Após estudos cautelosos, a Petrobras anunciou nesta terça-feira sua nova política de preços dos combustíveis no país, sucedendo o PPI (Paridade de importação), que foi bem recebida pelos principais públicos envolvidos. Ela dá ao consumidor uma tranquilidade de que os preços não vão subir todas as semanas e passa confiança aos investidores de que seguirá diretrizes do conselho de administração. Fontes ouvidas pela coluna antes de a Petrobras anunciar a redução dos preços nesta terça, explicaram que viam oportunidade de reduções em função do cenário internacional.
Continua depois da publicidade
Receba notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp
A decisão recebe atenções de todos os lados porque o preço dos combustíveis é uma das principais despesas das famílias direta ou indiretamente e um dos responsáveis pelas variações da inflação. Além disso, a estatal já foi abalada pela corrupção do Petrolão e a influência em reajustes foi usada politicamente por diversos governos para conter a inflação, entre os quais, os de Jair Bolsonaro e Dilma Rousseff.
O presidente Lula, insatisfeito com os constantes reajustes e com o lucro astronômico da companhia – R$ 188 bilhões em 2022 – prometeu nova política de preços no seu governo.
As mudanças incluem considerar não só os impactos internacionais do dólar e dos preços do petróleo, mas também a produção interna, capacidade de refino e o consumidor. Isso já tinha sido sinalizado dias atrás pelo presidente da companhia, Jean Paul Prates.
Continua depois da publicidade
Para o conselheiro da Petrobras Marcelo Gasparino, um dos representantes dos acionistas minoritários na companhia, as mudanças eram esperadas, seguem a diretriz do conselho de administração e também da Lei das Estatais, de 2016, quando essas empresas passaram a ser bem melhor administradas no Brasil.
Segundo ele, essa mudança de política de preços consiste basicamente em seguir o preço de exportação e não o de importação de petróleo. Por isso vai permitir reduzir, em média, 10% os preços dos combustíveis.
– Não tivemos nenhuma mudança significativa na política de preços. A gente passou de uma paridade de importação para uma paridade de exportação. O que a gente não consegue refinar no Brasil estamos exportando. Então, essa diferença conceitual entre paridade de importação para a paridade de exportação gira em torno de 10% para baixo. Eu acho que o resultando da adoção dessa nova política será uma redução de preços em torno de 10% do que é praticado hoje – afirmou Gasparino.
O conselheiro destacou ainda que a nova política de preços segue a diretriz de formação de preços de derivados de petróleo e de gás natural no mercado interno, elaborada com a participação dele e aprovada pelo conselho da companhia em julho de 2022.
Continua depois da publicidade
Essa diretriz afirma, entre outras medidas, que na execução das políticas de preços, buscando maximizar a geração de valor para companhia, a diretoria executiva deverá acompanhar a evolução do mercado brasileiro de derivados de petróleo (considerando, por exemplo, o efeito da venda de ativos de refino), dos produtos substitutos e a atuação dos importadores, tendo como principal balizador de preço competitivo o equilíbrio dos preços da Petrobras com os mercados nacional e internacional.
O empresário Paulo Chiodini, CEO da Agricopel, distribuidora de combustíveis de Jaraguá do Sul (SC) e também acionista da Shell Raízen, que importa combustíveis, considerou inicialmente o comunicado pouco claro, mas afirmou que o momento de preço internacional tem uma janela diferente, que permite redução. O diesel, no exterior, está R$ 0,40 mais em conta do que a Petrobras está praticando.
– Na virada do mês teremos a entrada em vigor da monofasia na gasolina, vai ter um impacto de aumento de ICMS (valor fixo único no país) que a gente estima que deve haver uma redução do preço da gasolina para ficar mais próximo do preço internacional. E no diesel deve haver uma redução de preços pela competitividade mesmo. Então, eu acho que a Petrobras vai seguir o modelo de olhar o mercado internacional, olhar as oportunidades de manter o equilíbrio financeiro para os investimentos e também protegendo o mercado – avaliou Paulo Chiodini.
Para ele, essa nova política deu mais flexibilização para o comitê de preços buscar o equilíbrio com preços internacionais e fazer resultado. Mas ele considerou que no comunicado falta clareza sobre como a empresa vai proceder nos casos de aumento e redução dos preços do petróleo. Ele acredita que dará mais estabilidade aos preços, mas lembra que o mercado é curto no caso do diesel porque o país precisa importar 30% do diesel que consome.
Continua depois da publicidade
Até o início da tarde desta terça-feira, o mercado financeiro mostrou que recebeu bem as novas medidas, especialmente a decisão de manter preços de mercado, apesar dos novos parâmetros. As ações tiveram leve queda quando foi informada a redução de preços. Mas o que se espera é que, no futuro, o uso político dos preços dos combustíveis seja bem mais restritos porque a conta do valor do combustível precisa ser paga e o consumidor não pode ser penalizado.
Leia também
ArcelorMittal Vega conclui primeira etapa de expansão bilionária em SC
Retenção de IR de empresas vai ampliar em R$ 130 milhões a receita estadual
Dos desafios da pandemia aos do plano diretor: gestão de Rossoni à frente da Acif
Grupo CRH, dono da Tigre, lança projeto para “Campo Alegre ser nova Gramado”
“Nossa gestão terá foco no associado”, diz Célio Bernardi, novo presidente da Acif