A vista da Praça XV de Novembro, bem no Centro de Florianópolis, ficou diferente nesta quinta-feira (29). O poeta Cruz e Sousa, que olhava para a Capital num mural conhecido como “Cisne Negro”, ao lado do museu que leva o nome do artista, não está mais lá.
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Trabalhadores pendurados na lateral do prédio onde o mural foi pintado em 2019 passavam tinta branca sobre a obra de Rodrigo Rizo, idealizador do projeto Street Art Floripa.
Conheça a história do catarinense Cruz e Sousa, o poeta do Simbolismo
O artista explicou, em uma postagem nas redes sociais, que o apagamento do mural foi feito pela necessidade de manutenção na parede do prédio, que estava com fissuras e infiltrações. “Dada a inviabilidade de fazer as obras de manutenção sem afetar completamente a pintura, optou-se pelo apagamento total desta”, escreveu Rizo.
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Sem data para refazer pintura
“Apesar da minha imensa vontade pessoal de repintar o mural, por enquanto não existe previsão de data para que isso aconteça, já que não possuo nenhuma forma de patrocínio ou financiamento que me possibilite realizar a curto prazo”, explicou.
O mural faz parte do projeto StreetArt Tour, viabilizada pela Lei de Incentivo à Cultura de Florianópolis e com patrocínio de diversas empresas.
“Essa obra tem um significado enorme para a população de maneira geral e para a cultura do município. Trouxe à tona a representatividade do poeta expoente do Simbolismo, João da Cruz e Sousa, cujo rosto estampou por cinco anos a paisagem centenária do coração de uma capital majoritariamente branca, reparando parcialmente os efeitos do apagamento histórico intencional ao qual foi submetido. Ainda que o mural seja apagado, a memória de Cruz e Sousa permanecerá viva na mente e no coração de todos que se sentiram representados por essa obra”, escreveu Rizo.
“Esse mural foi um grande marco na minha carreira como artista. Foi a primeira empena de minha autoria, sendo o meu maior mural até então, com 990 metros quadrados de área, e também o meu maior desafio técnico, físico e mental, pois não é nada simples nem fácil pintar algo com essas proporções monumentais”, continuou.
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“Por mais que seja triste ver um trabalho tão importante assim ser apagado eu já estou acostumado. Já tive centenas de outras obras que também eram importantes para mim e que foram apagadas. A efemeridade é parte essencial da arte de rua. Nada dura pra sempre e tudo está sujeito ao desgaste, então era de se esperar que isso fosse acontecer um dia. Agora fica a inspiração e vontade de buscar uma oportunidade para que essa obra seja refeita, pois ela passou a ocupar um lugar de afeto no coração da população que já sente que algo está faltando naquele espaço. Torço para que Cruz e Sousa volte a ocupar novamente e o mais breve possível esse lugar de destaque que tanto merece”, afirmou o artista.
A postagem foi dedicada ao ator João Batista Costa, conhecido como JB, que interpretou a vida e obra do poeta Cruz e Sousa. O ator morreu em 2 de fevereiro deste ano.
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