O sol estará quase se pondo quando a estudante Ana Horst percorrerá os 16 quilômetros da sua casa, localizada no Itacorubi, até o Campeche, no Sul da Ilha, para participar do bloco Onodi, que vai arrastar milhares de pessoas pelas ruas do bairro neste domingo (2), a partir das 17h. Trajada com o look de Carnaval, composto por uma minissaia e uma blusa de crochê para aguentar o calor escaldante, a curitibana marcará presença no mais tradicional bloco da região de Florianópolis.

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Aos 20 anos, Ana diz que conhece o bloco há bastante tempo, quando alguns amigos começaram a ir, mas que só passou a frequentar o Onodi no Carnaval do ano passado. Aquele ano foi conturbado para o bloco, com cancelamento da programação por conta de um impasse entre a organização e a Associação dos Moradores do Campeche (Amocam).

Inicialmente, o Onodi iria mudar de lugar em 2024: passaria do Campeche para a Beira-Mar Continental. No entanto, a organização de última hora no Continente não foi aprovada pela Polícia Militar (PM) e pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).

No entanto, o Carnaval daquele ano não passou em branco. Segundo o site oficial do bloco, o Onodi saiu às 17h da rua da Capela, no Campeche, no sentido da Igreja de São Sebastião até a avenida Pequeno Príncipe, no dia 11 de fevereiro. Ana estava lá e conta que, até o último minuto, o clima foi de incerteza se o bloco iria acontecer de fato.

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— Eu estava com as minhas amigas, todas prontas, fazendo um esquenta, e olhando todas as redes sociais e sites de notícias para ver se alguém confirmava o Onodi. Acabamos indo só à noite, torcendo para ter gente lá — lembra.

Uma multidão já estava lá quando Ana chegou no bloco. Os homenageados, naquele ano, foram o professor Adriano e dona Deuza, que faziam parte da festa, mas faleceram em 2023. Embalada por uma música própria e com marchinhas de Carnaval, a festa alegrou os foliões, inclusive Ana. Entretanto, apesar de muitas pessoas terem comparecido, o número não foi contabilizado.

— Eu estava muito animada e em boa companhia, talvez por isso tenha achado tão bom. Fui em praticamente todos os blocos de rua no ano passado e o Onodi foi o mais vazio, sem dúvidas — conta.

Mas isso não deixou a festa menos animada. Ela diz que, ainda assim, “estava tocando música e deu para se divertir”. Neste ano, Ana conta que pretende ir mais cedo, antes do céu escurecer, para aproveitar mais a folia.

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— Espero que tenha mais música e mais gente também. Amo uma muvuca — pontua.

De acordo com a presidente do bloco, Mariah Vieira Garcia, a expectativa para este ano é que a folia reúna cerca de 5 mil pessoas. O bloco terá no seu tradicional trio a banda Onodi, encerrando a festa com a bateria da União da Ilha, com homenagem ao Lelo do pandeiro, nativo do bairro.

Amizade e ânsia por mudanças no Carnaval

De pé há 27 anos, o Onodi surgiu em 1998 como uma necessidade de mudar o Carnaval de Florianópolis, criando um local com características manezinhas de manifestações culturais, incluindo o sotaque e as famosas histórias que rodeiam a Ilha.

Foram foliões de Carnaval “com boas intenções”, segundo a história contada pelo bloco, que tomaram a iniciativa. Mas por que Onodi?

O nome vem em homenagem ao cachorrinho de um dos integrantes do grupo. Quando perguntado qual era o nome do animal, um presente de um manezinho da Ilha, foi respondido com “ô no di!”. Ao todo, 40 pessoas se reuniram e deram R$ 10 cada para a Banda Nossa Senhora da Lapa arrumar os instrumentos e tomar a frente do bloco, já em 1999.

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Desde então, o bloco não parou mais. Em 2001, o Onodi entrou nas ruas do Campeche pela primeira vez com um tema definido para a festa: Uma Odisséia no Campeche. Depois, a partir de 2005, passou a homenagear pessoas queridas pelo bloco, como Francisco Bregue, o Seu Chico.

Veja fotos do bloco Onodi

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