Apesar de estar enfrentando obstáculo jamais esperado de um tarifaço de 50% dos Estados Unidos e de um ano de juros altos no Brasil, a indústria catarinense está fechando 2025 com crescimento acima do esperado e acima da média brasileira. Teve alta de 2,8% até outubro enquanto o Brasil cresceu 0,8%. Em entrevista sobre o setor na tarde desta quarta-feira (10) a Federação das Indústrias de SC (Fiesc) explicou as razões dos resultados em 2025 e traçou cenário positivo para 2026 em função de diversos fatores.

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O presidente da Fiesc, Gilberto Seleme, destacou que pelo menos quatro fatores vão favorecer o crescimento do setor industrial catarinense no próximo ano. No mercado interno, ele disse que o setor será favorecido pela redução dos juros básicos da economia no primeiro semestre e pela isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

No cenário externo, de acordo com o empresário, o impulso das exportações virá com o acordo Mercosul e União Europeia e, também com o fim do tarifaço dos Estados Unidos, que ele acredita que deve ocorrer pelas negociações entre os dois países. Além disso, a indústria de SC vai investir mais que a média brasileira em 2026.

– A indústria catarinense vai seguir investindo porque está bem-posicionada nos mercados nacional e internacional e por isso têm um crescimento contínuo. E como ela tem toda infraestrutura e trabalhadores qualificados no estado, ela aumenta a produção aqui. Um exemplo é a WEG, que começou a investir mais de R$ 1 bilhão em Santa Catarina. Temos outras indústrias também construindo novas fábricas e enfrentando falta de trabalhadores qualificados. O estado tem indústrias com produtos diferenciados, com tecnologia, competitivos no mundo todo, por isso elas seguem investindo – explicou Seleme.

Outro fato que chamou a atenção na indústria de SC foi o crescimento acima da média nacional de produção em 2025 apesar do tarifaço que segue impactando alguns setores estratégicos. Essa expansão aconteceu pela dinâmica próprias da economia do estado, ressaltou o economista-chefe da Fiesc, Pablo Bittencourt.

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– A indústria de Santa Catarina cresceu mais forte por um fator que é muito aqui do estado que é uma atividade de construção civil muito forte. Essa construção demanda muito produto de metal, cerâmica e outros produtos que são fabricados aqui em Santa Catarina. O setor em SC cresce mais rápido e continuamente por vários anos em relação a outras economias. Um segundo fator é a integração com a economia argentina, que compensou em diversos segmentos uma atividade mais fraca para dentro do Brasil. E aí tem um último elemento, que são os segmentos que estão sendo incentivados pela política industrial brasileira. Um deles são os automóveis de maior eficiência energética – explicou Bittencourt.

O presidente da Fiesc, apesar das dificuldades atuais, disse estar otimista de que a diplomacia brasileira vai colaborar para que os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, Lula e Donald Trump, anunciem um acordo com redução do tarifaço para breve. Segundo ele, a expectativa é de que quando a construção civil dos EUA retomar e a madeira ficar cara por lá, o governo americano vai reduzir a taxação desse produto do Brasil como fez com o café, a carne bovina e sucos.

– Nós, da Fiesc, estamos junto com a CNI, que é o nosso órgão maior, tentando convencê-los de que para Santa Catarina e para o Brasil o tarifaço está sendo prejudicial. Estamos mostrando para os americanos que o tarifaço aumentou o custo de vida deles também, porque essa política dos Estados Unidos de mandar embora a mão de obra ilegal também aumenta custos lá – observou o presidente da Fiesc.

Além dos EUA, a Fiesc vê cenário favorável no mercado internacional por diversos fatores. A presidente da Câmara de Comércio Exterior da entidade, Maria Teresa Bustamante, destacou o acordo Mercosul e União Europeia que vai entrar em vigor no primeiro semestre do ano que vem. Além disso, segundo ela, existe um esforço da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do governo de SC para apoiar na busca de mercados para a diversificação de exportações. A InvestSC está abrindo escritórios em Nova York e Xangai. E a CNI está abrindo em Dubai, Munique, Nova York e na Índia.

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