A moda é um setor com força própria e impulsionada por quem faz, por isso tem uma sólida cadeia produtiva em SC. Evento catarinense que coloca os fornecedores do setor na vitrine, o ONDM – O Negócio da Moda celebrou 10 anos de trajetória na edição catarinense ao reunir mais de 20 mil visitantes no Expocentro de Balneário Camboriú, de 07 a 09 de outubro último. Por isso começa a próxima década com mais uma novidade: em 2026 o evento ONDM terá uma edição em Fortaleza, no Ceará, adianta o empresário, Ivan Jasper, diretor-executivo da Jasper, empresa realizadora do evento.

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Assim, o evento contará em 2026 com o ONDM Brasil em Balneário Camboriú nos dias 20, 21 e 22 de outubro, mais as edições de Goiânia nos dias 13 e 14 de maio, e a de Fortaleza no período de 21 e 22 de julho. Essa última será a edição do Nordeste, que tem sido itinerante. Em 2025 aconteceu em Caruaru e no ano de 2023, em Santa Cruz do Capiberibe, ambas em Pernambuco.  

Veja imagens do congresso e feira do ONDM Brasil 2025 em Balneário Camboriú:

Ivan Jasper, que idealizou e lançou o evento em 2015, destaca que o ONDM é resultado de um trabalho que percorre o Brasil de ponta a ponta, das missões técnicas no agreste pernambucano às histórias de confecção no sertão cearense, passando por referências internacionais como a Colômbia Tex.

O ONDM tornou-se vitrine para novas tecnologias, tendências e oportunidades de negócios, reforçando o protagonismo de Santa Catarina como polo estratégico da moda e aproximando empreendedores de todo o país. O evento tem apoio de grandes fornecedores. Um parceiro atual é a marca Creora, da multinacional coreana Hyosung, maior fabricante de elastano do mundo que tem fábrica em Araquari, Santa Catarina. Saiba mais sobre o ONDN na entrevista de Jasper, a seguir:

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O senhor poderia revelar o que está por trás do êxito de um evento de moda como o ONDM, que teve resultados acima das expectativas no Expocentro, em Balneário Camboriú?

– Na verdade, existe todo um processo de amadurecimento antes de chegar na feira em si. Durante todo o ano, eu fiz uma série de visitas a empresas fornecedoras de insumos, produtos, serviços, onde tinha meio de confecção, de moda, eventos, eu frequentei. Fui ao Paraguai, à Alemanha, à França, a Portugal. Fiz um trabalho muito forte contando histórias de confecção mundo afora.

Fui também na Colômbia, que tem um nicho de moda muito forte hoje. Lá existe uma feira chamada Colômbia Tex, que é a maior hoje da América Latina e que é inspiradora. E se a Colômbia faz, por que não o Brasil, não é mesmo? O ONDM, hoje, é um evento que ultrapassa os eventos físicos.

Eu não parei esse ano, fui em cada local inacreditável. Aqui no Brasil, tinha endereço que eu achava que, meu Deus, como é que vai ter alguma coisa lá? Um exemplo vem do sertão do Ceará, uma cidade de 13 mil habitantes chamado Frecheirinha, a 300 quilômetros de Fortaleza. Desses 13 mil habitantes, 4,5 mil estão na confecção, com carteira assinada.

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Cidade de pleno emprego, com foco em moda íntima, com valores agregados idênticos a marcas consagradas no mercado. É um Brasil continental de fato, e nós temos esse Brasil no ONDM. O sucesso, ele veio, mas é uma consequência de tudo que plantamos. Não foi uma coisa aleatória. 

E essas marcas desenvolvidas em outras regiões do país estiveram presentes no ONDM de Balneário Camboriú?

– Sim! Tivemos pessoas do Acre, de Manaus, do Nordeste como um todo então nem se fala, Sudeste, Sul. Temos muito a evoluir ainda, claro, mas podemos dizer que o evento está consolidado. O que acontece, por exemplo, é que no ano que vem nós teremos o ONDM em Goiânia e em Fortaleza, mas por mais que as pessoas participem em feiras em outros estados, Santa Catarina continua sendo o maior polo têxtil hoje.

Nós temos, aqui, desde o profissional que transforma o algodão no fio, até quem vende a peça final, sendo em um marketplace ou em uma loja. E quando fazemos um evento em Balneário, eles vêm para curtir, para aprender, para comprar na feira, mas eles têm muita coisa próxima para visitar.

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Eles acabam fazendo missão técnica. Então, por exemplo, o pessoal de Toritama, que é considerada a capital do jeans nacional. É uma cidade de 48 mil habitantes, mas que consome 17% de todo o tecido jeans do Brasil. Ela fica lá no interior do agreste de Pernambuco. Eles vieram na missão em mais de 10 empresários e aproveitaram para conhecer possíveis fornecedores. Nós organizamos visitas técnicas na RenauxView, em Brusque, uma das maiores empresas do mundo em tecido plano. De Balneário até Brusque dá 30 minutos.

Então o ONDM já está consolidado em várias regiões do Brasil?

