Após conseguir evitar, por pelo menos três anos, a chegada de gripe aviária de alta patogenicidade, o Brasil registrou o primeiro caso em produção comercial no Rio Grande do Sul, confirmado na última sexta-feira (16). Além disso, o Ministério da Agricultura informa que existe um caso suspeito em propriedade comercial de Ipumirim, Santa Catarina, e também outros, em outras regiões do Brasil, que estão sendo investigados. Se o problema se restringir ao caso gaúcho, deve haver redução temporária de preços de carne ao consumidor e o setor agroindustrial não será afetado. Mas surgirem novos casos, o impacto nas exportações será maior, podendo afetar o resultado de agroindústrias.

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Uma fonte da coluna informou que o caso de Ipumirim, no Oeste de Santa Catarina, pode não se confirmar pelas características da ocorrência. SC já tem um sistema de prevenção rigoroso para gripe aviária, mas desde a confirmação no Rio Grande do Sul, estado vizinho, as autoridades sanitárias catarinenses e as agroindústrias reforçaram a prevenção.

Gripe aviária é preocupação no Brasil

Uma primeira consequência do caso gaúcho, seguindo o protocolo internacional, foi a suspensão das exportações para diversos mercados. As vendas até a manhã desta segunda-feira foram suspensas para a União Europeia e mais oito países: Argentina, Chile, Uruguai, México, Canadá, África do Sul e Coreia do Sul.  

Como a produção de frango é contínua, não pode ser parada de repente, haverá uma maior oferta do produto no mercado interno e isso deverá levar à redução de preços ao consumidor. É uma boa notícia porque, embora o preço dessa proteína seja um dos mais acessíveis, ele tem subido gradativamente nos últimos meses e a expectativa era de alta em função do aumento das exportações devido à elevada demanda internacional pela sanidade diferenciada do Brasil até então.

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Na avaliação do presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats), Alexandre Simioni, com o embargo ao produto brasileiro por parte de alguns países, em especial pela China, que é grande comprador, vai sobrar produto no mercado interno e poderá levar à redução de preços.

– Então, a gente espera que em 15 dias os preços do frango comecem a baixar e nós (supermercados) consigamos oferecer um preço mais competitivo ao consumidor. E, querendo ou não, se cai o preço do frango, o cliente migra para esse produto e faz com que os preços de carne bovina e suína também recuem – explica Simioni.

A carne de frango é a mais consumida no país. No ano passado, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o consumo per capita ficou em 45,5 quilos, seguido pela carne bovina com 26 quilos per capita segundo dado da Conab e da carne suína com 18,6 quilos per capita.

Se o problema ficar restrito a esse caso gaúcho, a retomada das exportações a países que suspenderam as vendas pode ser em até dois meses, mas pode acontecer antes, em um mês. Nessas duas alternativas, o setor não deverá ser prejudicado financeiramente.

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Mas se ocorrerem outros casos e a situação sanitária do Brasil ficar mais difícil, as agroindústrias terão que reduzir a produção em função da queda das exportações. Isso deverá afetar a atividade econômica, como a oferta de empregos e os resultados das empresas.

O Brasil é um grande produtor de carne de frango e, também, um grande consumidor. No ano passado, segundo a associação do setor, o país produziu 14.972 milhões de toneladas e exportou 5.295, o que chega a 35,4% do total produzido. SC é o segundo maior exportador. No ano passado, vendeu ao exterior 1,167 milhão de toneladas, atrás apenas do Paraná.

De acordo com a ABPA, os mercados que mais compraram proteína de frango do Brasil em 2024, na ordem, foram: China, Emirados Árabes Unidos, Japão, Arábia Saudita, África do Sul, Filipinas, União Europeia, México, Iraque e Coreia do Sul.

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