de viver, o papa Francisco promoveu reformas para tornar a Igreja Católica mais transparente, assim como defendeu causas sociais e ambientais em um mundo cada vez mais polarizado. No mesmo ano em que chegou ao Vaticano, Francisco iniciou uma campanha em defesa dos gays ao proferir a frase: “se um gay aceita o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-lo?”. O problema, para ele, eram os “lobbies que agem contra os interesses da Igreja”.

Alguns anos depois, o discurso do papa continuou trazendo controvérsias para a Igreja Católica. Em uma fala, Francisco disse que era necessário pedir perdão aos povos marginalizados, como LGBTs, pobres, mulheres e crianças exploradas, e também “por haver abençoado muitas armas”. Até o ateísmo foi citado algumas vezes pelo pontífice, de forma positiva. Em algumas ocasiões, o papa falou sobre como ateus também “vão para o céu.”

O arcebispo metropolitano de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck, afirma que o papa Francisco defendia um mundo melhor, conforme os ensinamentos de Jesus, e era um homem “profundamente espiritual”.

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— As ações do papa Francisco são identificadas muito com o social e político, mas o papa era um homem profundamente espiritual. Ele acreditava profundamente que era possível tornar o evangelho realidade — disse.

Nos encontros que teve com o papa em Roma, e na visita de Francisco ao Rio de Janeiro, na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em 2013, Dom Wilson afirma que ele sempre buscava deixar uma mensagem e um ensinamento, transmitindo o que acreditava. Para ele, Francisco deixa como legado a crença em um mundo melhor.

O também catarinense Dom Jaime Spengler, arcebispo metropolitano de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), definiu o papa Francisco como um homem com uma “disposição extraordinária para escutar e acolher aqueles que o buscavam”.

— Um homem que marcou de forma própria não só a história da Igreja Católica, mas eu diria da sociedade como um todo — declarou.

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Jaime Spengler disse que recebeu a notícia com consternação. Ele foi nomeado por Francisco arcebispo de Porto Alegre, em 2013, e cardeal, no fim do ano passado. Jaime também comentou sobre o legado de Francisco.

— Primeiro, a disposição firme de acompanhar a realidade eclesial, no caso nosso, a realidade brasileira. Segundo, essa disposição extraordinária de ouvir. E terceiro, a capacidade, depois do período de escuta, de encontrar a palavra certa para a situação que se apresentava. Um homem com uma capacidade de discernimento toda própria.

Combate à corrupção e abusos sexuais de membros da Igreja

O professor de Sociologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e autor do livro “Para onde vai a Igreja Católica”, Carlos Eduardo Sell, pontua que o pontificado de Francisco pode ser organizado em quatro eixos principais.

O primeiro deles ocorre com a tentativa de reformar a Cúria Romana, com o objetivo de combater casos de corrupção e desvio de recursos no Vaticano. O segundo eixo buscou enfrentar os casos de abusos sexuais cometidos por membros da igreja, com mecanismos mais firmes para apurar e punir essas situações.

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O terceiro eixo é a sinodalidade, o processo que busca combater o clericalismo, ou seja, a atitude do clero de exercer uma influência excessiva em assuntos não religiosos, ampliando a participação dos leigos na Igreja, em especial as mulheres. Ainda, Carlos Eduardo Sell destaca as mudanças na abordagem no plano moral feitas pelo papa Francisco ao longo do seu papado.

— No plano moral, Francisco não alterou a doutrina, mas promoveu uma abordagem pastoral mais acolhedora. Por isso, autorizou, sob certas condições, a recomunhão de divorciados recasados e permitiu bênçãos individuais para pessoas homossexuais, ainda que sem reconhecer a união como sacramento — afirma o sociólogo.

Carlos Eduardo detalha que a Igreja tem como tradição de doutrina social orientar a seus membros que eles se posicionem sobre questões políticas e sociais, em um caminho inspirado nos princípios cristãos. Dessa forma, a figura do papa vai além dos católicos, e impacta a todos os que se interessam pela vida pública.

No campo político-social, o professor da UFSC destaca a publicação da encíclica Laudato Si’ pelo papa Francisco em maio de 2015. A carta aborda o cuidado com o meio ambiente e com as pessoas, assim como a relação entre Deus, os seres humanos e a Terra.

