Uma solução inovadora deve resolver um dos problemas mais incômodos nas áreas urbanas. Um projeto em desenvolvimento por estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em Joinville deve criar um revestimento que reduz os ruídos de trens. O estudo que iniciou em 2017 já está em fase de testes.

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O estudo é produzido por meio do curso de Engenharia Ferroviária e Metroviária da UFSC. O trabalho acontece em parceria com a Vale, empresa multinacional brasileira de mineração.

— A Vale, que transporta minério de ferro pela ferrovia Vitória-Minas, enfrenta desafios como o ruído gerado pelos trens. Como a UFSC é uma das poucas universidades brasileiras com graduação em Engenharia Ferroviária, a empresa buscou parceria com pesquisadores especializados no tema. A colaboração começou em 2017 com projetos relacionados a ruído ferroviário e, em 2023, evoluiu para o desenvolvimento deste revestimento — explica Thiago Fiorentin, um dos professores que coordena a equipe junto com Yesid Ernesto Asaff.

Segundo Fiorentin, a Vale participa definindo critérios de aplicação, como limites técnicos e viabilidade econômica, além de proporcionar testes em ferrovias, compartilhando dados operacionais e financiando o projeto. 

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Como o projeto é produzido

O grupo avança na pesquisa de um novo revestimento para os trilhos, feito com carga mineral proveniente do próprio resíduo gerado pela mineração da Vale, promovendo assim uma alternativa sustentável e de baixo custo.

—  Historicamente, o tratamento do ruído ferroviário tem se concentrado no uso de barreiras acústicas. No entanto, o alto custo e a dificuldade de instalação dessas estruturas em áreas urbanas densamente ocupadas tornaram essa alternativa pouco viável —  aponta o pesquisador Vítor Gustavo Gomes Catão, do Laboratório de Acústica e Vibrações.

Segundo ele, os principais desafios enfrentados ao longo do projeto foram a seleção dos materiais do rejeito compatíveis com diluição em água e eficazes no controle de ruído e o ajuste de propriedades como viscosidade, aderência e resistência a intempéries, como a radiação ultravioleta (UV).

Testes indicam menos ruídos

Segundo a equipe, os resultados ainda não foram publicados porque a tecnologia está em processo de patenteamento, que exige sigilo temporário. No entanto, ensaios iniciais em laboratório mostraram atenuação significativa do ruído, especialmente em faixas de frequência críticas para o conforto acústico das comunidades próximas à ferrovia.

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Os próximos passos incluem testes em ferrovia com diferentes composições de trens para medir a eficácia do revestimento em condições reais, avaliação da durabilidade sob condições climáticas e de tráfego típicas do Brasil e otimização do método de aplicação, com ajuste da composição para maior eficiência e possível redução de custo.

*Sob supervisão de Leandro Ferreira

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