A sindicância que apura o caso dos bebês vacinados com soro de cobra em SC não tem prazo para acabar. A informação foi confirmada por Karin Adur, diretora do Hospital Santa Cruz de Canoinhas. Inicialmente, a previsão era de que o caso seria apurado até o último domingo (20), mas o prazo precisou ser prorrogado. A investigação interna continua em paralelo com a apuração do Ministério Público, afirma.

Continua depois da publicidade

O caso aconteceu entre os dias 9 e 11 de julho, quando 11 bebês foram encaminhados para tomar a vacina da Hepatite B. No entanto, o frasco do imunizante teria sido confundido com um soro antibotrópico, ou seja, um antídoto contra picadas de serpentes como jararacas e jaracuçus.

Antídoto para cobra aplicado em bebês em SC não tem contraindicação por idade 

Ainda conforme Adur, nenhuma criança apresentou efeitos colaterais por conta do erro de aplicação. Ainda assim, os bebês estão sendo monitorados pela unidade hospitalar junto à família. 

Segundo Everton Massaneiro, analista logístico e pai de Benjamim, a família ficou abalada ao receber a notícia de que o filho foi um dos bebês afetados pelo erro. Eles foram comunicados, na segunda-feira (14), pela equipe do Hospital Santa Cruz de Canoinhas, onde o pequeno nasceu.

Continua depois da publicidade

— De início, a minha revolta foi muito grande, mas depois eu fui entendendo o caso. A mesma pessoa que aplicou essa vacina errada, foi a mesma pessoa que desafogou o meu filho, foi a mesma pessoa que fez uma lavagem no estômago do meu filho, quando as outras pessoas que estavam ali não identificaram isso. Então, tudo isso ajudou o meu filho a iniciar a amamentação de uma forma melhor — afirma.

Ele ainda conta que seu primeiro instinto foi pensar no bem-estar do filho, mas também pensou sobre a profissional. Segundo Everton, essa pessoa já tem mais de 30 anos de carreira e, até então, não havia cometido outros erros.

— Eu não posso dizer que somente essa pessoa é culpada. Existe uma equipe, existem pessoas que provavelmente fiscalizam, outras pessoas da equipe, porque também a gente sabe que aconteceu os erros no dia 9, 10 e 11. Então, é impossível uma mesma pessoa ter aplicado nesses três dias a vacina, devido à carga horária na jornada de trabalho — diz.

Como aconteceram as trocas de frascos

Os 11 recém-nascidos deveriam ter sido imunizados com a vacina contra a Hepatite B. No lugar, porém, receberam doses de soro antibotrópico, usado contra picadas de serpentes como jararacas e jaracuçus. A diretora da unidade, Karin Adur, afirmou que a similaridade dos frascos pode ter induzido ao erro.

Continua depois da publicidade

Ao g1, ainda relatou que, como as medicações são do mesmo laboratório, o soro teria sido armazenado em um local incorreto. Também reforçou mais um fator que pode ter influenciado no erro:

— E a falta de atenção ao não ler o frasco, o que é uma das exigências para a enfermagem — afirmou ao NSC Total.

Além da sindicância interna do próprio hospital, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) também instaurou uma notícia de fato, nesta quinta-feira (17), para investigar o erro. 

O promotor de Justiça Leonardo Lorenzzon determinou a coleta de informações iniciais com prazo de 10 dias para resposta. Entre os esclarecimentos solicitados ao Hospital Santa Cruz de Canoinhas estão a data do ocorrido, o modo de armazenamento dos frascos, a identificação e qualificação dos profissionais envolvidos. 

Continua depois da publicidade

Além disso, a unidade também deverá detalhar como a situação foi comunicada aos conselhos de classe e entregar um relatório sobre a situação de saúde dos bebês afetados, incluindo as providências adotadas para evitar novos erros.

Leia também

Cidade mais fria do Brasil fica em SC, tem cascata congelada e refúgios com paisagens únicas

Como paixão pela dança gerou parceria entre bailarinas e coleção de roupas versátil para balé

UFSC foi pioneira na emissão do diploma digital, que agora é obrigatório em todo Brasil