Enquanto o Morango do Amor viraliza e eleva a demanda pela fruta em todo o país, Santa Catarina consolida sua posição como o sexto maior produtor de morangos do Brasil, com uma cadeia que movimenta R$ 100 milhões por ano e envolve cerca de 1.500 produtores. Francisco Gervini, pesquisador da Epagri em Urussanga e criador da Rede Morangos SC, afirma que atualmente o morango é a quarta hortaliça mais cultivada no Estado.
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O pesquisador diz que a produção estadual ainda não sofreu impactos diretos com o fenômeno do Morango do Amor, mas destaca que o Estado tem grande demanda pela fruta.
— É uma coisa normal. No momento, é um modismo — diz.
Os estados que mais produzem morango são Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Espírito Santo, depois Santa Catarina. No Estado, as cidades que se destacam são Águas Mornas e Rancho Queimado — essa última, conhecida como a “capital catarinense do morango”.
Segundo o especialista, apesar de 36% do morango consumido em Santa Catarina vir de outros estados, a produção catarinense se destaca pela tecnologia: 73% do cultivo é semi-hidropônico, sistema que reduz pragas, facilita o manejo e garante frutos de qualidade. Com isso, o Estado já é o terceiro em produtividade do país.
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— As pessoas pagam caro porque querem comer. É um apelo visual, as crianças gostam, os idosos também. Santa Catarina tem tudo para ser um dos maiores produtores — afirma Gervini.
O que é o Morango do Amor
Morangos mais graúdos fazem sucesso
De acordo com Emerson Martins, diretor técnico da Central de Abastecimento (Ceasa) de São José, a busca por morangos tem se concentrado em tipos mais graúdos, que atualmente têm sido trazidos de Minas Gerais. O preço subiu 12% nos últimos dias devido à febre do Morango do Amor, passando de R$ 32 para R$ 38 em média.
De acordo com o pesquisador Francisco Gervini, os morangos maiores são comuns nas primeiras floradas, que aontecem entre setembro/outubro, no início da temporada, e em certas variedades. De acordo com ele, no entanto, os morangos mais desejados costumam ser os mais doces.
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A variedade Pircinque, uma das mais doces, originada na Itália, foi introduzida recentemente no mercado brasileiro pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Esse tipo necessita de de frio e dias curtos — um desafio diante das condições climáticas no Brasil.
— Temos varias variedades no Estado, os principais são San Andreas e Albion, mais comuns em Santa Catarina e todos os estados do Brasil, que podem ser produzidas no verão — destaca.
Inovação e desafios
Com investimentos em pesquisa e tecnologia, Santa Catarina busca ampliar sua participação no mercado nacional. Gervini coordena projetos da Epagri para desenvolver mudas tolerantes ao calor e reduzir a dependência de importações. Segundo ele, muitos produtores precisam importar mudas da Argentina, Chile e Espanha, pagando royalties, e muitas vezes as mudas não são de boa qualidade.
Atualmente, a Epagri prepara uma estação experimental em Urussanga com estrutura de três ambientes protegidos e automatizados, uma das mais modernas do país. O pesquisador destaca também o uso de controle natural de pragas e a busca por genótipos adaptados às mudanças climáticas.
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— O que nos estamos propondo é um trabalho de produção de mudas de alta qualidade, com menor preço e que a gente possa disseminar esses materiais (genótipos) novos que estão surgindo — diz o especialista.
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