O empresário Matheus Shappo ainda não conseguiu calcular o prejuízo na plantação de banana de onde tira o sustento da família em Luiz Alves, no Vale do Itajaí. Mas enquanto espera a água baixar na lavoura, colocou carrinho de mão, motobomba, vassoura e rodo na carroceria da caminhonete e saiu para ajudar quem teve a casa invadida pelas águas. 

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Ele juntou os funcionários e alguns parentes e foi às ruas oferecer ajuda. A primeira parada foi na casa de um colaborador. Depois, enquanto passava pela Rua Faustino Martins, no bairro Rio do Peixe, baixou o vidro da caminhonete e perguntou: “Alguém precisa de ajuda para limpar a casa?”. A resposta da família Vieira foi “sim”. 

— A água subiu muito rápido, quando já tinha parado de chover. Erguemos as camas nas cadeiras, fizemos o que deu, mas estragou muito — conta dona Celi, usando um lava jato para tirar o barro que ficou na casa da sogra. 

A casa de dona Celi, ao lado, foi limpa ainda de madrugada, quando o rio baixou. O problema é que quando raiou a terça-feira não tinha água para dar conta de tudo. A motobomba trazida por Matheus surgiu como um presente, para tirarem água do poço. 

— Só tinha visto algo assim em 2008. Naquele ano, a água foi até a janela. Agora, foi um pouco menos — revela Celi entre uma passada de rodo e outra. Como a casa é de madeira, o jeito é tirar tudo de dentro, salvar o que dá e torcer para o sol secar as paredes o mais rápido possível.

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Veja fotos da recuperação

Cidade com maior registro de chuva

A cidade de Luiz Alves, no Vale do Itajaí, foi onde mais choveu em Santa Catarina nesta segunda-feira (24). Os dados da Defesa Civil do Estado mostram 160 milímetros em 24 horas, o que equivale a 160 litros de água por metro quadrado. Mais da metade disso caiu em um intervalo de apenas três horas, pegando moradores de surpresa. 

O governo estadual estima que pelo menos 150 pessoas precisaram sair de casa às pressas. Alguns desses acabaram precisando de ajuda para deixar os imóveis. Segundo o Corpo de Bombeiros Militar, a corporação atuou com botes para resgatar 26 pessoas que ficaram ilhadas e não conseguiram sozinhas buscar abrigo seguro.

Na manhã desta terça-feira (25), já não tinha mais água nas ruas, que antes pareciam verdadeiros rios. O trabalho agora é contabilizar os prejuízos e definir como recuperar a cidade de pouco mais de 11 mil habitantes, conhecida nacionalmente pela produção de banana e de cachaça.

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Chuva torrencial surpreendeu moradores

A prefeitura precisou pedir ajuda para cidades vizinhas para conseguir prestar assistência aos moradores. Com apenas um barco à disposição, Luiz Alves conseguiu com a Defesa Civil de Itajaí mais uma embarcação e outra com o Corpo de Bombeiros Militar de Navegantes. 

Com a locomoção comprometida, o governo municipal ainda não tem um levantamento sobre quantas famílias foram, de fato, atingidas. Nesta segunda-feira, um sobrevoo feito pela prefeitura apontou que ao menos um terço da área urbana da cidade havia sido afetada.