Faltam apenas sete dias úteis para entrar em vigor o tarifaço de 50% a todos produtos brasileiros anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump no último dia 09 e o governo brasileiro ainda não iniciou conversações formais com o governo americano sobre o assunto. Na avaliação do presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar, o governo brasileiro está muito acomodado diante dessa situação preocupante.

Continua depois da publicidade

– O Brasil precisa tratar esse tema com muita seriedade, com muita diplomacia, mas com agilidade. Nós não estamos vendo isso. O que nós vimos até agora foram medidas muito tímidas, diante da gravidade e da celeridade do início da aplicação dessa tarifa – alertou Aguiar, ao destacar que isso dará um prejuízo muito grande para Santa Catarina e para o país.

O presidente da Fiesc chama a atenção sobre o fato de os Estados Unidos ter sido, nos últimos anos, o maior mercado das exportações do Estado. Em 2024, as vendas de SC ao mercado americano somaram US$ 1,74 bilhão.

– Esse é um novo desafio. Vejo com muita preocupação. O governo federal tem feito muito pouco. Acho que está muito acomodado. Essa é uma situação preocupante. E ela pode ainda ser pior, porque existem as seções 301 e a 232 que estão sob análise e que podem piorar ainda. O governo Trump tem tomado algumas medidas por impulso, e que são muito impactantes – disse Aguiar.

Para ele, toda sociedade, de alguma maneira, tem que estar envolvida nisso. Um exemplo são os fornecedores, os exportadores catarinenses ou brasileiros devem tratar com seus pares lá nos Estados Unidos, para que eles pressionem e mostrem ao governo americano que a aplicação dessas tarifas vai aumentar o custo para os americanos, gerando inflação.

Continua depois da publicidade

O presidente da Fiesc também concorda e recomenda que o Congresso Nacional deve negociar com o Congresso dos EUA. Além disso, segundo ele, o país precisa fazer uma boa diplomacia através da embaixada do país e do Ministério das Relações Exteriores. O governo elegeu o vice-presidente Alckmin como o interlocutor do governo brasileiro com o governo americano.

– Nós também recebemos muitos insumos importados dos Estados Unidos. E, se for aplicada a tarifa de reciprocidade, a coisa piora ainda. Porque muitos produtos nós exportamos recebem produtos dos Estados Unidos. Então, você tem uma dupla taxação – alertou o industrial.

Questionado se acha que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se envolver diretamente nas negociações, Aguiar disse que ele elegeu, de uma maneira correta, o vice-presidente Geraldo Alckmin para essa interlocução. Isso porque Lula não seria aceito por Trump porque ele manifestou, em alguns pronunciamentos, posições contrárias à política americana.  

– O governo brasileiro, de uma forma, na nossa visão, equivocada, começou a se aproximar de países não alinhados com os Estados Unidos. E também dando informações ou posicionamentos contrários à política americana. Um exemplo é criar uma moeda dos BRICs – comentou Aguiar, para quem o problema da tarifa de 50% é político porque o Brasil é um dos poucos países com déficit comercial com os EUA.

Continua depois da publicidade

Leia também

Indústrias de móveis e de madeiras de SC suspendem produção devido à tarifa de 50% dos EUA

Fiesc sugere a Alckmin negociações com os EUA sem retaliações

Líderes de multinacionais de SC que vendem aos EUA participam de reunião com ministros

Exportações de pescados de SC aos EUA via portos estão suspensas e por avião seguem até agosto

Importadores dos EUA cancelam os contratos de compra de móveis de SC com alíquota de 50%