O aumento no preço dos alimentos tem forçado os consumidores a adaptações e mudanças de hábitos na hora de ir ao supermercado. Nessa quarta-feira (12), o IBGE divulgou a inflação de fevereiro, que subiu 1,31% em apenas um mês e alcançou o maior patamar para o mês desde 2003, segundo a série histórica do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

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Nos dados de fevereiro, serviços como energia elétrica tiveram a maior influência nos preços. A inflação de alimentos em domicílio, que havia experimentado alta nos últimos meses meses, desta vez registrou elevação de 0,79%

Nos supermercados, a sensação de alta nos preços já vem sendo uma constante nas últimas semanas. Itens como carne bovina, ovos e café têm sido pivô de queixas de consumidores e críticas no campo político. Como se tratam de itens difíceis de substituir ou abrir mão, muitos consumidores têm apostado em mais estratégias de pesquisa para continuar consumindo esses produtos a preços menos alarmantes.

Na semana passada, o governo federal anunciou medidas como corte de impostos federais sobre alimentos da cesta básica, na intenção de reduzir os preços nos supermercados, um dos principais motivos das críticas e da queda na popularidade da gestão federal.

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Pesquisa aponta de quanto foi a alta dos ovos e do café em Joinville

Enquanto as medidas e os indicadores não dão sinais de queda, os consumidores se viram como podem. A servidora aposentada Rose Seibt conta que já percebeu a alta em itens como os ovos.

— A gente vai se adaptando, não faz mais crepioca, faz só a tapioca, sem o ovo — brinca.

Veja fotos sobre a alta nos preços em SC

Na semana passada, quando encontrou uma promoção de picanha, a servidora já garantiu a compra para o churrasco do fim de semana.

— No dia a dia, a gente busca uma coisa ou outra, mas procura ir em redes grandes e monitorar os dias de promoções — afirma.

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Com um número maior de supermercados à disposição, a pesquisa entre promoções ao longo da semana tornou-se uma prática comum de quem busca escapar dos preços mais altos. Para isso, até mesmo a tecnologia pode ajudar.

Promoções e folhetos por celular

O corretor de imóveis Jean Fernando Klock conta que recebe por aplicativos ou mensagens no celular folhetos e promoções de alguns supermercados. A partir disso, ele monitora promoções interessantes de itens que consome.

— Sou corretor de imóveis e circulo bastante pela cidade, então a gente já se organiza e quando está passando próximo a um supermercado que está com algum item mais barato, já passa lá e pega. Semana passada, por exemplo, o café estava de R$ 25 por R$ 19, já aproveitamos e levamos uns três — ilustra.

O olho vivo nos folhetos e anúncios de promoções de diferentes supermercados também é estratégia adotada pela psicóloga Jaqueline Brenner. Ela conta que voltou de uma viagem de 40 dias à Europa e se assustou com os preços quando chegou de volta ao Brasil.

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— Achei que lá estava caro, por ser em euro, mas quando cheguei levei um susto com os preços, vi que aqui também estava — conta.

Ela afirma que passou a ir ao supermercado a cada semana, em vez de fazer compras maiores por mês, e que está mais atenta a ofertas e até a feiras de rua, onde frutas e verduras costumam ter preços mais em conta.

— A gente pesquisa mais a diferença. Pega encartes, olha as promoções, vai em cooperativas. Outra coisa que aumentou é a feira, que na rua sai muito mais barato — afirma.

Os motivos da alta nos preços

Os motivos que levam à recente inflação de alimentos no país são variados. Em produtos como o café, por exemplo, a principal justificativa do setor produtivo é a safra menor em razão de questões climáticas, tanto nos estados brasileiros que produzem o grão quanto em países como o Vietnã, que é o segundo maior exportador de café no mundo e teve redução de 17% no cultivo.

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No entanto, outras questões também entram na equação. O economista e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Lauro Mattei, explica que a alta do dólar registrada desde o fim do ano passado interfere aumentando o nível de exportações dos produtores brasileiros. Isso faz com que os preços no mercado doméstico sofram mais a influência do dólar, e das flutuações que a moeda norte-americana vem sofrendo, o que impacta nos preços.

Na avaliação do professor, essa transmissão dos preços internacionais para o mercado doméstico, desencadeada pelas estratégias de produtores que vendem para o mercado internacional, impactaram mais nos preços do país nos últimos meses do que eventuais questões climáticas.

Para além disso, há outras questões domésticas que também produzem efeitos nos preços dos supermercados.

“Aqui diversos fatores podem estar interconectados. Do ponto de vista da oferta (produção primária), nota-se que ocorreu uma elevação dos preços dos insumos, especialmente dos adubos químicos e dos agrotóxicos, que são importados em dólar. Como essa moeda se valorizou frente ao Real, ocorreram aumentos dos custos de produção”, explica o professor, acrescentando também questões como o preço dos combustíveis, que reflete no custo do frete das mercadorias, e a elevação da taxa de juros, que torna mais caro o acesso ao crédito para o setor produtivo.

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Os campeões da alta de alimentos

Veja os alimentos que mais tiveram alta em 2025, segundo o IPCA

  • Pepino: +44,21% no acumulado de 2025
  • Cenoura: +33,79% no acumulado de 2025
  • Abobrinha: +27,44% no acumulado de 2025
  • Tomate: +24,76% no acumulado de 2025
  • Açaí (emulsão): +20,90% no acumulado de 2025
  • Café moído: +20,25% no acumulado de 2025
  • Coentro: +17,95% no acumulado de 2025
  • Melancia: +16,47% no acumulado de 2025
  • Ovo de galinha: +16,41% no acumulado de 2025
  • Couve-flor: +14,41% no acumulado de 2025

* Variação acumulada de janeiro de fevereiro de 2025 | Fonte: Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IPCA)

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