Dois filhotes gêmeos de anta foram registrados pela primeira na história em seu habitat. A descoberta aconteceu na Reserva Particular do Patrimônio Natural Trápaga, em São Miguel Arcanjo, no estado de São Paulo. A espécie está ameaçada de extinção.
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Os animais foram vistos por um grupo de cinco pesquisadores do Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar, em dezembro de 2020, por meio de um vídeo de um equipamento instalado na reserva, que registrou as antas gêmeas. Para confirmar se os filhotes realmente eram idênticos, os pequisadores precisaram de outras imagens e, ainda, de visualização presencial dos animais.
— [A confirmação dos animais gêmeos foi possível] primeiro pela idade: os três indivíduos são nitidamente uma fêmea adulta e dois jovens. Ao longo do monitoramento, pudemos observar que os jovens passavam boa parte do tempo com a fêmea adulta. Segundo, pelo tempo de gestação da anta (13 meses) e tamanho igual dos dois jovens, é impossível que sejam filhos de gerações diferentes — explicou a coordenadora executiva do Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar, Mariana Landis.
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Os filhotes já têm cerca de um ano e meio. A surpresa para os especialistas é que a anta tem o corpo preparado para gerar apenas um filhote. Embora as antas da espécie Tapirus terrestris sejam os maiores mamíferos terrestres da fauna silvestre da América Latina, as fêmeas só geram um filhote por gestação, que nasce com cerca de seis quilos, após 13 meses.
A coordenadora do projeto explicou que, quando nascem, os filhotes dependem da mãe por um longo período até começarem a se distanciar dela, o que ocorre a partir dos 15 meses de idade. Esses animais ainda permanecem nas imediações até começarem a explorar locais mais distantes e estabelecerem seu próprio território.
— Nós identificamos essa unidade familiar nesse período em que eles ainda estavam muito próximos da mãe, saindo algumas vezes para explorar o território. Esse tipo de diagnóstico é possível com base no amplo conhecimento que as pesquisas ecológicas e comportamentais trazem — acrescentou Mariana.
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Para assegurar que se tratava de animais gêmeos, os pesquisadores utilizaram marcas naturais para identificar cada indivíduo. Um dos filhotes, por exemplo, tem um pequeno corte na orelha, o outro tem uma protuberância no nariz. Outras características ajudam nessa identificação: formato e tamanho de cauda, cor do pelo, formato corporal, tamanho e formato da genitália, tamanho de cabeça, presença de pintas brancas nas pernas e barriga, cicatrizes.
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Extinção e preservação
Na Mata Atlântica, bioma onde ocorreu o registro, é um grande desafio um filhote de anta resistir diante do ciclo da própria natureza. Entre os fatores estão a ameaça humana, o desmatamento, os atropelamentos, as perseguições de cães domésticos e as atividades de caça.
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O Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar, que tem o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, WWF-Brasil e banco ABN AMRO, tem como objetivo gerar dados para subsidiar planos de conservação da anta (Tapirus terrestris), do queixada (Tayassu pecari) e da onça-pintada (Panthera onca).
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