O ministro Alexandre de Moraes, relator do processo sobre a trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), abriu o julgamento de Jair Bolsonaro e outros sete réus do núcleo crucial do caso com um discurso defendendo o ritmo da ação penal e dando recados contra argumentos das defesas e de apoiadores do ex-presidente. As informações são do portal g1.

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Moraes defendeu que a ação penal contra os oito réus seguiu o mesmo rito dos outros 1,6 mil processos sobre a tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro de 2023. O ministro lamentou a nova tentativa de golpe no Brasil, que segundo ele buscava instalar uma nova ditadura no país.

— Nesses momentos, a história nos ensina que a impunidade, a omissão e a covardia não são opções para a pacificação, pois o caminho aparentemente mais fácil e só aparentemente, que é da impunidade, deixa cicatrizes traumáticas na sociedade e corrói a democracia, como lamentavelmente o passado recente no Brasil demonstra — afirmou.

Moraes sustentou ainda que a pacificação do país está condicionada ao respeito à Constituição. Também afirmou que não é possível confundir pacificação com “a covardia do apaziguamento, que significa impunidade”.

Entenda a situação de Bolsonaro

O ministro também afirmou que o Supremo deve julgar ações como a da trama golpista com imparcialidade e sem ser influenciado por “ameaças ou coações”, ignorando “pressões externas”. A fala é uma referência direta a sanções anunciadas pelos Estados Unidos com críticas aos processos movidos contra Jair Bolsonaro no Brasil.

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— Essa coação, essa tentativa de obstrução, elas não afetarão a imparcialidade e a independência dos juízes desse Supremo Tribunal Federal, que darão, como estamos dando hoje, a normal sequência no devido processo legal que é acompanhado por toda a sociedade e toda a imprensa brasileira. Publicidade e transparência que não encontram paralelo em nenhuma corte do mundo, nenhuma corte ou tribunal do mundo — defendeu Moraes.

Ao fim da fala, Moraes leu o relatório do processo e detalhou os argumentos das defesas dos oito réus, apresentados nas alegações finais, última fase do processo antes do julgamento. Em seguida, o procurador-geral Paulo Gonet começou a fazer a sustentação oral da acusação contra os réus.

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