Uma baleia-franca-austral foi avistada na manhã desta segunda-feira (7) nadando pelas águas de Itapoá, cidade do Litoral Norte de Santa Catarina. Acompanhada do filhote, o animal exibiu toda sua grandiosidade com acrobacias na região da Barra do Saí.

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Em vídeos compartilhados nas redes sociais, é possível ver a família no mar catarinense. A fêmea veio à região para ter o filhote e passar os primeiros meses de vida em águas com temperaturas mais amenas. Durante esse período, ela aproveita para ensinar alguns “truques” ao bebê, como as acrobacias flagradas por um drone.

Confira registros da família

Presença da baleia-franca em Itapoá

A presença da baleia-franca-austral, de nome científico Eubalaena australis, é comum no Litoral catarinense nessa época do ano. Segundo a diretora de pesquisa do Projeto Franca Austral, Karina Groch, a região é uma área de concentração reprodutiva da espécie.

A bióloga relata que as fêmeas viajam, saindo da Antártica, ainda grávidas. Elas têm os filhotes em águas brasileiras e passam os primeiros meses de vida dos filhotes — cerca de três meses — no Litoral.

A temporada de baleias-franca no país vai de julho a novembro, com pico de ocorrência em setembro. No entanto, em 2025 as primeiras baleias foram avistadas no Litoral de Santa Catarina no final de maio. Isso pode acontecer, segundo Karina, devido à disponibilidade de alimentos na região antártica, onde a espécie se alimenta durante o verão. No Brasil, porém, as baleias adultas não se alimentam.

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— A fêmea fica em jejum, ela se alimenta durante o verão na região antártica, armazena energia na forma de gordura e vem para cá consumindo essa gordura para o nascimento do filhote. Cuida desse filhote, amamenta durante todo o período que está aqui e depois durante o retorno até a Antártica — detalha a bióloga.

Família flagrada em Itapoá

Quando o filhote nasce, a família pode passar vários dias na mesma enseada. Acostumadas a viver em águas rasas, esses são os momentos que podem ser flagrados por moradores e turistas em Santa Catarina.

De acordo com a diretora de pesquisa do Projeto Franca Austral, do Instituto Australis, a família flagrada em Itapoá permanecerá na região até que o filhote fique mais forte e aprenda, principalmente, a nadar.

— Quando o filhote nasce ele é bem desengonçado, digamos assim. Ele precisa aprender a nadar, precisa aprender a permanecer junto com a mãe. Ele vai ter aulas de coordenação motora, de habilidades, vai aprender a subir na superfície para respirar — porque as baleias têm respiração pulmonar como nós e por isso elas vêm a superfície para respirar. Então tudo isso faz parte do aprendizado do filhote. Nos exercícios, às vezes ele pode saltar, pode fazer alguma exibiçãozinha de nadadeirinha. Faz parte dessas primeiras semanas de vida dos filhotes — conta a bióloga.

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Veja baleias em Itapoá

Espécie ameaçada de extinção

A pesquisadora ainda conta que, quando a fêmea entender que o filhote está forte e pronto, a dupla deve iniciar o retorno à região antártica. Nesse período, a baleia ainda tem uma reserva energética para conduzir o filhote de volta ao extremo Hemisfério Sul. Chegando lá, a fêmea volta a se alimentar.

Enquanto os animais ainda estão no Litoral Norte catarinense, entretanto, a população precisa estar atenta às regras impostas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

— A portaria número 117 estabelece diversas normas de aproximação, de alistagem e de observação de baleias. Tem áreas que a observação embarcada com finalidade comercial não é permitida, como no Sul do estado dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca. E nas outras áreas a observação embarcada tem que seguir as normas da portaria 117 — afirma a bióloga.

A regras impostas na lei visam a preservação da espécie, que atualmente é ameaçada de extinção no Brasil. Segundo a bióloga, a espécie foi caçada por muito tempo e está se recuperando. O processo, porém, é lento em função do ciclo de vida.

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— É fundamental a gente garantir que elas tenham tranquilidade, segurança e qualidade do ambiente para se reproduzir, para cuidar dos filhotes, enfim, para desenvolver o seu ciclo de vida que é uma etapa fundamental aqui no nosso litoral.

Conheça algumas normas para observar as baleias-franca, segundo o Instituto Australis:

  • Não sobrevoe as baleias com quaisquer aeronaves a uma altitude inferior a 100 metros sobre o nível do mar;
  • Respeite as áreas fechadas à observação embarcada na APA da Baleia Franca;
  • Respeite as distâncias de aproximação embarcada (desligar ou colocar os motores em neutro a 100 metros);
  • Nunca avance bruscamente na direção das baleias;
  • Nunca se aproxime por detrás das baleias, nem intercepte o seu curso, mantenha-se afastado em posição lateral;
  • Não separe grupos de baleias ou mães de filhotes;
  • Nunca religue os motores sem avistar claramente os animais na superfície;
  • Não faça ruídos desnecessários, nem jogue qualquer objeto na água;
  • Não permaneça junto às baleias por mais de 30 minutos;
  • Nunca nade em direção às baleias, o risco de acidentes é grande.

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