Cerca de 50 mulheres negras se reuniram na escola Olodum Sul, em Florianópolis, no sábado (28) para iniciar a preparação e mobilização para a 2ª Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, que acontece em Brasília no dia 25 de novembro.
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O encontro teve como objetivo fortalecer a articulação entre lideranças femininas negras na região, mapear e sistematizar as demandas dessas mulheres e dar visibilidade à marcha. Outras reuniões estão previstas para acontecer no mês de julho nas regiões do Vale do Itajaí, Sul, Norte, Serra e Oeste catarinense.
— Durante esses seis encontros vamos mobilizar as mulheres para que possamos compilar ideias e elaborar um documento que será entregue em Brasília. Queremos mostrar o que significa a reparação e o bem viver para as mulheres de Santa Catarina — diz a membra do comitê impulsionador da Marcha em SC, Maria Estela Costa da Silva.
No encontro, as participantes debateram sobre a necessidade e importância da presença de mulheres negras no meio político e em outros cargos decisórios no Estado. Na programação, também houve rodas de conversa sobre educação e literatura.
A pedagoga Maria Estela Costa da Silva esteve na 1ª Marcha das Mulheres Negras em 2015 e afirma que o evento transformou e mobilizou as mulheres negras catarinenses. Naquele ano, mais de 100 mil mulheres de todo o Brasil marcharam contra o racismo, a violência e pelo bem viver.
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— Quando nós voltamos da marcha, nós já não éramos mais as mesmas. Em 2017 nasce a nossa ONG de Mulheres Negras de Criciúma, porque nós percebemos que éramos completamente invisíveis dentro da sociedade. Não tínhamos voz e nem vez. De lá pra cá houve conquistas, como o processo de enegrecimento das universidades, por exemplo. Vimos mulheres negras ocupando outros espaços, mas também tivemos retrocessos e hoje sabemos que precisamos ocupar outros lugares também — reflete.
A expectativa é que mais de 300 mulheres negras participem das articulações no Estado.
— Nós queremos, segundo Angela Davis, mexer com as estruturas desta pirâmide social para que a sociedade possa nos ver. Porque, historicamente, além de Antonieta, nós somos invisíveis. Quem somos nós em Santa Catarina? Quem são essas mulheres pretas que estão pensando e mexendo com a estrutura de Santa Catarina? Não adianta ficarmos sonhando com Antonieta, precisamos forjar novas Antonietas — conclui a pedagoga.
Veja fotos do encontro
Marcha Nacional das Mulheres Negras
A 2ª Marcha das Mulheres Negras acontece exatamente dez anos depois da primeira mobilização. Desta vez, além de pautar o bem viver, o encontro também questiona sobre os diferentes tipos de reparação a que mulheres negras têm direito — do acesso à saúde, educação, moradia ao bem estar e oportunidades.
Segundo a organização nacional do evento, mobilizações, como a que começou em Santa Catarina, estão sendo realizadas de maneira paralela em todos os 26 estados da federação.
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— Esses comitês reúnem mulheres de diferentes contextos, fortalecendo o protagonismo negro em suas comunidades e promovendo o engajamento coletivo na construção desse movimento histórico — afirmam as organizadoras.
A Marcha está prevista para acontecer no dia 25 de novembro em Brasília.
Antonietas
Antonietas é um projeto da NSC que tem como objetivo dar visibilidade a força da mulher catarinense, independente da área de atuação, por meio de conteúdos multiplataforma, em todos os veículos do grupo. Saiba mais acessando o link.

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