Nos últimos dias, repercutiu em sites e nas redes sociais um suposto alerta emitido pela NASA, ativando um protocolo de defesa planetária. O aviso da agência espacial americana teria relação com algumas características e comportamentos do cometa 3I/Atlas, um objeto interestelar que está passeando pelo nosso cosmos.
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Alguns blogs e influenciadores publicaram que um sistema secreto de defesa planetária teria sido ativado para impedir um possível impacto do cometa com a Terra. Os conteúdos dessas publicações causaram uma onda de preocupação entre os internautas, além de levantar discussões sobre a origem e atividade do cometa e também dúvidas sobre as estratégias de defesa da NASA e de outras agências espaciais.
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Em meio a tanta repercussão, o que se pode ter certeza é que a NASA possui algumas estratégias para desviar pequenos asteroides e cometas que apresentem riscos de colisão com a Terra, além de protocolos de monitoramento e observação que são usados para identificar possíveis ameaças. Não é o caso do 3I/Atlas.
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O cometa 3I/Atlas apresenta algum risco?
Astrônomos e observadores do mundo inteiro são unânimes: o nosso visitante interestelar não apresenta qualquer risco à Terra. Cientistas da NASA e de outras agências confirmam que a trajetória do cometa, embora incomum por ser um objeto vindo de fora do nosso Sistema Solar, o manterá a uma distância segura – a aproximação máxima será de cerca de 270 milhões de quilômetros, em dezembro de 2025.
Descoberto em julho de 2025, o 3I/Atlas é apenas o terceiro objeto interestelar já identificado e, provavelmente, é o cometa mais antigo observado até aqui – estudos indicam que a formação do astro ocorreu antes mesmo do nosso Sol existir. A trajetória é aberta, o que significa que ele está apenas de passagem pelo nosso Sistema Solar.
Apesar de apresentar características incomuns para um cometa, como variações de brilho e jatos de gás e poeira, boa parte do comportamento do 3I/Atlas é igual ou muito semelhante a outros astros da mesma “categoria” já estudados dentro do nosso Sistema Solar.
O que é o protocolo de defesa planetária da NASA
A agência espacial americana possui um plano de ação, com algumas medidas que podem ser adotadas para proteger a Terra de possíveis impactos de asteroides e outros corpos celestes, os chamados Objetos Próximos da Terra (NEOs, na sigla em inglês). A principal meta é descobrir, monitorar e entender esses objetos antes que eles se tornem uma ameaça real, através do uso de telescópios e sistemas de rastreamento instalados em diversas regiões do mundo, inclusive no espaço.
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Esses equipamentos são usados para calcular a rota e as órbitas desses corpos celestes com a maior precisão possível e, pelos resultados, determinar se de fato apresentam chances de se chocar com o nosso planeta.
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Caso algum desses objetos apresentem risco de colisão, o protocolo aponta estratégias para desviar ou neutralizar esse corpo celeste. A missão DART (Teste de Redirecionamento de Asteroides Duplos, na tradução do inglês), é um exemplo de ativação dessas diretrizes quando, em setembro de 2022, essa estratégia foi utilizada para mudar a rota de um pequeno asteroide usando o impacto de uma aeronave.
O protocolo também envolve atividades coordenadas com outras agências e parceiros globais, como a Rede Internacional de Alerta de Asteroides (IAWN, na sigla em inglês). O objetivo é que, se um risco de colisão for identificado, exista um sistema claro para alertar lideranças e comunidades, além de um plano de emergência pronto para ser ativado.
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A NASA ativou o protocolo de defesa planetária por conta do 3I/Atlas?
Apesar das inúmeras publicações feitas nos últimos dias, a informação de que a NASA teria ativado o protocolo de defesa planetária por conta da atividade do cometa 3I/Atlas, na verdade, é uma interpretação equivocada de um comunicado feito pela agência espacial americana e também de um treinamento anual promovido pela IAWN.
O que a NASA está fazendo é uma espécie de força tarefa para monitorar e estudar o cometa 3I/Atlas. Por se tratar de um objeto interestelar e apresentar características incomuns, a agência espacial americana e outros observatórios estão coletando o máximo de informações possíveis sobre o visitante.
O Centro de Planetas Menores (MPC, na sigla em inglês) também comunicou que o 3I/Atlas passou a ser um objeto de estudo por parte de alguns observatórios e agências como a IAWN, e que o cometa é o primeiro objeto interestelar alvo dessa iniciativa, denominada de Campanha de Astrometria de Cometas, que, na prática, se trata de um esforço conjunto de monitoramento de corpos celestes, tendo o cometa interestelar como objeto de estudos e aplicação de técnicas de medição. Portanto, não há qualquer protocolo ou sistema de defesa ativado.
Essa campanha de observação e treinamento, inclusive, não tem relação com a NASA. A agência espacial americana, aliás, está com operações restritas devido a algumas medidas do governo dos Estados Unidos, que reduziu os repasses financeiros para a entidade.
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A NASA, assim como outras agências, segue monitorando e estudando o 3I/Atlas, mas sem nenhuma atividade prevista de proteção ou de desvio de rota. Cientistas descartam qualquer ameaça e, inclusive, foi necessário desmentir teorias conspiratórias, como as que afirmavam que o cometa, na verdade, era uma nave alienígena.
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