Um empresário e outras duas pessoas foram presas nesta sexta-feira (5) suspeitas de participarem de esquema que desviou dinheiro de doações feitas na fatura da Celesc. Segundo a Polícia Civil, em dois anos e meio, apenas R$ 800 mil foram doados, enquanto R$ 4 milhões foram desviados.

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Conforme o delegado Rafaello Ross, as doações eram feitas pela fatura da Celesc e doados para hospitais da região de Joinville e Blumenau, por exemplo. As entidades tinham convênio com a empresa de energia elétrica para fazer a arrecadação de valores, entretanto, eles estavam sendo desviados. Segundo o delegado, uma das instituições que deixaram de receber os recursos foi o Hospital Bethesda.

— Nós identificamos na investigação que as empresas intermediárias que fazem aquele contato com os consumidores da entidade da Celesc, eles acabavam desviando os valores que eram destinados a essas instituições. Nós apuramos que em dois anos e meio foram destinados aos hospitais em torno de R$ 800 mil, ao passo que essas empresas intermediárias acabaram ficando com R$ 4 milhões, o que revela uma fraude na destinação dessas doações. Os hospitais são prejudicados, porque recebem muito menos do que deveriam — revela o delegado.

Nesta sexta-feira, foram cumpridos três mandados de prisão e 16 de busca e apreensão, inclusive nos hospitais, nos setores administrativos, para que a polícia investigue a extensão do esquema criminoso. 

— Os mandados dentro desses hospitais e na própria no setor de arrecadação é para arrecadar  prova documental, dados e informações para entender todo o esquema criminoso, os valores efetivamente desviados, como funcionava o esquema e pessoas que ainda estejam eventualmente envolvidas com essa articulação criminosa — explica Ross.

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Inclusive, o delegado explica que, em alguns casos, muitos consumidores não tinham autorizado o desconto na fatura da energia e, ainda assim, a empresa intermediária fazia os descontos. 

Bens dos investigados foram bloqueados, incluindo os R$ 4 milhões desviados, além de imóveis, dados telemáticos, fiscais e bancários. Foram apreendidos veículos e uma embarcação.

Conforme o delegado, as três pessoas presas são de Joinville e devem responder pelos crimes de estelionato por meio eletrônico, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O empresário, alvo principal operação, foi preso no bairro Bucarein.

Ao todo, cerca de 50 policiais civis de Joinville, Blumenau, Brusque e Florianópolis participaram da operação.

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Por meio de nota, a Celesc afirmou que não participa da gestão nem da destinação dos recursos arrecadados. Além disso, também diz se considerar vítima do esquema, já que seu serviço foi utilizado de forma indevida. Confira abaixo a nota na íntegra:

A Celesc esclarece que atua apenas como meio de arrecadação em doações via fatura de energia, repassando integralmente os valores autorizados pelos consumidores às entidades conveniadas, como bombeiros voluntários, APAEs e outras instituições que prestam serviços essenciais à sociedade.

A companhia não participa da gestão nem da destinação dos recursos arrecadados.

No caso investigado pela Polícia Civil, foram identificadas empresas que, de má-fé, ligavam para consumidores solicitando doações, mas não repassavam integralmente os valores às instituições.

A Celesc também se considera vítima, já que seu serviço foi utilizado de forma indevida, estando essas empresas atualmente sob investigação das autoridades competentes.

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Importante ressaltar que, antes mesmo da operação policial, a companhia já havia adotado medidas preventivas, como reforço na fiscalização dos convênios, implementação de novos controles e envio de aviso ao consumidor sempre que há inclusão de débitos de doação nas faturas — ações que ampliam a transparência e permitem identificar eventuais irregularidades.

A Celesc vem colaborando com a Polícia Civil desde o início das investigações e reforça que o consumidor pode cancelar ou rever sua autorização de doação a qualquer momento pelos canais oficiais da companhia.

A Celesc reafirma seu compromisso com a ética, a transparência e a confiança da sociedade.

O que diz o Hospital Bethesda

Em nota, a instituição afirma ser vítima e denunciou o esquema assim que surgiram suspeitas das irregularidades, há cerca de seis meses.

“A Instituição Bethesda vem a público esclarecer que foi vítima – e também denunciante – de uma fraude envolvendo doações destinadas ao hospital.

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Assim como o Hospital Bethesda, outros hospitais de Santa Catarina foram vítimas de fraude. Empresas que atuavam como intermediárias entre entidades filantrópicas e a Celesc ofereciam a possibilidade de que cidadãos realizassem doações diretamente na fatura de energia elétrica. Porém, parte desses valores não chegava às instituições beneficiadas, sendo desviados pelas empresas. Informações divulgadas pela Polícia Civil revelam que a própria Celesc aparece como vítima, pois não tinha conhecimento do uso das contas de energia elétrica para captar as doações.

Há cerca de seis meses, ao identificar indícios de irregularidades em repasses realizados em seu nome, o próprio Hospital Bethesda reuniu informações e provas, apresentando denúncia formal às autoridades competentes. Desde então, a unidade hospitalar tem colaborado integralmente com as investigações.

“Reforçamos que o Hospital Bethesda foi vítima dessa prática criminosa, assim como outras entidades de saúde de Santa Catarina. Lamentamos profundamente que recursos voltados ao cuidado da população tenham sido alvo de fraudes. Faz-se importante ressaltar que as doações, desde então, são feitas de maneira segura e sendo fiscalizadas pela Instituição Bethesda”, revela Dr. Lúcio Slovinski, Diretor Executivo do Hospital Bethesda.

O Hospital Bethesda segue firme com a missão de oferecer atendimento de qualidade, pautados pela ética, integridade e pela confiança da sociedade.”

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