Exame de câncer de próstata ainda é tabu entre homens

Enquanto no mês em que é realizada a campanha Outubro Rosa as mulheres falam mais abertamente sobre a necessidade de realizar procedimentos periódicos com profissionais e também do autoexame nas mamas, o cuidado com a saúde masculina não é abordado tão abertamente no mês seguinte.

Durante o Novembro Azul, iniciativas reforçam a importância de promover a saúde do homem e trazem um alerta especial para o câncer de próstata. A falta de informações, o preconceito e o tabu que envolve o exame de toque retal leva muitos homens a deixar a saúde de lado e procurar ajuda somente quando desenvolve sintomas mais graves – elevando a taxa de óbitos.

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A próstata é uma glândula que se localiza na parte baixa do abdômen do homem. Ela é um órgão pequeno e fica logo abaixo da bexiga e à frente do reto, ao final do intestino grosso. O câncer de próstata é uma doença silenciosa, que apenas traz sintomas em estágios mais avançados. Para que possa ser tratado o quanto antes, a estratégia é realizar exames de rotina e, se houver algum problema, encontrar o câncer ainda em estágio inicial. Para isso, segundo o médico urologista Jovanio Fernandes, é necessário realizar um exame de sangue para avaliar a dosagem do PSA, ou antígeno prostático, e o toque retal.

— Os pacientes têm ainda um tabu em relação ao exame de toque retal, questões de masculinidade, cultural. Mas com as campanhas, isso vem melhorando. Hoje, acreditamos que a questão de resistência para os exames de rastreamento está relacionada a um medo do resultado positivo — aponta o médico.

Com o exame do toque retal, ao introduzir o dedo com luva lubrificada no reto do paciente, o médico é capaz de avaliar o tamanho, textura e forma da próstata. O exame dura poucos segundos e é o método mais eficaz para identificação de nódulos, pois permite que o médico avalie possíveis alterações na glândula.

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Se o especialista verificar alterações em algum desses dois exames, é necessário realizar uma biópsia para confirmar o diagnóstico. A biópsia é feita por via transretal (TR) e transperineal (TP) e guiada por ultrassonografia ou ressonância magnética.

Dados expõem necessidade do diagnóstico precoce

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a taxa de incidência do câncer de próstata é maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento. Isso ocorre porque é considerado um câncer próprio da terceira idade: 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. No Brasil, a cada dez casos, nove são verificados em pessoas com mais de 55 anos.

Em Santa Catarina foi estimado, 1.720 novos casos para a doença em 2020, uma taxa ajustada de 39,25 ocorrências a cada 100 mil habitantes. Na capital Florianópolis, a taxa ajustada é de 136,97, com estimativa de 310 novos casos no ano passado.

O instituto aponta que o crescimento das taxas de incidência no país pode ser parcialmente explicado pelo aumento dos exames e pela maior expectativa de vida. Ainda, o INCA faz um alerta sobre o câncer de próstata relacionado ao trabalho. Algumas ocupações e atividades econômicas colocariam os homens em risco mais elevado do que o habitual, segundo cartilha disponibilizada:

• Indústria de eletrônicos e indústria de PVC;
• Bombeiros;
• Aplicadores de agrotóxicos;
• Trabalhadores da fundição de metais não ferrosos;
• Tratamento de madeira, produção de baterias e pilhas;
• Radiologia;
• Mineração e
• Produção de borracha.

Parte dos casos seriam evitáveis com a eliminação dos principais agentes cancerígenos no ambiente laboral, como arsênio, malation, cádmio e elementos radioativos.

Tratamento adequado depende do estágio da doença

O câncer de próstata não apresenta sintomas nos estágios iniciais, mas com a evolução da doença, o paciente pode ter dificuldade de urinar e necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite. Na fase avançada, pode provocar dor óssea, sintomas urinários, infecção generalizada ou até insuficiência renal. Caso seja verificado o câncer de próstata, o paciente e o médico definem qual o tratamento adequado de forma individualizada, levando em conta os riscos e benefícios. No entanto, o urologista reforça que o diagnóstico precoce é de extrema importância na condução do tratamento. São fatores de risco histórico de câncer na família, sobrepeso, obesidade e raça, pois os homens negros sofrem com maior incidência deste tipo de câncer.

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— Quando o diagnóstico é precoce, normalmente a doença está em estágio inicial, onde a chance de cura é muito grande. A cura vem hoje com tratamentos como cirurgia, remoção completa da próstata e das vesículas seminais. A cirurgia pode ser feita de forma convencional, existe cirurgia robótica, cirurgia laboroscópica. Independentemente da forma como ela é feita, a intenção é remover toda a próstata e curar o paciente — detalha.

Além disso, podem ser utilizados procedimentos como radioterapia, hormonioterapia, tratamentos paliativos como bloqueio hormonal. A ocorrência de efeitos colaterais dos tratamentos, como a impotência sexual e a incontinência urinária são mais comuns quando o câncer já está em estágios mais avançados, com menor potencial de cura, o que acende ainda mais o alerta sobre a importância de ter conhecimento da doença o quanto antes.

— São terapias utilizadas para desacelerar a evolução do câncer naqueles casos onde já não é possível mais um tratamento 100% curativo, naqueles casos onde o diagnóstico já não é mais precoce — completa o urologista.

Mês de Conscientização para saúde masculina

A Campanha Novembro Azul alerta sobre o câncer de próstata, mas também visa estimular a saúde integral do homem. Uma vida saudável diminui as chances do desenvolvimento do câncer de próstata. Por isso, uma alimentação saudável e balanceada, com diminuição do consumo de gorduras animais e exercícios físicos regulares são indicados, além da manutenção do peso corporal adequado. Além disso, o Ministério da Saúde destaca como medidas preventivas evitar cigarros e o consumo de bebidas alcoólicas.

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Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, outros exames de rotina que abrangem a saúde masculina devem ser realizados com frequência, como verificação da pressão arterial, hemograma completo e testes de urina, teste de glicemia, para prevenção de diabetes, atualização da carteira vacinal e verificação do perímetro abdominal e teste de Índice de Massa Corpórea (IMC).

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