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— Talvez seu legado mais permanente esteja no campo político-social. A encíclica Laudato Si’ elevou a questão ecológica à condição de tema central da doutrina social da Igreja, colocando o cuidado com o planeta no coração da missão cristã. Essa é uma contribuição que dificilmente será revertida — afirma.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) destacou os gestos e ações realizados durante o papado de Francisco que reforçaram suas mensagens para a Igreja e para a humanidade. “Não só com palavras e documentos, ele apontou para uma Igreja em saída, misericordiosa, que cuida da criação, vive o amor na família e promove a fraternidade humana”, afirma a nota da CNBB

Benção durante pandemia e ações contra injustiças e a guerra

A primeira viagem do pontificado do papa Francisco foi à ilha de Lampedusa, no extremo sul da Itália, onde quis se aproximar dos migrantes que tentam atravessar o Mar Mediterrâneo. O gesto deu início a ações em prol dos migrantes. Já a primeira viagem do papa Francisco para o Brasil foi para a Jornada Mundial da Juventude. A vinda ao país foi marcada por momentos emocionantes, como o encontro com o menino Nathan de Brito, à época com 9 anos, que conseguiu furar o bloqueio e compartilhar com o Papa seu desejo de ser padre.

Em outubro de 2014, o papa se reuniu em um encontro com movimentos populares em Roma, onde indicou em um discurso os três Ts (terra, teto e trabalho), ponto central da ação desses grupos. Ele voltou a encontrar os movimentos em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia (2015).

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Uma das imagens mais marcantes do pontificado do papa Francisco foi o momento em que ele promoveu a bênção Urbi et Orbi (Para a cidade e o mundo) na Praça de São Pedro vazia e debaixo de chuva nos primeiros meses da pandemia de Covid-19.

Francisco também sempre manteve sua vontade de construir pontes diante inúmeros conflitos que ocorrem no mundo, como Ucrânia, Palestina, Israel, Líbano, Mianmar, Sudão e Kivu do Norte sempre lembrados nas orações do Angelus, junto com um clamor pela paz.

Ele fazia ligações diárias à paróquia Sagrada Família, em Gaza, onde dezenas de pessoas conseguiram abrigo para se protegerem dos ataques de Israel. As ligações continuaram mesmo depois do cessar fogo e da sua internação.

Ainda que frágil, durante o período em que passou internado no hospital Gemelli, em Roma, ele manteve sua rotina de orações e trabalhos. Ao retornar para a Casa Santa Marta, sua primeira aparição pública foi no Jubileu dos Enfermos e do Mundo da Saúde.

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No último dia 16 de abril, o papa Francisco teve um encontro com a diretoria e funcionários do Policlínico Gemelli, momento em que agradeceu a atenção e a assistência recebidas. Na quinta-feira da semana passada (17), ele visitou uma prisão por ocasião do lava-pés, mantendo a tradição até seus últimos dias

Pedido especial a padre que acolhe migrantes em SC

Quando morou em Roma, entre 2016 e 2022, o padre Gabriel Battistella, vigário da Igreja Santa Teresinha do Menino Jesus da Prainha (em Florianópolis), diretor da Missão Scalabrini e coordenador da Pastoral do Migrante na arquidiocese de Florianópolis e no Regional sul 4 da CNBB, recebeu um pedido especial do papa Francisco: continuar seu trabalho com os imigrantes e refugiados.

Conforme Battistella contou à coluna de Renato Igor no NSC Total, durante o período de estudos e formação em preparação ao sacerdócio, ele teve algumas oportunidades de se encontrar pessoalmente com Francisco. Sobretudo em momentos de ajuda no serviço litúrgico durante as cerimônias presididas pelo santo Padre. 

— Era característica do papa Francisco encontrar antes da celebração, na sala onde fica a estátua de Pietá, os que o ajudavam durante a celebração. Foram vários encontros, mas cada um com a sua própria particularidade. Não poderei esquecer da primeira vez, que apertei a mão do papa Francisco, eu estava muito nervoso, tinha preparado muitas coisas para dizer a ele, as minhas pernas tremiam de nervosismo — lembra.

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Quando o elevador abriu, Francisco saudou a todos com muita calma e simplicidade, conta Battistella, que naquele momento só conseguia agradecer pelo bem que ele estava fazendo pela Igreja e pedir a sua benção. A sensação de paz transmitida pelo papa era uma das coisas que mais chamava a atenção, diz o padre catarinense.

— O papa Francisco sempre foi muito próximo de nós padres Scalabrinianos, por conta do nosso trabalho para com os migrantes e refugiados. Sempre que o encontrávamos ele não media esforços para nos motivar em nossa missão, com palavras curtas: “Avante! Siga em frente! Estou rezando por vocês”. Palavras doces de um pastor que inspirava o modo simples e profético de pastorear as ovelhas.

Como funciona o conclave, que vai eleger o novo papa

Com a morte do papa Francisco, a Igreja Católica se prepara para um dos eventos mais simbólicos e sigilosos do mundo religioso: o Conclave, que elegerá o novo pontífice. 

A previsão é que aconteça entre 15 e 20 dias após a morte. Trata-se de um processo repleto de tradição, protocolo e mistério, preservando séculos de rituais que ocorrem dentro dos muros do Vaticano. Participam dessa cerimônia os cardeais.

