Houve tempos em que a geografia das urnas passava, por tradição, pela origem dos candidatos a governador em Santa Catarina. Era necessário um olhar apurado para não esquecer do Oeste, levar em conta o Norte e não esquecer do Sul. Os tempos são outros. A porção meridional catarinense que o diga.
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No super sábado das convenções, o que de mais perto soprou do Sul foi Carlos Moisés. O governador, avalizado pelo Republicanos para buscar o segundo mandato no pleito de outubro, tem base profissional na região, embora natural de Florianópolis. Militou por décadas no Corpo de Bombeiros entre Tubarão e Criciúma e, desde esses tempos, é veranista assíduo da praia do Ypuã, em Laguna.
Passou discreto nos veraneios e nas pescarias do Ypuã até o verão de 2018, meses antes de, já aposentado, lançar-se na aventura de, anônimo no cenário político, lançar-se candidato pelo então incipiente PSL. A onda 17 o levou da pesca abundante, da mesa farta e das cantorias no Ypuã para a rotina no Palácio d´Agronômica. Nos tempos praianos, era habituê nas reuniões de condomínio da praia, sem sinalizar até aquele ano eleitoral que poderia tornar-se governador. Tornou-se.
É esse Carlos Moisés – depois de um carrossel de emoções em quase 4 anos de mandato (com direito a dois processos de impeachment) – que carrega, de alguma forma e com “exclusividade”, o Sul à disputa majoritária de 2022. Ao menos entre as chapas mais cotadas.
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Senão vejamos: o vice indicado para Moisés é Udo Döhler (MDB), de Joinville. O União Brasil vai com Gean Loureiro (ex-prefeito da sua terra natal, Florianópolis) e Eron Giordani (do Oeste, natural de Faxinal dos Guedes, filho de ex-prefeito e de ex-vereadora, ex-secretário municipal em Chapecó).
Poderia até vir do palanque do florianopolitano Esperidião Amin (PP) a chance de alguém do Sul na majoritária, mas a chance é nula. É que Amin ainda nutre a esperança de vitaminar sua chapa com o PSDB, e ofereceu aos tucanos a perspectiva de alguém do Sul. Sua vice dos sonhos é a deputada federal Geovânia de Sá, que por sua vez está mais inclinada a lutar pelo terceiro mandato em Brasília.
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Tucanos passam por Criciúma
O namoro com os tucanos move também Carlos Moisés. E o Sul entra na parada. Nem tanto para ocupar espaço em chapa, mais para debater mesmo. É que o “linha de frente” do PSDB para discutir o rumo é o prefeito Clésio Salvaro, de Criciúma. Salvaro que esteve perto de ser candidato a vice-governador em uma chapa ventilada com João Rodrigues (PSD), mas a parceria não vingou. Salvaro quer estar na urna em disputa majoritária estadual em 2026. Antes, almeja finalizar novo mandato em Criciúma. Pelos sinais emitidos por Salvaro, o PSDB está mais perto de Moisés do que de Amin.
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O senador Jorginho Mello (PL), que ainda não tem vice, bem que tentou agregar alguém do PSDB do Sul, mas a chance evaporou. Jorginho é natural do meio-oeste. Nasceu em Ibicaré.
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PDT pode ir com deputado do Sul
O espaço que a política meridional estava por ocupar efetivamente em majoritária das mais cotadas era na Frente Democrática, a do grupo da esquerda. O ex-deputado federal Jorge Boeira, que já foi do PT, PP e PSD, estava indicado para levar o PDT a disputar uma cadeira no Senado. Boeira é gaúcho de nascimento, radicou-se em Araranguá onde iniciou carreira política e hoje tem vínculos empresariais e políticos em Criciúma.
O cenário mudou faz poucos dias, com o avanço (já previsto por muitos) de Dário Berger (de Bom Retiro, na Serra) rumo à perspectiva de buscar a reeleição pela Frente Democrática com o PSB, ocupando o espaço que estava destinado aos pedetistas. Com isso, o presidente do PDT, Manoel Dias (que é do Sul, foi vereador e deputado por Içara), já avisou: sem a vaga ao Senado, o PDT lança Jorge Boeira para governador. Logo, a chance de o Sul estar em majoritárias passa por aí.
A aposta atual na Frente Democrática é que o ex-deputado Gelson Merisio (Solidariedade, de Xaxim, no Oeste) componha de vice na chapa encabeçada por Décio Lima (PT, natural de Itajaí). Um dos movimentos para acomodar o PDT seria Merisio abrir mão de disputar com Boeira tornando-se o vice.
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Sul no NOVO e no PSTU
O primeiro partido a realizar convenção, logo no início do prazo legal, foi o NOVO, que confirmou a chapa pura com o promotor Odair Tramontin (de Campo Erê, no Oeste) para governador e o empresário criciumense Ricardo Althoff para vice. Ao Senado vai Luiz Barboza Neto, de Florianópolis.
Outra possibilidade de um candidato natural do Sul concorrer em majoritária está em um dos pequenos partidos da extrema-esquerda. Natural de Criciúma e residente em Cocal do Sul, o professor de Filosofia Alex Alano será escolhido candidato a governador neste domingo. Vai ser durante convenção online do PSTU, que irá conferir ao professor Alex sua primeira experiência eleitoral.
Os candidatos e suas origens
Republicanos – Carlos Moisés, governador (de Florianópolis)*
MDB – Udo Döhler, vice-governador (de Joinville)*
MDB – Celso Maldaner, senador (de Chapecó)*
União Brasil – Gean Loureiro, governador (de Florianópolis)*
PSD – Eron Giordani, vice-governador (de Faxinal dos Guedes)*
PSD – Raimundo Colombo, senador (de Lages)*
PP – Esperidião Amin, governador (de Florianópolis)*
PTB – Kennedy Nunes, senador (de Joinville)*
NOVO – Odair Tramontin, governador (de Campo Erê)*
NOVO – Ricardo Althoff, vice-governador (de Criciúma)*
NOVO – Luiz Barboza Neto, senador (de Florianópolis)*
PODEMOS – Nazareno Martins, senador (de Palhoça)*
PT – Décio Lima, governador (de Itajaí)**
Solidariedade – Gelson Merísio, vice-governador (de Xaxim)**
PSB – Dário Berger, senador (de Bom Retiro)**
PDT – Jorge Boeira, senador ou vice-governador (de Vacaria, RS)**
PSOL – Afrânio Boppré, senador (de Florianópolis)**
PL – Jorginho Mello, governador (de Ibicaré)**
PL – Jorge Seif Júnior, senador (do Rio de Janeiro, RJ)**
PROS – Ralf Zimmer, governador (de Chapecó)**
PSTU – Alex Alano, governador (de Criciúma)**
PSTU – Gabriela Santetti, vice-governadora (de Porto Alegre)**
PSTU – Gilmar Salgado, senador (de Maravilha)**
* partidos que já realizaram convenções
** partidos que ainda não realizaram convenções
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