Um padre do interior de SP chamou o presidente Jair Bolsonaro de “bandido” e disse que quem votou nele “tem que se confessar” e “pedir perdão a Deus pelo pecado que cometeu”.

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“O padre não pode falar que o governo não presta porque o povo não quer ouvir isso?”, questiona Edson Adélio Tagliaferro, da igreja matriz Nossa Senhora das Dores, na cidade de Artur Nogueira (SP). A fala consta em filmagem que circulou pela internet neste domingo (5).

“Um país que já chegou a 60 mil mortos pela pandemia [de Covid-19] e não tem um ministro da Saúde?”, questiona o pároco. “Vocês querem que eu fale o quê? ‘Ah, ele não trabalha porque não deixam ele trabalhar’. Não! É porque ele não presta! Bolsonaro não vale nada. E quem votou nele tem que se confessar. Pedir perdão a Deus pelo pecado que cometeu, porque elegeu um bandido pra por de presidente”, diz Tagliaferro no vídeo.

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 À coluna na noite deste domingo (5), o padre afirma que a gravação foi retirada de uma homilia realizada na última quinta (2). “Naquele dia, tinha uma leitura do profeta Amós. Eu dizia que ele [Amós] fez a crítica dele, mas não escondeu os nomes -ele disse quem eram as pessoas da profecia dele”, segue o pároco.

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“Ele [Bolsonaro] fala de Deus acima de todos, mas não é o Deus de Jesus, porque o Deus de Jesus é o que prega pela vida.”

“Ele [Amós] falava do culto religioso, que Deus não quer um culto estéril, que faça um louvor ao deus da vida, mas as suas atitudes sejam relacionadas à morte. O reino de Deus é o reino da vida”, afirma ele, referindo-se aos óbitos causados pela pandemia do novo coronavírus.

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“E aí acabou saindo essa parte sobre o presidente da República, e cortaram a parte que interessa a eles”, afirma Tagliaferro sobre o vídeo da missa, que foi transmitido ao vivo pelas redes sociais da igreja.

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“Foi tudo muito confuso, acabou esparramando demais. Uns elogiando, outros criticando a fala. Algumas pessoas acham eu que falei contra o presidente porque sou de outro partido. A minha questão é que o cristão tem que fazer uma opção clara pelo reino da vida, e não da morte.”

“Entenderam que eu estava criticando por ser bolsonarista. Na verdade, era pra mostrar que o cristão não pode ser dúbio”, afirma o padre.

“O fato de ele sair à rua sem máscara. O fato de ele querer aglomerações.”

Tagliafierro diz ter ficado impressionado com a repercussão do vídeo. “A minha grande preocupação é que isso saia de forma distorcida e possa ter um vínculo de ódio. Não é essa a minha intenção. Nunca quis pregar ódio, a violência, mas senti que o povo estava desesperado”, afirma.

“O que está pegando é de eu ter chamado ele de bandido. Disso eu me arrependo, porque não tenho provas.”

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