A Polícia Civil contabiliza nove feminicídios cometidos ao longo do mês de novembro em Santa Catarina. O total de mortes faz deste mês o mais violento do ano na comparação com dados do Observatório de Violência contra a Mulher, que tem informações atualizadas até outubro. Antes, os meses mais violentos eram fevereiro, julho e setembro, com cinco mortes em cada período. A reportagem do NSC Total também apurou que ao menos 11 mulheres morreram por situação de violência até 21 de novembro.
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O primeiro caso aconteceu no dia 3 de novembro, quando uma mulher de 57 anos foi encontrada morta dentro de casa no bairro Morretes, em Itapema. A vítima, natural do Paraná, tinha sinais de violência e, de acordo com a Polícia Militar, o caso foi registrado como feminicídio.
Ela morava sozinha na Rua 406, quando o corpo foi encontrado por volta das 16h55min daquela segunda-feira. A mulher não tinha boletins de ocorrência registrados como autora. A Polícia Civil continua investigando o caso.
Um dia depois, no dia 4 de novembro, Thaís Sachainy Araújo, de 27 anos, foi morta pelo ex-companheiro em Balneário Rincão. Ele a asfixiou com um golpe de mata-leão. O suspeito afirmou que teria se “defendido” da vítima durante uma discussão e acabou a sufocando. O corpo de Thaís foi encontrado dentro da residência onde o casal havia morado.
Na noite do dia 8 de novembro, Karla Luiza Schvirkoski Domingos, de 30 anos, foi encontrada morta em uma rua de Balneário Barra do Sul. Duas testemunhas informaram à polícia que ouviram um barulho, como uma batida, na rua. Depois, acharam o corpo da mulher na rua.
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Uma das linhas de investigação é a possibilidade de se tratar de um feminicídio. Isso porque Karla tinha um histórico de relacionamentos amorosos conturbados, com a solicitação de uma medida protetiva contra um ex-companheiro. Segundo a polícia, o principal suspeito dessa linha investigativa colaborou com a investigação, e o inquérito continua.
Outro assassinato foi registrado um dia depois, no dia 9 de novembro. Lucila Borges Pagani, de 63 anos, foi encontrada morta em uma casa na Rua Maria Salete Pereira Machado, no bairro Vila Zuleima, em Criciúma, com sinais de agressão pelo corpo. Segundo os médicos que atenderam o caso, Lucila já tinha hematomas antigos no rosto, pescoço, tronco e braços.
O companheiro dela, de 69 anos, foi preso em flagrante. Segundo vizinhos que foram ouvidos pela polícia, pessoas ao redor do casal já tinham observado brigas. Além disso, o irmão de Lucila afirmou que o homem a proibia de ter contato com a família.
No dia 15 de novembro, Débora Ester Araújo da Silva, de 33 anos, foi morta no bairro Vila Albina, em Santa Rosa do Sul. A Polícia Militar foi acionada para atender uma ocorrência relacionada a uma briga de casal. Quando chegaram ao local, os policiais foram informados de que o homem teria esfaqueado a esposa. Os policiais, então, entraram na casa e confirmaram o óbito.
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O suspeito pelo crime foi localizado perto da casa e preso em flagrante. Ele confessou o crime e relatou que teve uma discussão com a ex-companheira por causa da guarda dos filhos. Segundo ele, Débora teria avançado contra o homem com uma faca, quando ele a acertou.
Quatro dias depois, uma mulher de 59 anos foi encontrada morta dentro de casa em Braço do Norte. Segundo a Polícia Militar, quando a guarnição chegou ao local, a equipe do Samu já realizava o atendimento. O socorrista informou que a vítima apresentava perfurações causadas por um objeto pontiagudo, possivelmente uma faca, em um dos quartos da casa.
Nesta sexta-feira (21), dois casos de feminicídio aconteceram em Santa Catarina. Em Itajaí, uma mulher foi morta a tiros pelo marido dentro da própria casa, no bairro Espinheiros. Testemunhas afirmaram que o casal discutia com frequência e estava em processo de separação, mas o homem não aceitava o término do relacionamento.
Em Florianópolis, na Capital catarinense, uma mulher foi encontrada morta em uma trilha, na Praia do Matadeiro, com sinais de violência. Catarina Kasten, de 31 anos, saiu de casa por volta das 6h50min para aula de natação, mas não retornou para casa no horário habitual, conforme informou o companheiro da mulher.
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Um homem foi preso algumas horas depois do crime pela Polícia Civil, que investiga o caso por meio da Delegacia de Homicídios.
Mãe e filha mortas
Em Criciúma, nesta quinta-feira (21), Rita de Cassia da Silva Silveira, de 59 anos, e a filha dela, Talia da Silva Silveira, de 28, foram mortas pelo próprio filho e irmão. O homem foi baleado e morto pela polícia no momento em que os agentes chegaram à casa onde o crime ocorreu.
De acordo com a polícia, ele estava em possível surto, e apontava a arma para vizinhos e para os agentes, que tentaram negociar para que ele largasse o armamento. Ainda conforme a polícia, ele não acatou os comandos.
O caso ainda é investigado, ainda sem linha de investigação definida.
Registro de 38 feminicídios até outubro
De acordo com o Observatório de Violência contra a Mulher, já são 38 feminicídios confirmados até outubro de 2025. Se todos os casos citados forem confirmados, o número pulará para 46 casos. De acordo com a advogada Tammy Fortunato, presidente da Comissão Nacional de Combate à Violência Doméstica da OAB Nacional, houve uma queda nos números de casos em 2014, com seis ocorrências a menos em relação, o que mostra que as políticas públicas em vigor podem estar fazendo efeito em Santa Catarina.
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Entretanto, é possível que os números aumentem exponencialmente nesta reta final do ano.
— Foi uma ótima queda [de um ano para outro] mas os números eles se balançam muito, então é possível que 2025 feche acima de 2024. Estávamos prevendo essa disparada dos números de casos, pois quando chega final do ano, as pessoas tem mais momentos de explosão e há disparada de números, infelizmente, então devemos fechar o ano muito próximo dos anos anteriores — disse.

