Um plano de manejo de águas de chuvas é fundamental para as cidades, em especial agora que o mundo enfrenta eventos climáticos extremos, com cheias importantes. O alerta é da especialista nessa área, a engenheira civil e professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Alexandra Finotti, que fez a palestra de abertura do 3º Fórum de Saneamento em Áreas Sensíveis Habitasul/SAE, em Florianópolis, nesta quinta-feira, Dia Internacional do Meio Ambiente. Ela falou sobre “O cenário da drenagem no mundo” e explicou o modelo de Paris.
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Alexandra Finotti tem sólida formação e experiências nessa especialidade. É mestre em Engenharia Ambiental pela UFSC, doutora em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e fez pós-doutorado no Instituto Nacional de Ciências Aplicadas (INSA) de Lyon e na Ecole de Ponts et Chaussées de Paris, a principal escola de engenharia da França. Tem experiências na área tanto em tecnologia quanto em gestão ambiental e é supervisora do Laboratório de Águas Pluviais Urbanas e Técnicas Compensatórias da UFSC (Lautec).
Veja mais fotos da engenheira e professora Alexandra Finotti e do 3º Fórum Habitasul/SAE:
– Eventos extremos climáticos têm acontecido em maior quantidade. Então, o manejo de águas pluviais urbanas é muito importante porque é uma das ferramentas existentes para que possamos proteger as cidades desses eventos. Não é uma questão simples porque as cidades já estão implantadas e é preciso fazer adequações além de prevenir nos casos de novos parcelamentos do solo. Então, um plano de manejo de águas urbanas é fundamental para que se consiga fazer isso, para que se consiga encontrar as melhores soluções para o manejo das águas. Isso porque as cidades precisam se desenvolver de forma harmoniosa com as águas – explica Alexandra Finotti.
A professora observa que há décadas muitas cidades fazem tentativas que buscam afastar rapidamente as águas acelerando seu escoamento e transferindo as cheias para outros locais. A ocupação inadequada e a má gestão das águas são problemáticas, porque sua correção requer soluções difíceis e caras.
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– Então, um bom manejo de águas pluviais para uma cidade, especialmente uma cidade como Florianópolis, é fundamental, principalmente agora em que estão acontecendo eventos climáticos de magnitude e frequências maiores – observa ela.
A especialista diz preferir usar o termo “manejo de águas pluviais urbanas” do que drenagem. Isso porque o termo “manejo de águas urbanas” já traz dentro dele a concepção de que não é drenar, afastar as águas rapidamente, mas sim de reordenar a disposição dessa água na bacia ou bacias da cidade.
Ela observa que a cidade de Florianópolis, por exemplo, tem um plano de saneamento básico que tem um item de drenagem urbana, mas não é um plano específico de drenagem. É um plano que tem alguns elementos e tem norteado a prefeitura a estabelecer sua política de manejo de águas pluviais.
Pelo que a especialista fala, raras cidades de SC têm plano de manejo de águas pluviais. Ela observa que um projeto desses pode não ser caro porque muitas ações podem não se concentrar em fazer obras e canais, mas, sim, em adotar medidas não estruturais como normas e regramentos que podem ter resultados muito melhores do que obras em si. O plano estabelece regras para vazão de águas que deverão ser seguidas.
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Exemplo de Paris
Questionada sobre cidades do mundo que têm bom sistema de manejo de águas e de drenagem, a professora destacou que são muitas, mas citou o exemplo de Paris, cidade que conhece bem por ter feito pós-doutorado e residido por quase dois anos lá.
– Eu gosto do exemplo de Paris porque é uma cidade com políticas bem definidas. Eles percorreram um caminho longo de implementação de mecanismos e estão, hoje, num estágio já bastante avançado. Se destacam em drenagem sustentável, de estruturas sustentáveis, soluções baseadas na natureza o que torna a convivência com a água muito melhor. Os parques, as áreas verdes, as praças, todos espaços que servem para o manejo das águas e melhoram a ambiência da cidade. – explica.
Na avaliação da professora, Paris é referência mundial como cidade turística por oferecer mais opções que favorecem a qualidade de vida e o manejo adequado das águas é um dos elementos que contribui para essa qualidade. É uma cidade que convida as pessoas para caminhar porque tem parques e áreas verdes, inúmeros jardins e estruturas verdes que também ajudam a fazer o manejo de águas pluviais.
A cidade tem o plano Paris Pluie (Paris Chuva) um plano de manejo que visa aproveitar a água de chuva na área urbana. E desta forma, além do manejo das água urbanas cria outros serviços ecossistêmicos para a população.
Marco do saneamento
Outro assunto dessa área de cidades no Brasil é o marco regulatório do saneamento no país, que prevê a universalização dos serviços em 2033. Mas, na opinião da professora Alexandra Finotti, tudo indica que não será possível cumprir esse prazo porque o ritmo de investimentos está além do que foi previso quando se estabeleceu esta metao. Segundo ela, até 2014, esses investimentos em saneamento avançaram bastante tanto no Brasil, quanto em Santa Catarina. Depois, entraram num ritmo menor, por isso ela não acredita que será possível alcançar a meta até 2033.
Além da professora Alexandra Finotti, o 3º Fórum em Saneamento em Áreas Sensíveis realizado pelo Grupo Habitasul também contou com palestrantes e painelistas de diversas instituições públicas de Santa Catarina e empresas que falaram sobre esses temas, incluindo investimentos. O Grupo Habitasul faz a gestão do sistema de água e esgoto de Jurerê Internacional (SAE) e também integra o consórcio que detém a concessão do sistema de água e esgoto do município de Pomerode, no Vale do Itajaí.
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Especialistas dessa área, mesmo sendo professores universitários, podem colaborar com prefeituras na elaboração de planos para cidades por meio de consultorias ou outras formas de participação. Um plano pode ser acessível e, ainda, evitar evitar problemas graves em função de eventos climáticos.
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