Representantes da ozonioterapia, que ficou conhecida após o prefeito de Itajaí indicar o uso retal do tratamento, se dizem discriminados e tentam reverter a proibição da prática em meio à epidemia de coronavírus.

Continua depois da publicidade

Depois de homeopatia, vermífugo e ozônio, prefeito de Itajaí anuncia que adotará cloroquina

A Sociedade Brasileira de Ozonioterapia Médica (Sobom) pediu à Procuradoria Geral da República que investigue suposta discriminação do Conselho Federal de Medicina (CFM) com a técnica.

A modalidade consiste na aplicação de uma mistura dos gases oxigênio e ozônio no corpo por diversas vias e ficou famosa depois que o prefeito da cidade de Itajaí Vôlnei Morastoni (MDB), que é médico, ter afirmado em uma live da prefeitura que ofereceria a aplicação pelo ânus de pacientes infectados pelo coronavírus.

Sem nenhuma comprovação científica, a ozonioterapia, porém, tem autorização do CFM somente para ser aplicada de forma experimental.

Continua depois da publicidade

Em sua petição, destinada ao procurador geral Augusto Aras, a Sobom acusa o CFM de ter liberado o uso da cloroquina e hidroxicloroquina, mesmo sem a evidências científicas de sua eficácia, e não procedeu com uma avaliação igual com a técnica da ozonioterapia no tratamento diante da Covid-19.

Saiba como receber notícias do NSC Total no WhatsApp

A sociedade argumenta que o Ministério da Saúde incluiu a ozonioterapia como Práticas Integrativas e Complementares (PICS), segundo portaria 702/2018, publicada em março de 2018.

Desde o mês seguinte, o CFM tornou a ozonioterapia “procedimento experimental”. Com isso, determinou que ela só pode ser realizada “em instituições devidamente credenciadas” e sob o escopo de estudos. Sua aplicação deve seguir critérios definidos pelo Conep (Conselho Nacional de Pesquisa e Ética).

Viúva faz live do sepultamento de pastor vítima do coronavírus no Oeste de SC

A Associação Brasileira de Ozonioterapia (Aboz) coordena o estudo na cidade de Itajaí sobre a possibilidade de utilizar da técnica tanto como prevenção ou melhora dos problemas respiratórios.

Continua depois da publicidade

Segundo a Aboz, que faz lobby junto ao CFM pela regularização da terapia, ela tem apresentado eficácia no tratamento de doenças virais como a influência aviária.

Nota de R$ 200 começa a circular nesta quarta-feira

“A cloroquina e a hidroxicloroquina são medicamentos mais fáceis de se aceitar. O CFM cedeu a pressões da sociedade, que pediu que os medicamentos fossem utilizados”, afirma a médica e presidente da Sobom, Maria Emilia Gadelha Serra. 

“Outra explicação para essa resistência é a questão econômica. A oidroxicloroquina não representa nenhuma ameaça sob o ponto de vista financeiro para o sistema estabelecido no Brasil em relação ao tratamento medicamentoso tradicional. A Ozonioterapia pode impactar, e muito, nessa questão, pois representa potencial economia de recursos do SUS entre 20% a 80%.”

Concursos públicos em SC: veja vagas em setembro, salários e como se inscrever

Na petição, a Sobom também argumenta que, embora vetada pelo CFM, a técnica é reconhecida por outras entidades como biomedicina, enfermagem, fisioterapia e odontologia.

Continua depois da publicidade

“A ozonioterapia foi considerada uma terapia integrativa e complementar pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e essa postura do CFM objetiva privar a população do acesso ao tratamento”, diz Serre.

“É tratamento reconhecido, não apenas pelo SUS e pelo Ministério da Saúde, mas também por todas as outras áreas da saúde.”

Vacinação é proteção individual e coletiva, diz Sociedade Brasileira de Imunizações após fala de Bolsonaro

O Conselho Federal de Medicina afirma não ter sido notificado sobre o assunto. No entanto afirma que já se manifestou sobre a falta de evidências sólidas sobre o uso da ozonioterapia. Até o momento, o CFM não foi acionado oficialmente pelo MPF.

Continua depois da publicidade

No entanto, em diferentes oportunidades, a autarquia já manifestou sobre a falta de evidências científicas sólidas sobre o uso da ozonioterapia.

Segundo o órgão, a terapia só pode ser usada em caráter experimental, “com a concordância dos participantes com as condições em que a pesquisa será realizada, a garantia de sigilo e anonimato para os que se submeterem à prática, a oferta de suporte médico-hospitalar em caso de efeitos adversos e a não cobrança do tratamento em qualquer uma de suas etapas”.

Neymar está com coronavírus, diz jornal francês

Ou seja, médicos estão proibidos de receitar esse tipo de tratamento, sob risco de responder procedimentos disciplinares.

Antes de tomar a decisão, o CFM afirma que houve a “análise de uma série de estudos e trabalhos científicos sobre o tema”.

Continua depois da publicidade

“De acordo com o relator da Resolução, o conselheiro federal Leonardo Sérvio Luz, os trabalhos são ainda incipientes e não oferecem aos médicos e aos pacientes a certeza de que a ozonioterapia é eficaz e segura”, afirma o órgão, em documento.