Indicações políticas para conselhos de administração não são novidade no Brasil para empresas estatais, nem para as privadas com forte participação de acionistas públicos. Mas, as confirmações dos nomes dos ministros Carlos Lupi, da Previdência, e Anielle Franco, da Igualdade Racial para compor o conselho de administração da catarinense Tupy, uma das principais fundições do mercado mundial, motivaram interesse na mídia e comentários críticos nas redes sociais no fim de semana.
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A Tupy é, literalmente, uma indústria de ferro porque desde que foi fundada, há 85 anos, em Joinville, fabrica componentes de ferro fundido como blocos e cabeçotes de motores de grandes máquinas e outros itens.
Ministros do governo Lula são eleitos para conselho da catarinense Tupy
As nomeações, como informou aqui no NSC Total o colunista Pedro Machado sexta-feira, foram do BNDES. O Banco é controlador da BNDESPar, que detém 28,2% do capital da Tupy, a maior parcela e, assim, tem direito de nomear conselheiros. O segundo maior acionista da empresa é a Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, com 24,8% do capital.
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Os críticos argumentam que são nomeações políticas, que visam principalmente remuneração, porque nenhum dos dois têm o currículo necessário para aconselhar multinacional com esse perfil técnico. Os salários anuais de conselheiros variam de R$ 500 mil a R$ 1 milhão. Conforme o fato relevante divulgado sexta, Lupi é graduado em administração de empresas, foi secretário de Transportes do Rio de Janeiro e ministro do Trabalho.
Anielle Franco é educadora, bacharel em jornalismo e inglês pela Universidade Central da Carolina do Norte (EUA) e doutora em linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Também foi conselheira de organizações como Instituto Peregum e Mulheres Negras Decidem.
– Caso os sócios indiquem candidatos para os conselhos de administração e fiscal, os indicados devem possuir alinhamento com o propósito da organização, competência técnica, experiência e reputação ilibada, bem como capacidade de atuar de maneira diligente e independente de quem os indicou – diz o novo Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, recém-lançado pelo IBGC.
Apesar de ser uma empresa privada, a Tupy, na maior parte da trajetória, teve uma certa proximidade com o setor público. Mas passou a ter um controle estatal indireto em 1995, quando entrou em crise e foi adquirida pelo BNDES, Previ e outros fundos.
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Uma observação mais detalhada do currículo dos nove conselheiros atuais da companhia, permite concluir que apenas um é engenheiro de produção, e nenhum com formação específica de metalurgia, que é o negócio da empresa. A maioria tem cursos de finanças e alguns contam com formação específica de conselheiro empresarial.
Para um analista de mercado ouvido pela coluna, a Tupy é uma empresa que serve aos interesses da Previ e do Banco do Brasil desde que foi adquirida por essas instituições. Assim, também serve aos interesses do governo. O conselho é integrado, principalmente, por ex-bancários.
Ainda segundo essa fonte, a companhia tem um desempenho mediano, mas como detém grande parcela do mercado em que atua e está em Santa Catarina, a gestão limitada do conselho é compensada pela alta capacidade tecnológica e alta qualificação dos trabalhadores na área de metalurgia.
Entre os que se manifestaram nas redes sociais sobre essa troca de conselheiros está o industrial catarinense Emílio da Silva Neto, PhD em engenharia mecânica e consultor empresarial.
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– São indicações meramente para remunerar alguém do partido porque para ser conselheiro a pessoa tem que ter um grande conhecimento teórico sobre gestão de uma empresa, ter experiência prática. A pessoa tem que ter sido um gerente, um diretor, preferencialmente presidente de uma empresa e alguém que viveu a realidade da empresa – afirmou Emílio da Silva Neto.
Existe um esforço e uma tendência do mercado para incluir nos conselhos empresariais mais diversidade, com destaque para mulheres. Mas lideranças femininas com experiências nos conselhos defendem que essa escalada deve ser feita com competência específica para o negócio, com inclusão de pessoas qualificadas. Isso falta no conselho da Tupy, mas está presente nos conselhos da WEG e Totvs, por exemplo.
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