No agito da pauta política desta terça-feira (29) em Criciúma, as atenções no fim da tarde estiveram voltadas à Câmara. Os 17 vereadores votaram a reprovação das contas do ex-prefeito Márcio Búrigo (na época no PP, hoje no PL), relativas ao exercício de 2016. Se Márcio não tivesse 12 votos a seu favor, contra o relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE), se tornaria inelegível, o que inviabilizaria seu projeto de buscar uma cadeira na Assembleia Legislativa (Alesc) em 2022.
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Depois de muito articular, Márcio teve sucesso. Foram três votos reprovando as contas e 14 repudiando a recomendação do TCE, mantendo o ex-prefeito elegível. – Sei que muitos me atacaram e, de forma sorrateira, tentaram mudar votos para me deixar inelegível. Mas o bem venceu o mal – desabafou Márcio. Nas articulações para garantir o aval na Câmara, Márcio teve até um discreto apoio do antigo desafeto e atual prefeito Clésio Salvaro, que liberou os vereadores do PSDB. Com essa orientação, acabaram sendo fieis da balança para livrar Márcio da inelegibilidade.
– Todos sabem da minha honestidade – afirmou Márcio. Ele lembrou que os R$ 104 milhões de déficit acusados nas contas de 2016, que embasaram a reprovação sugerida pelo TCE, têm relação com cobranças de precatórios e com investimentos na saúde e educação.
Agora no PL, Márcio foi vice de Salvaro
Em busca de espaço para concorrer a deputado estadual, Márcio Búrigo deixou o PP em 2019. Antes, ele foi vice-prefeito eleito com Clésio Salvaro (PSDB) em 2008.
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A chapa foi reeleita em 2012, mas Salvaro perdeu os direitos políticos. Houve uma eleição suplementar em 2013 e, com o apoio do tucano, Márcio elegeu-se com 72% dos votos. Em seguida, rompeu com Salvaro. Os dois se enfrentaram nas urnas em 2016. Com os direitos reconquistados, Salvaro conseguiu expressiva vitória: 75% a 11%.
Logo após deixar o PP, Márcio filiou-se ao PL. A convite do senador Jorginho Mello, assumiu a coordenação regional do partido.
Na votação, vereador denuncia ameaça
O vereador Daniel Antunes (PSL), que se posicionou contra o parecer do TCE e a favor de Márcio Bùrigo, revelou que foi alvo de uma ameaça para mudar o voto. – Eles vieram no meu gabinete ontem (segunda-feira) e disseram que eu deveria votar contra a aprovação das contas do ex-prefeito – confirmou Antunes.
Segundo o parlamentar, que não conversou diretamente com os autores da ameaça, eles foram além. – Eu não estava no gabinete na hora, eles falaram com a minha assessoria. Eram dois homens, eles disseram que iriam atrás de mim, que sabiam onde eu morava – detalhou. – O meu gabinete tem porta de vidro, para que todos vejam o que acontece lá dentro. Não admito desrespeito nem interferência no meu trabalho – afirmou, sublinhando essas posições em discurso na tribuna da Câmara durante a sessão que votou as contas do ex-prefeito.
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Antunes, que é vereador em primeiro mandato pelo PSL, registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil. O presidente da Câmara, vereador Arleu da Silveira (PSDB), orientou Antunes a procurou suporte da assessoria jurídica do Legislativo. Imagens do circuito interno de câmeras já foram analisadas e ao menos um dos envolvidos estaria identificado. As investigações prosseguem.
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Em Criciúma, risco de 15 candidatos à Alesc
Márcio Búrigo entrou no time de pré-candidatos de Criciúma a deputado estadual em 2022. É possível que a cidade tenha em torno de 15 candidatos à Alesc. O MDB é o que tem mais indicações: o ex-governador Eduardo Moreira, o médico Anibal Dario e a ex-vereadora Tati Teixeira. Os atuais estaduais do MDB de Criciúma, Luiz Fernando Vampiro e Ada de Luca, devem disputar a eleição à Câmara Federal.
O PSD ainda busca um nome na cidade, que seria o da ex-vereadora Camila do Nascimento, mas ela anunciou transferência para o Podemos, pelo qual será candidata a deputada estadual. A vereadora Giovana Mondardo é colocada como pré-candidata do PCdoB. O suplente de deputado estadual Cleiton Salvaro (que foi titular na legislatura passada na Alesc), deixou o PSB e migrou para o PSDB, com a intenção de concorrer de novo, mas ele deverá disputar espaço com o secretário municipal de Saúde, Acélio Casagrande (ex-deputado estadual e federal) e com o vereador Arleu da Silveira. O PSB lança o nome do empresário Fábio Brezola.
O deputado Jessé Lopes, ainda filiado ao PSL, buscará segundo mandato pelo novo partido ao qual deverá se filiar, seguindo o rumo do presidente Jair Bolsonaro. O atual vereador Júlio Kaminski deverá concorrer a deputado estadual pelo PSL.
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Outros que concorreram a prefeito, o deputado estadual Rodrigo Minotto tentará a reeleição pelo PDT e Chico Balthazar é uma opção do PT para a Alesc. O ex-deputado Valmir Comin está cotado para concorrer novamente pelo PP e são especulados ainda os nomes do ex-vereador Aldinei Potelecki (Republicanos) e da professora Lisiane Tuon (DEM).
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As projeções não levam em conta nomes de pré-candidatos de outras cidades da região carbonífera, vizinhas a Criciúma, o que farão elevar ainda mais essa acirrada disputa prometida para o próximo ano. O fim das coligações nas eleições proporcionais é o fator que determina um salto no número de candidaturas, para que os partidos alcancem as legendas.
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