Chamaram atenção dos investigadores os endereços dos mandados de busca e apreensão cumpridos nesta quarta-feira (14) em Santa Catarina, contra a ‘herdeira’ de um chefe do tráfico assassinado no Rio de Janeiro, em 2019. Dois imóveis de luxo eram alugados pela mulher no Estado – uma mansão em Jurerê Internacional, onde ela estava vivendo há cerca de um mês, e uma cobertura triplex em Balneário Camboriú.
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A ostentação é uma marca registrada da ‘herdeira’. A mulher, de 35 anos, tem uma vida de luxo em mansões, viagens internacionais e carros conversíveis. Ela é suspeita de gerenciar o espólio de Léo do Aço, traficante ligado à maior organização criminosa do Rio de Janeiro.
Léo do Aço gerenciou o comércio de drogas em favelas da Zona Oeste do Rio até 2017, quando passou a trabalhar para a milícia. Segundo reportagem do jornal O Globo, publicada no ano passado, antes de morrer o traficante acusou policiais militares de corrupção, traiu o tráfico e os milicianos.
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Morto, o Léo do Aço teria deixado para trás uma grande quantidade de dinheiro – que, segundo a polícia, a ‘herdeira’ passou a administrar e lavar, junto com o ex-marido. A polícia chegou até a mulher depois que identificou movimentações milionárias na conta pessoal dela e do ex-companheiro, um ex-PM do Bope do Rio de Janeiro, que está preso.
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Luxo em SC
O aluguel de imóveis de alto luxo pela ‘herdeira’ tem se repetido ao longo dos últimos anos. No Rio, ela morou em condomínios com endereços nobres como Recreio dos Bandeirantes, São Conrado e Barra da Tijuca, onde foi vizinha da cantora Anitta. Sempre com aluguéis que variam entre R$ 15 mil a R$ 30 mil.
– O custo anual de aluguéis é de R$ 1 milhão por ano – diz o delegado Gabriel Poiava, da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro do Rio de Janeiro (DCOC-LD), que comandou o cumprimento de mandados em SC nesta manhã, com apoio da Polícia Civil catarinense.
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Segundo ele, a mulher costuma usar os imóveis para promover grandes festas e tem o hábito de publicar as fotos dos eventos nas redes sociais. Em uma delas, aparece fantasiada de rainha de copas. Foi essa imagem que deu nome à operação desta quarta-feira – Operação Rainha de Copas.

Fora do padrão
A ‘herdeira’ não segue o padrão de criminosos que lavam dinheiro em Santa Catarina, onde é comum, por exemplo, a compra de imóveis de luxo pelos barões do tráfico internacional. A predileção por endereços em Balneário Camboriú já foi inclusive tema de reportagem no Fantástico.
– Os imóveis dela eram alugados e usados para ostentar. A lavagem de dinheiro é feita com empresas de fachada – afirma o delegado.
O que chamou atenção da polícia foi a movimentação financeira das empresas ligadas à mulher. É o caso de uma fornecedora de materiais descartáveis para festas, que registrou movimentação bancária de R$ 2,5 milhões em três anos. A mulher também possui uma firma de aluguel de lanchas e uma empresa de cosméticos. Os negócios são administrados por ela e o atual marido, um policial militar licenciado da PM do Rio de Janeiro.
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O delegado Gabriel Poiava acredita que o casal tinha interesse em abrir filiais das empresas em Santa Catarina. Nos imóveis em SC foram apreendidos dois carros, celulares, documentos e contratos.
– Nesta primeira fase de investigação, o objetivo era bloquear valores, o patrimônio. Precisávamos entender melhor como funciona o esquema de lavagem de dinheiro – explica.
O delegado Antônio Cláudio Seixas Joca, da Deic, diz que, caso seja apurado pela polícia carioca que houve prática de crimes em Santa Catarina, a Polícia Civil também abrirá investigação no Estado. Por enquanto, os trabalhos se concentram no Rio de Janeiro.
Além de movimentações milionárias em contas bancárias, criação de empresas de fachada e ostentação em casas e bens de luxo, as investigações indicam que os integrantes da organização criminosa construíram um canal de comunicação com traficantes de diversas comunidades administradas pela facção, que usavam para vazar informações sobre operações policiais.
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