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Três catarinenses estão na lista dos bispos que podem participar do conclave. Os representantes de Santa Catarina nasceram nas cidades de Gaspar, Forquilhinha e Mafra. Dom Leonardo Ulrich Steiner, Dom João Braz de Aviz e Dom Jaime Spengler são os catarinenses que fazem parte do Colégio dos Cardeais. Na diplomacia, eles são considerados “príncipes da igreja”, e chamados de purpurados, pela cor vermelho-carmesim da indumentária que vestem.

Conforme a regra da Igreja Católica, cardeais com menos de 80 anos possuem o direito a voto em um eventual conclave. João Braz de Aviz tem 77 anos, Leonardo Steiner, 74, e Jaime Spengler, 64. O Brasil ocupa a terceira posição em número de cardeais eleitores, ficando atrás da Itália e dos Estados Unidos.

Tudo se inicia com a missa “Pro Eligendo Papa“, celebrada na Basílica de São Pedro. É quando os cardeais pedem sabedoria divina para a escolha do novo papa. Após a missa, os cardeais vão para a Capela Sistina, onde acontece o processo eleitoral. Os cardeais, então, entram em fila dupla na capela, e sentam em lugares marcados. Depois fazem um juramento solene onde prometem segredo absoluto e que vão votar com consciência, diante de Deus. Em seguida, o camerlengo, que governa a igreja no período da sede vacante, ordena “Extra omnes”, que significa que todos que não pertencem ao Conclave devem sair. As portas são fechadas.

No conclave há também a etapa de votações, que ocorrem em quatro rodadas diárias. Duas acontecem pela manhã e outras duas pela tarde. Cada cardeal com direito a voto escreve, com letra clara e legível, o nome do escolhido na cédula.

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As cédulas do Conclave trazem a inscrição “Eligo in Summum Pontificem” que significa “Elejo como Sumo Pontífice”. Ao votar, cada cardeal faz um juramento em voz alta. Os votos são depositados em uma urna especial, feita em ouro, prata e bronze. Três cardeais ficam responsáveis por contar os votos — eles são designados por sorteio no começo do Conclave. A cada voto contado, as cédulas vão sendo amarradas com linha. No final elas formam um círculo, que é queimado.

É o sinal em fumaça que indica o resultado da votação. Existem dois fornos na Capela Sistina. Um é usado para queimar os votos, enquanto o outro serve para gerar a fumaça simbólica que avisa aos fieis o resultado da votação.

Quem são os cardeais eleitores do Brasil

  • João Braz de Aviz – Nascido em 24 de abril de 1947, Prefeito emérito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica
  • Odilo Pedro Scherer – Nascido em 21 de setembro de 1949, é o Arcebispo de São Paulo
  • Orani João Tempesta – Nascido em 23 de junho de 1950, é o Arcebispo do Rio de Janeiro
  • Leonardo Ulrich Steiner – Nascido em 6 de novembro de 1950, é o Arcebispo de Manaus
  • Sérgio da Rocha – Nascido em 21 de outubro de 1959, é o Arcebispo de Salvador
  • Jaime Spengler – Nascido em 6 de setembro de 1960, é o Arcebispo de Porto Alegre
  • Paulo Cezar Costa – Nascido em 20 de julho de 1967, é o Arcebispo de Brasília

Enquanto a fumaça preta significa que nenhum candidato foi eleito, a branca indica que há um novo papa. Além da fumaça branca, quando um pontífice é eleito, os sinos da Basílica de São Pedro tocam, como forma de anunciar ao mundo que um novo papa foi eleito.

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Depois disso, o papa eleito ainda precisa aceitar o resultado. Na sequência ele é levado para a Sala das Lágrimas. Trata-se de um cômodo reservado. É lá que o novo papa se veste com as vestes papais pela primeira vez. O local tem esse nome porque a maioria dos papas se emociona ao viver esse momento. É nessa fase também que o novo papa escolhe o nome pelo qual será chamado.

O cardeal protodiácono surge na sacada central da Basílica de São Pedro e proclama: “Habemus Papam!”. Em seguida, revela o nome do cardeal eleito e o nome que ele adotou como papa.

Apresentado ao mundo, o novo papa faz sua primeira bênção, agora como líder da Igreja Católica. Esse momento é transmitido para o mundo inteiro pelas emissoras de televisão.

Mas, o que acontece se não houver um consenso durante as rodadas de votação para eleger o novo papa? Depois de três dias de rodadas de votação, os cardeais podem pausar a eleição por 24 horas. O limite máximo é de 12 dias e 34 escrutínios. Se ainda assim não houver consenso, os cardeais começam a votar apenas entre os dois nomes mais votados. Mesmo assim, o eleito precisa de dois terços dos votos para ser o novo papa.

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O conclave começa cerca de 15 a 20 dias após a morte do papa. Ou seja, os trabalhos podem começar nos primeiros dias de maio.

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