O setor pesqueiro catarinense enfrenta impacto direto do tarifaço do presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que definiu tarifa de 50% para produtos brasileiros. Cerca de 12 empresas que exportam ao mercado americano por via marítima já cancelaram totalmente os embarques. Uma empresa informa que deixará de embarcar 12 contêineres esta semana aos EUA. Apenas uma pesqueira que usa transporte aéreo seguirá fazendo entregas até antes do início de agosto, por mais duas semanas e meia.
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Santa Catarina é líder nas exportações aos Estados Unidos em produtos de pesca extrativa, aquela feita diretamente no mar. Entre os peixes mais vendidos ao mercado americano estão corvina, atum, sardinha, gordinho e meca.
Veja imagens sobre o setor de pesca de Itajaí e Navegantes em SC:
A região de Itajaí e Navegantes, em Santa Catarina, integra o maior polo pesqueiro do Brasil. Emprega cerca de 60 mil pessoas direta e indiretamente. Um empresário do setor informa que, se esse impasse tarifário com os EUA não for resolvido logo, em cerca de um mês ou dois as empresas terão que iniciar a redução do quadro de empregados.
O presidente do Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), Agnaldo Hilton dos Santos, destaca que há anos os EUA são o maior mercado de exportações de pescados de Santa Catarina. Em 2024, do total faturado com exportações, 33% vieram do mercado americano e, no primeiro semestre deste ano, 26% tiveram origem no mesmo mercado.
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O faturamento do setor nos EUA, ano passado, alcançou US$ 13,18 milhões e um total de US$ 39,94 milhões em exportações. No primeiro semestre de 2025, as vendas aos EUA somaram US$ 5,80 milhões, sendo 26,3% dos US$ 22,08 milhões do total de exportações.
– Considerando as exportações brasileiras de pescado aos EUA, Santa Catarina responde por 30% das vendas de tilápia, 66% de corvina, e quase 100% de espadate, peixe nobre também chamado Meca – destaca o presidente do Sindipi.
Segundo dados da balança comercial brasileira, em 2024 o país obteve receita de US$ 400,35 milhões com exportações de pescados e, desse total, US$ 224,29 milhões foram para os Estados Unidos, o equivalente a 56%. No primeiro semestre de 2025, as exportações do país do setor somaram US$ 196,57 milhões e US$ 111,44 milhões foram vendas ao mercado americano, 56,7% do total.
De acordo com o presidente do Sindipi, a tarifa de 50% dos Estados Unidos causa um impacto grande no setor e mostra que é preciso buscar novos mercados. Um deles é o europeu.
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– Estamos trabalhando para abrir o mercado europeu, que é bem avançado, diferenciado, para a gente que possa, cada vez mais, tirar um pouquinho do foco dos americanos. Fizemos, recentemente, um webinar (reunião virtual) com a Itália. Eles vão vir numa missão de 20 a 23 de outubro. O meu barco, por exemplo, já está auditado pelo Reino Unido para fazer exportações. O mercado europeu é importante para o Brasil – explica Agnaldo Hilton dos Santos.
Mas com o cancelamento de vendas aos Estados Unidos ainda não será possível transferir as exportações ao mercado europeu porque ainda estão negociando. O presidente da França, Emanoel Macron, está impondo mais resistências, explica ele.
O secretário de Estado de Pesca e Aquicultura de Santa Catarina, Tiago Bolan Frigo, afirma que como o mercado europeu segue fechado para pescados brasileiros, o mercado americano é muito significativo.
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