– Bom, em Goiânia nós vamos para a terceira edição. Por que insistimos em fazer em Goiânia? Primeiro porque os expositores solicitam, segundo porque Goiânia tem se mostrado um mercado interessante. Têm surgido grandes nomes, grandes marcas em Goiânia. Um exemplo é a TXC Brand, uma confecção que está crescendo muito Brasil afora. É uma empresa que se posiciona como uma marca para o pessoal do agro.

Mas sendo o Brasil gigante, com um leque de quem se identifica com o agro, que tem uma música bem característica que é o sertanejo, a marca alcança um número enorme de consumidores até em centros urbanos que não têm uma ligação tão direta com a vida no campo.

Um outro fator, se formos analisar, está relacionado ao poder aquisitivo. Muito do financeiro do país está em Goiânia. Não por causa de Goiânia em si, mas porque ela é a capital do agro. É a capital do sertanejo. Atrai muita gente com dinheiro, com seus jatinhos, que gastam bastante em Goiânia e em seus shoppings. 

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Já Caruaru é a maior cidade do agreste do Pernambuco. São quase 400 mil habitantes. E os 54 municípios que rodeiam Caruaru trabalham muito na confecção. Então, o agreste de Pernambuco, quer seja Caruaru, Toritama, Santa Cruz do Capibaribe, se vamos para lá em janeiro é uma tristeza. Para contornar a seca, a máquina de costura virou saída. Mas eles evoluíram muito e Caruaru virou um grande polo hoje. 

E, depois de um ano muito bem trabalhado em todos esses lugares no Brasil inteiro, chegamos com o ONDM em Balneário Camboriú. Conseguimos um público recorde de 20.579 mil pessoas, o que consideramos um número muito interessante não só pela quantidade de participantes reunidos, mas pelo perfil do público. As pessoas vieram para fazer negócios.

Criamos uma dinâmica interna onde os expositores tinham direito a ingressos para relacionamentos, direito a convidados, e ele não dava para o primo que tem uma empresa, que é dentista, ele pegou o ingresso e distribuiu exatamente para quem é do meio. 

O que o ONDM oferece para a pessoa que vai ao evento?

– Nós expomos insumos, produtos ou serviços para indústria da confecção. Nós expomos soluções para moda. Apresentamos novos tecidos, tecidos tecnológicos, que não exalam odor, por exemplo. Tecido que dá uma sensação de 2 graus térmicos abaixo do que é a temperatura ambiente, ou, então, máquinas de costura já com inteligência artificial. Além disso, temos muito conteúdo no palco, palestras com pessoas que fazem acontecer dentro do mundo da moda.

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Tem máquina com IA?

– Existem, sim! Nós não chamamos mais de costureiras, e elas vão achar ruim, mas viraram operadoras. Um dos gargalos, hoje, no setor em Santa Catarina é que nós não temos mais mão de obra. Boa parte das empresas daqui está indo para o Paraguai, porque não temos mais pessoas para trabalhar.

Qual a importância do ONDM de Balneário Camboriú comparado as outras edições pelo país?

– O ONDM de Balneário Camboriú é o ONDM Brasil, é a matriz, digamos assim. Temos o ONDM Ceará, o ONDM Goiânia, mas aqui é o ONDM Brasil. E este ano tivemos um número recorde de expositores, foram 115 expositores comparado com 90 na edição passada. E no espaço que temos não conseguiria colocar mais expositores, essa é a realidade ainda para 2026. Em 2027 devo usar mais 50% do espaço que estou ocupando, daí consigo ampliar a feira.

O senhor tem uma ideia de como foram os negócios gerados no evento? Os juros altos afetaram?

– Não consigo fazer essa avaliação porque os negócios de uma feira não acontecem só na feira. Geralmente, as movimentações de compra de insumos, por exemplo, demoram uns seis meses. De maquinário, cerca de um ano, às vezes um ano e meio. As coisas não acontecem de imediato. O legal é pensar que muitas empresas usam o ONDM como vitrine, lançam novas coleções, e ocorre um fluxo muito grande, o Brasil inteiro comprando, e isso nos deixa muito felizes.

O senhor já definiu a data para a realização do ONDM em Balneário Camboriú no ano que vem?

– Sim, acontecerá nos dias 20, 21 e 22 de outubro. O formato deve continuar sendo mescla de conteúdo, de troca de conhecimento, de compartilhamento de conhecimento com essa parte da feira de negócios, que de fato ficou redondo.

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Temos, hoje, um acesso ilimitado à informação, e a necessidade de se filtrar o que se consome está cada vez mais presente. Nós fizemos, ao longo do ano, essa curadoria de uma forma muito assertiva em nossas redes sociais.

Temos nomes que vêm para o nosso palco que são midiáticos e outros não tanto, mas que nós sabemos que fazem acontecer. Falamos, também, de assuntos por vezes delicados, como a sucessão. Trouxemos alguns sucessores de grandes empresas têxteis do Brasil para falar sobre suas experiências pessoais e foi demais. 

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